ÍNDICE
  Guia de leitura
 
  PARTE I
 
  Ética e deontologia
  Estatuto editorial
  Princípios e normas de
  conduta profissional
  Informar sem manipular,
  difamar ou intoxicar
  Privacidade
  e responsabilidade
  Seriedade e credibilidade
  O jornalista não é
  um mensageiro
 
  Critérios, géneros
  e técnicas
  Os factos e a opinião
  Regras de construção
  O rigor da escrita
  A fotografia
  A publicidade
 
  PARTE II
  Alfabeto do PÚBLICO
  Palavras, expressões e   conceitos
  A B C D E F G H I J K L M N
  O P Q R S T U V W X Y Z
 
  Normas e nomenclaturas
  Acentuação
  Verbos
  Maiúsculas & minúsculas
  Topónimos estrangeiros
  Siglas
  Factores de conversão
  Hierarquias (militares e   policiais)
  Religiões
 
  ANEXOS
  Fichas da lei
  Projecto PÚBLICO
  na Escola
  Regulamento do Conselho de
  Redacção do PÚBLICO
  Estatuto do Provedor
  do Leitor do PÚBLICO
  Código Deontológico
  do Jornalista
 
  


Palavras, expressões e conceitos de A a Z

 

   

"facies" — Aspecto, semblante, expressão.

fac-símile — Aportuguesamento, acentuado e sem aspas, da expressão latina "fac simile". Reprodução exacta de uma assinatura, um escrito, desenho ou gravura.

factor humano — O factor humano é essencial numa informação que se quer viva, e não um repositório anódino e descolorido de acontecimentos e situações. O PÚBLICO aposta na personalização dos factos, sem pretensiosismos psicologistas, antes com a arte de saber contar histórias. Uma reportagem sobre um grande tema será muito mais apelativa se se centrar num caso pessoal concreto, em vez de se perder numa generalização anónima. Cf. humanizar.

factos — A informação no PÚBLICO, rigorosa, completa e fundamentada, assenta sobre factos (e não sobre rumores) e são os factos que estruturam o "lead" noticioso. E não dispensa o enquadramento básico dos factos, o "background", e a sua relação com outros que os condicionem. Há três níveis essenciais na construção das peças: a apresentação dos factos — a informação; o relacionamento desses factos entre si — a interpretação; e o juízo de valor sobre esses factos — a opinião.

"fait-divers" — São normalmente matérias de "faits-divers" as que valem pelo interesse pessoal, a originalidade, a curiosidade ou até mesmo a expectativa e o "suspense" inerentes.

falamos / falámos — Nós falamos (pres. indic.) todos os dias um com o outro. Ontem falámos (pret. per. indic.) horas ao telefone.

fatal — Um acidente pode ser fatal, as vítimas não.

"fatwa" — Decreto religioso islâmico. Cf. Dic. islâmico, Religiões.

"feature" — Em linguagem de agência, serviço de antecipação sobre acontecimentos agendados. Qualquer história que não pode ser notícia, em sentido estrito, mas é oportuna e interessante. Também se utiliza a palavra para designar o elemento mais importante ou interessante de uma história, que pode ser um perfil, um caso humano, uma entrevista, etc.

febre-amarela

fecho — As horas e os prazos de fecho têm de ser rigorosamente cumpridos para que o jornal seja distribuído às 7h00 em Lisboa e no Porto...

ferro-velho, ferros-velhos

fichas da lei — Sobre questões como a reserva da vida privada, direito à imagem, direito à palavra, difamação, segredo de justiça, processo penal, segredo profissional e direitos de autor, ver Fichas da Lei.

fidelidade — A fidelidade das opiniões recolhidas e a exactidão no relato dos factos são condições para a objectividade jornalística, entendida no PÚBLICO como um valor-limite e uma meta que se procura alcançar todos os dias.

