|
Palavras, expressões e conceitos de A a Z
"facies"
Aspecto, semblante, expressão.
fac-símile Aportuguesamento, acentuado
e sem aspas, da expressão latina "fac simile". Reprodução
exacta de uma assinatura, um escrito, desenho ou gravura.
factor humano O factor humano é essencial
numa informação que se quer viva, e não um repositório anódino e
descolorido de acontecimentos e situações. O PÚBLICO aposta na personalização
dos factos, sem pretensiosismos psicologistas, antes com a arte
de saber contar histórias. Uma reportagem sobre um grande tema será
muito mais apelativa se se centrar num caso pessoal concreto, em
vez de se perder numa generalização anónima. Cf. humanizar.
factos A informação no PÚBLICO, rigorosa,
completa e fundamentada, assenta sobre factos (e não sobre rumores)
e são os factos que estruturam o "lead" noticioso. E não
dispensa o enquadramento básico dos factos, o "background",
e a sua relação com outros que os condicionem. Há três níveis essenciais
na construção das peças: a apresentação dos factos a informação;
o relacionamento desses factos entre si a interpretação;
e o juízo de valor sobre esses factos a opinião.
"fait-divers" São normalmente
matérias de "faits-divers" as que valem pelo interesse
pessoal, a originalidade, a curiosidade ou até mesmo a expectativa
e o "suspense" inerentes.
falamos / falámos Nós falamos (pres.
indic.) todos os dias um com o outro. Ontem falámos (pret. per.
indic.) horas ao telefone.
fatal Um acidente pode ser fatal, as
vítimas não.
"fatwa" Decreto religioso
islâmico. Cf. Dic.
islâmico, Religiões.
"feature" Em linguagem de
agência, serviço de antecipação sobre acontecimentos agendados.
Qualquer história que não pode ser notícia, em sentido estrito,
mas é oportuna e interessante. Também se utiliza a palavra para
designar o elemento mais importante ou interessante de uma história,
que pode ser um perfil, um caso humano, uma entrevista, etc.
febre-amarela
fecho As horas e os prazos de fecho
têm de ser rigorosamente cumpridos para que o jornal seja distribuído
às 7h00 em Lisboa e no Porto...
ferro-velho, ferros-velhos
fichas da lei Sobre questões como a
reserva da vida
privada, direito à imagem, direito à palavra, difamação,
segredo de justiça,
processo penal, segredo
profissional e direitos
de autor, ver Fichas da Lei.
fidelidade A fidelidade das opiniões
recolhidas e a exactidão no relato dos factos são condições para
a objectividade jornalística, entendida no PÚBLICO como um valor-limite
e uma meta que se procura alcançar todos os dias.
Filhó
(substantivo fem. singular) a esta forna corresponde
o plural "filhós"
Filhós
(substantivo fem. singular) a esta forma corresponde
o plural "filhoses"
fim-de-semana
"fin de siècle"
"fiqh" Cf. Dic.
islâmico, Religiões.
flexão Dadas as muitas particularidades
da flexão dos verbos em português, é aconselhável a consulta regular
de um dicionário de verbos conjugados. Cf. Verbos.
fluido/a O substantivo e o adjectivo
não são acentuados, só o part. pass. do verbo "fluir".
fogo-de-artifício
fogo-fátuo
folha-de-flandres Não leva maiúscula,
como bola-de-berlim, água-de-colónia, tinta-da-china
fontes 1. Só pode ser considerada
fonte a pessoa a quem o PÚBLICO reconhece competência e seriedade
para prestar a informação. Na avaliação de uma informação pondera-se
o seu valor intrínseco, a possibilidade de a comprovar e a idoneidade
da fonte. Nenhuma notícia deve sair a público sem absoluta confiança
na fonte de origem ou a devida confirmação (duas fontes diferentes
e independentes entre si). 2. A fonte deve ser identificada
com a maior precisão possível nome, idade e profissão, cargo
ou função e uma fonte documental deve ser devidamente descodificada.
"Segundo as nossas fontes" é expressão banida nas páginas
do PÚBLICO o jornal assume as suas notícias e responsabiliza-se
por elas. 3. Uma fonte é quase sempre parte interessada e
o jornalista tem de ter o cuidado de não se deixar instrumentalizar.
