|
A fotografia
Componente básica do estilo do PÚBLICO,
a fotografia obedece aos seguintes pontos específicos:
1. O PÚBLICO atribui à fotografia
uma importância fundamental na definição do
estilo informativo e gráfico do jornal. Nesse contexto, fotografia
e texto estabelecem uma relação dinâmica permanente
e intensa. Por isso, a fotografia não é, para o PÚBLICO,
um género menor ou um mero suporte ilustrativo, mas um contraponto
informativo e dramático do texto. Exceptuam-se os grandes
planos de caras a uma coluna, para identificação de
personagens. As situações imprevisíveis de
paginação impõem, por vezes, soluções
de recurso, mas deve evitar-se tanto quanto possível
a facilidade e a utilização da fotografia como
"tapa-buracos".
2. A fotografia constitui um elemento de referência
essencial na arquitectura das páginas, embora de acordo com
critérios naturalmente diferenciados para cada área
do jornal (1º e 2º cadernos, suplementos e magazine dominical).
Como critério básico deve prevalecer a valorização
de uma fotografia, que constitui um centro de atracção
visual, em detrimento da disseminação de fotografias,
cuja carga informativa ou dramática tende a ser repetitiva
e retórica, além de tornar confusa e dispersiva a
leitura gráfica da página ou do plano de páginas.
Por isso, a utilização de blocos de fotografias, nomeadamente
nas zonas de abertura de secções, deve respeitar a
complementaridade e o diálogo dinâmico entre essas
imagens, evitando a sobreposição.
3. A importância dos acontecimentos e
as suas potencialidades fotográficas determinam a agenda
dos serviços fotográficos. Nas situações
mais ritualizadas e de encenação mais previsível,
os repórteres fotográficos do PÚBLICO devem
procurar sempre surpreender um ângulo inesperado ou um pormenor
significativo, em vez de se limitarem a reproduzir esses sinais
exteriores mais padronizados e oficiais-institucionais (por exemplo:
uma conferência de imprensa, uma chegada ao aeroporto de um
chefe de Estado). A recusa das convenções oficiais
e a procura de um olhar novo não significa, porém,
o recurso à deformação caricatural das situações
ou personagens. Em todas as circunstâncias deve ser ponderada
a diferença estética e ética entre uma imagem
original e insólita e a facilidade da caricatura.
4. Os repórteres fotográficos
não devem encenar o comportamento das personagens fotografadas
e das situações onde elas surgem ou interferir de
algum modo no ambiente dos acontecimentos. Todas as situações
de pose têm que ser claramente definidas num contexto específico
(por exemplo: um perfil, uma reportagem para o magazine centrada
numa personagem e no ambiente onde vive, um conjunto de retratos
sobre personagens em foco).
Em Outubro de 1993, a "Time" retractava-se
publicamente por causa de uma reportagem publicada nas suas páginas
sobre a prostituição infantil em Moscovo. As respectivas
imagens tinham sido encenadas, afinal, pelo repórter-fotográfico
Alexei Ostrovski. "Se, na altura, tivéssemos conhecimento
desta situação, jamais as publicaríamos.
Pedimos desculpa pelo erro", escreveu a revista.
5. O diálogo dinâmico que deve
existir entre fotos e texto não admite, porém, contradições
flagrantes entre ambos. A fotografia não se deve reduzir
a um mero efeito formalista nem deve ser utilizada apenas porque
é original, embora desfasada do sentido do texto.
6. Os enquadramentos originais das fotos deverão
ser sempre respeitados, à excepção dos casos
em que isso for manifestamente inviável por razões
de paginação. Por seu lado, os repórteres fotográficos
terão sempre em conta as realidades que condicionam cada
edição do PÚBLICO, respeitando a sua arquitectura
gráfica e respondendo positivamente aos critérios
editoriais do jornal.
7. O PÚBLICO privilegia a dimensão
informativa e dramática das fotografias, mas não prescinde
da sua utilização simbólica e de sinalização
gráfica (como acontece nas capas dos suplementos) ou puramente
documental (por exemplo: grandes planos a uma coluna para identificação
de personagens, para atenuar a aridez do texto, ou ainda por necessidade
absoluta de preenchimento de espaço).
|