Filhó (substantivo fem. singular) — a esta forna corresponde o plural "filhós"

Filhós (substantivo fem. singular) — a esta forma corresponde o plural "filhoses"

fim-de-semana

"fin de siècle"

"fiqh" Cf. Dic. islâmico, Religiões.

flexão — Dadas as muitas particularidades da flexão dos verbos em português, é aconselhável a consulta regular de um dicionário de verbos conjugados. Cf. Verbos.

fluido/a — O substantivo e o adjectivo não são acentuados, só o part. pass. do verbo "fluir".

fogo-de-artifício

fogo-fátuo

folha-de-flandres — Não leva maiúscula, como bola-de-berlim, água-de-colónia, tinta-da-china…

fontes 1. Só pode ser considerada fonte a pessoa a quem o PÚBLICO reconhece competência e seriedade para prestar a informação. Na avaliação de uma informação pondera-se o seu valor intrínseco, a possibilidade de a comprovar e a idoneidade da fonte. Nenhuma notícia deve sair a público sem absoluta confiança na fonte de origem ou a devida confirmação (duas fontes diferentes e independentes entre si). 2. A fonte deve ser identificada com a maior precisão possível — nome, idade e profissão, cargo ou função — e uma fonte documental deve ser devidamente descodificada. "Segundo as nossas fontes" é expressão banida nas páginas do PÚBLICO — o jornal assume as suas notícias e responsabiliza-se por elas. 3. Uma fonte é quase sempre parte interessada e o jornalista tem de ter o cuidado de não se deixar instrumentalizar. Os jornalistas do PÚBLICO devem alimentar uma relação assídua com as suas fontes de informação, contactos regulares, boas relações em postos-chave e iniciativa junto de entidades que possam constituir-se como fonte de informação e/ou ponto de partida para uma investigação jornalística. O recurso ao contacto telefónico não deve substituir o contacto personalizado e exclusivo. Todo o incidente com fontes de informação, oficiais ou particulares, que ponha em causa a independência do jornalista na relação com a fonte deverá ser imediatamente comunicado à Direcção do jornal. 4. Nos casos de natureza militar, política, ideológica ou partidária e de ordem económico-financeira, é indispensável o recurso à pluralidade das fontes e a investigação, para garantir a objectividade. 5. A fonte pode autorizar a sua identificação ou impedi-la — exigência de anonimato. Pode autorizar a divulgação da informação que presta ou impedi-la — "off the record". O jornalista não deve aceitar com facilidade tais compromissos em assuntos em que a fonte nada tem a temer. Cf. anonimato e "off the record". Se obteve informações não atribuíveis, mas pôde confirmá-las, o jornalista deve ponderar se está em condições de assumi-las e publicá-las, sem recurso a fórmulas vagas, do género "fonte próxima de". O sigilo só deve ser admitido em último recurso e quando não há outra forma de obter a informação ou a sua confirmação. Só nesse caso pode utilizar-se a fórmula "uma fonte do organismo X que solicitou o anonimato". Nos casos em que se visa proteger o informador, o PÚBLICO fá-lo de forma cuidada, mas não enganosa, com rigor e seriedade. Cf. segurança. 6. Uma declaração ou um comentário nunca devem ser atribuídos a fontes anónimas. Opiniões, o PÚBLICO só reproduz as que forem atribuíveis a fontes claramente identificadas. 7. Para informações recolhidas de telexes que citam outras fontes escritas (outro jornal, por exemplo), a regra é atribuí-las à fonte original. Mas só quando se trata de fontes escritas: outras fontes citadas por agências devem ser sempre referidas a par da agência. 8. A recolha de informações, testemunhos ou simples opiniões, incluindo a imagem fotográfica, deve depender sempre de uma garantia: que não existe qualquer constrangimento ou limitação artificial, de ordem emocional, psicológica ou até física, das pessoas envolvidas. 9. Em nenhumas circunstâncias o PÚBLICO e os seus jornalistas se desobrigam do respeito pelo sigilo profissional e pela protecção das fontes, quaisquer que sejam as consequências legais daí resultantes. Cf. Fichas da Lei.

for — Palavra não acentuada. Ex.: Se eu for à festa, telefono-te.

fora — Nem a(s) formas verbais nem o advérbio são acentuados. Ex.: Vou estar fora duas semanas. Não fora a sua perspicácia e teríamos caído no logro. Não fora eu e ninguém teria dado pelo engano.

fora-de-jogo

Forças Armadas — Sobre graus e cargos da hierarquia dos três ramos das Forças Armadas, cf. hierarquias, p. 338.

foro — Palavra não acentuada. Ex.: Isso é assunto do foro íntimo.

fórum — Aportug. de "forum" (lat.), com acento, sem aspas. Não é o mesmo que foro.