Os jornalistas do PÚBLICO devem alimentar uma relação assídua com
as suas fontes de informação, contactos regulares, boas relações
em postos-chave e iniciativa junto de entidades que possam constituir-se
como fonte de informação e/ou ponto de partida para uma investigação
jornalística. O recurso ao contacto telefónico não deve substituir
o contacto personalizado e exclusivo. Todo o incidente com fontes
de informação, oficiais ou particulares, que ponha em causa a independência
do jornalista na relação com a fonte deverá ser imediatamente comunicado
à Direcção do jornal. 4. Nos casos de natureza militar, política,
ideológica ou partidária e de ordem económico-financeira, é indispensável
o recurso à pluralidade das fontes e a investigação, para garantir
a objectividade. 5. A fonte pode autorizar a sua identificação
ou impedi-la exigência de anonimato. Pode autorizar a divulgação
da informação que presta ou impedi-la "off the record".
O jornalista não deve aceitar com facilidade tais compromissos em
assuntos em que a fonte nada tem a temer. Cf. anonimato e
"off the record". Se obteve informações não atribuíveis,
mas pôde confirmá-las, o jornalista deve ponderar se está em condições
de assumi-las e publicá-las, sem recurso a fórmulas vagas, do género
"fonte próxima de". O sigilo só deve ser admitido em último
recurso e quando não há outra forma de obter a informação ou a sua
confirmação. Só nesse caso pode utilizar-se a fórmula "uma
fonte do organismo X que solicitou o anonimato". Nos casos
em que se visa proteger o informador, o PÚBLICO fá-lo de forma cuidada,
mas não enganosa, com rigor e seriedade. Cf. segurança. 6.
Uma declaração ou um comentário nunca devem ser atribuídos a
fontes anónimas. Opiniões, o PÚBLICO só reproduz as que forem atribuíveis
a fontes claramente identificadas. 7. Para informações recolhidas
de telexes que citam outras fontes escritas (outro jornal, por exemplo),
a regra é atribuí-las à fonte original. Mas só quando se trata de
fontes escritas: outras fontes citadas por agências devem ser sempre
referidas a par da agência. 8. A recolha de informações,
testemunhos ou simples opiniões, incluindo a imagem fotográfica,
deve depender sempre de uma garantia: que não existe qualquer constrangimento
ou limitação artificial, de ordem emocional, psicológica ou até
física, das pessoas envolvidas. 9. Em nenhumas circunstâncias
o PÚBLICO e os seus jornalistas se desobrigam do respeito pelo sigilo
profissional e pela protecção das fontes, quaisquer que sejam as
consequências legais daí resultantes. Cf. Fichas
da Lei.
for Palavra não acentuada. Ex.: Se eu
for à festa, telefono-te.
fora Nem a(s) formas verbais nem o advérbio
são acentuados. Ex.: Vou estar fora duas semanas. Não fora a sua
perspicácia e teríamos caído no logro. Não fora eu e ninguém teria
dado pelo engano.
fora-de-jogo
Forças Armadas Sobre graus e cargos
da hierarquia dos três ramos das Forças Armadas, cf. hierarquias,
p. 338.
foro Palavra não acentuada. Ex.: Isso
é assunto do foro íntimo.
fórum Aportug. de "forum"
(lat.), com acento, sem aspas. Não é o mesmo que foro.
foto- Sem hífen: fotocopiar, fotoeléctrico,
fotossíntese.
fotografia 1. Componente básica
do estilo informativo e gráfico do jornal, a fotografia não é, para
o PÚBLICO, um género menor ou um mero suporte ilustrativo, mas um
contraponto informativo e dramático do texto. No PÚBLICO, o conjunto
do título e antetítulo, entrada, "lead" e fotografia deve
ter unidade, coerência e eficácia informativa. A importância dos
acontecimentos e as suas potencialidades fotográficas determinam
a agenda dos serviços fotográficos. Situações imprevisíveis de paginação
impõem, por vezes, soluções de recurso, mas deve evitar-se a utilização
da fotografia como "tapa-buracos". 2. Elemento
essencial na arquitectura das páginas, é preferível valorizar uma
fotografia, em detrimento da disseminação de fotografias. A utilização
de blocos de fotografias deve respeitar a complementaridade entre
as imagens, evitando a sobreposição. Diálogo dinâmico entre fotos
e texto quer dizer que a fotografia não pode reduzir-se a um mero
efeito formalista nem ser utilizada apenas porque é original, embora
desfasada do texto. A autonomia da fotografia é total nas fotonotícias,
porque é nelas que se concentra a informação, mas não é admissível,
por maior que seja a qualidade de uma fotografia, paginá-la junto
a um texto cujo conteúdo não tem nada a ver com a expressão da imagem.
Os enquadramentos originais das fotos devem ser respeitados, excepto
se manifestamente inviável por razões de paginação. O PÚBLICO privilegia
a dimensão informativa e dramática das fotografias, mas não prescinde
da sua utilização simbólica e de sinalização gráfica (p. ex., nas
capas dos suplementos) ou puramente documental (grandes planos a
uma coluna para identificação de personagens, para atenuar a aridez
do texto, ou ainda por necessidade absoluta de preencher um espaço).
3. Nas situações mais ritualizadas e em que se procure o
ângulo inesperado ou um pormenor significativo, não se pode cair
na deformação caricatural das situações ou personagens. Em todas
as circunstâncias deve ser ponderada a diferença estética e ética
entre uma imagem original e insólita e a facilidade da caricatura.
As situações de pose têm que ser claramente definidas num contexto
específico (um perfil, uma reportagem centrada numa personagem e
no ambiente onde vive, um conjunto de retratos sobre personagens
em foco). 4. As legendas contêm sempre um elemento identificador
de pessoas ou situações. Cf. legenda. 5. Ao obter
uma imagem fotográfica, tal como na recolha de informações, testemunhos
ou simples opiniões, deve-se assegurar sempre que não existe qualquer
constrangimento ou limitação artificial, de ordem emocional, psicológica
ou até física das pessoas envolvidas. 6. A identificação
(nomes ou fotos) de vítimas de crimes sexuais ou de delinquentes
menores é violação da privacidade. A ilustração fotográfica indevida,
com utilização de rostos identificáveis de pessoas estranhas a um
assunto, por exemplo num artigo sobre corrupção, é violação da vida
privada. Cf. Direito
à imagem, Fichas da Lei. Fotografias tiradas em locais privados
ou mesmo públicos, se estiver em causa a reserva da intimidade do
visado, só podem ser publicadas com a sua autorização expressa.
fotógrafos Cf. repórter fotográfico.
fotonotícia É uma notícia que está numa
foto com actualidade (fotos de arquivo nunca servem à fotonotícia),
sendo a notícia desenvolvida num texto breve que acompanha a foto.
Na Redacção é frequente e algo impropriamente designada por fotolegenda.
Cf. "lead", antetítulos, títulos, subtítulos, entradas,
fotos, legendas, assinaturas.
francês
franco-atirador Na
acepção militar, qualquer atirador que aja de forma
independente, não integrado numa força militar regular
ou numa operação militar. Em sentido figurado, qualquer
pessoa que não se submeta à disciplina de um grupo
e prefira agir por conta própria.
frase A vivacidade de um texto jornalístico
depende da exploração dos efeitos de descontinuidade, de suspensão,
dos cortes rápidos na narrativa. Um texto jornalístico não deve
ter frases que ultrapassem a leitura de uma ideia, um conceito,
uma sugestão, uma informação singulares. E um parágrafo não deve
acumular informações que excedam o contraponto entre dois ou três
desses elementos (até ao máximo de 500 caracteres). Preferir a frase
afirmativa e o estilo directo, recusar a imprecisão e a ambiguidade
devem ser preocupações sempre presentes na redacção de um texto
jornalístico. A sequência lógica de uma frase em português (sujeito-predicado-complemento)
facilitará sempre a fluência e compreensão da mensagem jornalística.