foto- — Sem hífen: fotocopiar, fotoeléctrico, fotossíntese.

fotografia 1. Componente básica do estilo informativo e gráfico do jornal, a fotografia não é, para o PÚBLICO, um género menor ou um mero suporte ilustrativo, mas um contraponto informativo e dramático do texto. No PÚBLICO, o conjunto do título e antetítulo, entrada, "lead" e fotografia deve ter unidade, coerência e eficácia informativa. A importância dos acontecimentos e as suas potencialidades fotográficas determinam a agenda dos serviços fotográficos. Situações imprevisíveis de paginação impõem, por vezes, soluções de recurso, mas deve evitar-se a utilização da fotografia como "tapa-buracos". 2. Elemento essencial na arquitectura das páginas, é preferível valorizar uma fotografia, em detrimento da disseminação de fotografias. A utilização de blocos de fotografias deve respeitar a complementaridade entre as imagens, evitando a sobreposição. Diálogo dinâmico entre fotos e texto quer dizer que a fotografia não pode reduzir-se a um mero efeito formalista nem ser utilizada apenas porque é original, embora desfasada do texto. A autonomia da fotografia é total nas fotonotícias, porque é nelas que se concentra a informação, mas não é admissível, por maior que seja a qualidade de uma fotografia, paginá-la junto a um texto cujo conteúdo não tem nada a ver com a expressão da imagem. Os enquadramentos originais das fotos devem ser respeitados, excepto se manifestamente inviável por razões de paginação. O PÚBLICO privilegia a dimensão informativa e dramática das fotografias, mas não prescinde da sua utilização simbólica e de sinalização gráfica (p. ex., nas capas dos suplementos) ou puramente documental (grandes planos a uma coluna para identificação de personagens, para atenuar a aridez do texto, ou ainda por necessidade absoluta de preencher um espaço). 3. Nas situações mais ritualizadas e em que se procure o ângulo inesperado ou um pormenor significativo, não se pode cair na deformação caricatural das situações ou personagens. Em todas as circunstâncias deve ser ponderada a diferença estética e ética entre uma imagem original e insólita e a facilidade da caricatura. As situações de pose têm que ser claramente definidas num contexto específico (um perfil, uma reportagem centrada numa personagem e no ambiente onde vive, um conjunto de retratos sobre personagens em foco). 4. As legendas contêm sempre um elemento identificador de pessoas ou situações. Cf. legenda. 5. Ao obter uma imagem fotográfica, tal como na recolha de informações, testemunhos ou simples opiniões, deve-se assegurar sempre que não existe qualquer constrangimento ou limitação artificial, de ordem emocional, psicológica ou até física das pessoas envolvidas. 6. A identificação (nomes ou fotos) de vítimas de crimes sexuais ou de delinquentes menores é violação da privacidade. A ilustração fotográfica indevida, com utilização de rostos identificáveis de pessoas estranhas a um assunto, por exemplo num artigo sobre corrupção, é violação da vida privada. Cf. Direito à imagem, Fichas da Lei. Fotografias tiradas em locais privados ou mesmo públicos, se estiver em causa a reserva da intimidade do visado, só podem ser publicadas com a sua autorização expressa.

fotógrafosCf. repórter fotográfico.

fotonotícia — É uma notícia que está numa foto com actualidade (fotos de arquivo nunca servem à fotonotícia), sendo a notícia desenvolvida num texto breve que acompanha a foto. Na Redacção é frequente e algo impropriamente designada por fotolegenda. Cf. "lead", antetítulos, títulos, subtítulos, entradas, fotos, legendas, assinaturas.

francês

franco-atirador Na acepção militar, qualquer atirador que aja de forma independente, não integrado numa força militar regular ou numa operação militar. Em sentido figurado, qualquer pessoa que não se submeta à disciplina de um grupo e prefira agir por conta própria.