É aconselhável em particular para os temas e assuntos de maior complexidade
informativa. Verbos de preferência no modo indicativo, na voz activa
e nas formas simples e afirmativas; as formas condicionais, compostas,
passivas e perifrásticas ou negativas prejudicam e desvalorizam
o estilo directo do PÚBLICO.
frases feitas Lugares-comuns, estereótipos
e tiques de linguagem. Além de demonstrarem falta de imaginação
e de criatividade, não agarram o leitor para a leitura de um texto.
Alguns dos chavões que são de evitar na linguagem jornalística:
"a vizinha Espanha", "nuestros hermanos", "acontecimento
espectacular", "acontecimento feliz", "ampla
oportunidade", "acalorada discussão", "as verdades
devem ser ditas", "branco como a neve", "carreira
brilhante", "claro como cristal", "briosa corporação",
"destino fatal", "deusa da fortuna", "dormir
sobre os louros da vitória", "duelo de gigantes",
"infausto acontecimento", "ilustre visitante",
"atrocidade brutal", "moldura humana", "numeroso
público presente", "ocasião festiva", "perda
irreparável", "ponto da situação", "profissional
do volante", "razões de peso", "retirada honrosa",
"sacrifício supremo", "sexo forte/fraco", "ruído
ensurdecedor", "tapete verde" , "um número impressionante",
"titular daquela pasta", "última morada", "verdade
eterna"... N.B. Mas há expressões vivas, imaginativas,
engraçadas e que introduzem cor, com uma certa informalidade: "mais
morto que vivo", "suar as estopinhas", "com
uma perna às costas", "em menos de um fósforo", "enquanto
o Diabo esfrega um olho", "não ser tido nem achado",
"sem tir-te nem guar-te"
fratricídio
"free lance" O m.q. "free-lancer";
jornalista que trabalha por conta própria e propõe os seus trabalhos
aos meios de comunicação.
frente Não confundir "em frente
de" e "frente a": Manifestaram-se em frente do ministério;
Revelou coragem frente ao (perante o) inimigo.
frete O jornalista deve recusar o papel
de mensageiro de notícias não confirmadas, boatos, "encomendas"
ou campanhas de intoxicação pública. Por isso, também, é um princípio
de conduta profissional que todas as despesas de reportagem, contactos
ou deslocações sejam suportadas pelo jornal. Do mesmo modo que os
jornalistas do PÚBLICO não aceitam presentes, viagens, convites
ou benesses de qualquer género que possam condicionar a sua independência.
Fulano Quando em vez do nome, em caixa
alta.
função pública Em caixa baixa.
fundamentalismo Cf. Dic.
islâmico, Religiões.
furo Notícia em primeira mão, cacha;
termo preferido pelos brasileiros, enquanto os anglo-saxónicos lhe
chamam "scoop". Cf. cacha.
futebolês Uso sistemático de expressões-muleta,
algumas ridículas, que redundam numa linguagem pobre e estereotipada,
quando se escreve sobre futebol. Use-se uma linguagem mais variada
e que mais leitores compreendam. Não se escreva, por exemplo: "apostado
em ganhar", "direccionar", "denotar sentido
de baliza", "progressão", "denunciar fome de
bola", "intenção de flanco", "impedido de penetrar
na área adversária", "faltou objectividade atacante",
"moldura humana" , "muita ofensividade", "milita
nos escalões cimeiros", "averbar uma clamorosa derrota",
"primodivisionário", "contra-ataque venenoso",
"postura em campo", "posicionamento", "trabalho
ao nível do entrosamento", "tirar do caminho da bola",
"tapete verde".
futuro Sempre que possível, o jornalista
deve trabalhar por antecipação e preparar o leitor para aquilo que,
nesse dia ou nos dias seguintes, vai acontecer. O jornalismo é informação
sobre o que acontece, o passado imediato, mas pode e deve ser também,
e cada vez mais, informação sobre o futuro próximo, permitindo ao
leitor estar o mais actualizado possível sobre os factos no momento
em que eles acontecem. Esta atitude perante a actualidade
mais futuro, menos passado reflecte-se obviamente na construção
dos textos, estimulando a agressividade informativa do jornal.
|