frase — A vivacidade de um texto jornalístico depende da exploração dos efeitos de descontinuidade, de suspensão, dos cortes rápidos na narrativa. Um texto jornalístico não deve ter frases que ultrapassem a leitura de uma ideia, um conceito, uma sugestão, uma informação singulares. E um parágrafo não deve acumular informações que excedam o contraponto entre dois ou três desses elementos (até ao máximo de 500 caracteres). Preferir a frase afirmativa e o estilo directo, recusar a imprecisão e a ambiguidade devem ser preocupações sempre presentes na redacção de um texto jornalístico. A sequência lógica de uma frase em português (sujeito-predicado-complemento) facilitará sempre a fluência e compreensão da mensagem jornalística. É aconselhável em particular para os temas e assuntos de maior complexidade informativa. Verbos de preferência no modo indicativo, na voz activa e nas formas simples e afirmativas; as formas condicionais, compostas, passivas e perifrásticas ou negativas prejudicam e desvalorizam o estilo directo do PÚBLICO.

frases feitas — Lugares-comuns, estereótipos e tiques de linguagem. Além de demonstrarem falta de imaginação e de criatividade, não agarram o leitor para a leitura de um texto. Alguns dos chavões que são de evitar na linguagem jornalística: "a vizinha Espanha", "nuestros hermanos", "acontecimento espectacular", "acontecimento feliz", "ampla oportunidade", "acalorada discussão", "as verdades devem ser ditas", "branco como a neve", "carreira brilhante", "claro como cristal", "briosa corporação", "destino fatal", "deusa da fortuna", "dormir sobre os louros da vitória", "duelo de gigantes", "infausto acontecimento", "ilustre visitante", "atrocidade brutal", "moldura humana", "numeroso público presente", "ocasião festiva", "perda irreparável", "ponto da situação", "profissional do volante", "razões de peso", "retirada honrosa", "sacrifício supremo", "sexo forte/fraco", "ruído ensurdecedor", "tapete verde" , "um número impressionante", "titular daquela pasta", "última morada", "verdade eterna"... N.B. — Mas há expressões vivas, imaginativas, engraçadas e que introduzem cor, com uma certa informalidade: "mais morto que vivo", "suar as estopinhas", "com uma perna às costas", "em menos de um fósforo", "enquanto o Diabo esfrega um olho", "não ser tido nem achado", "sem tir-te nem guar-te"…

fratricídio

"free lance" — O m.q. "free-lancer"; jornalista que trabalha por conta própria e propõe os seus trabalhos aos meios de comunicação.

frente — Não confundir "em frente de" e "frente a": Manifestaram-se em frente do ministério; Revelou coragem frente ao (perante o) inimigo.

frete — O jornalista deve recusar o papel de mensageiro de notícias não confirmadas, boatos, "encomendas" ou campanhas de intoxicação pública. Por isso, também, é um princípio de conduta profissional que todas as despesas de reportagem, contactos ou deslocações sejam suportadas pelo jornal. Do mesmo modo que os jornalistas do PÚBLICO não aceitam presentes, viagens, convites ou benesses de qualquer género que possam condicionar a sua independência.

Fulano — Quando em vez do nome, em caixa alta.

função pública — Em caixa baixa.

fundamentalismo Cf. Dic. islâmico, Religiões.

furo — Notícia em primeira mão, cacha; termo preferido pelos brasileiros, enquanto os anglo-saxónicos lhe chamam "scoop". Cf. cacha.

futebolês — Uso sistemático de expressões-muleta, algumas ridículas, que redundam numa linguagem pobre e estereotipada, quando se escreve sobre futebol. Use-se uma linguagem mais variada e que mais leitores compreendam. Não se escreva, por exemplo: "apostado em ganhar", "direccionar", "denotar sentido de baliza", "progressão", "denunciar fome de bola", "intenção de flanco", "impedido de penetrar na área adversária", "faltou objectividade atacante", "moldura humana" , "muita ofensividade", "milita nos escalões cimeiros", "averbar uma clamorosa derrota", "primodivisionário", "contra-ataque venenoso", "postura em campo", "posicionamento", "trabalho ao nível do entrosamento", "tirar do caminho da bola", "tapete verde".

futuro — Sempre que possível, o jornalista deve trabalhar por antecipação e preparar o leitor para aquilo que, nesse dia ou nos dias seguintes, vai acontecer. O jornalismo é informação sobre o que acontece, o passado imediato, mas pode e deve ser também, e cada vez mais, informação sobre o futuro próximo, permitindo ao leitor estar o mais actualizado possível sobre os factos no momento em que eles acontecem. Esta atitude perante a actualidade — mais futuro, menos passado — reflecte-se obviamente na construção dos textos, estimulando a agressividade informativa do jornal.

   
   
 
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