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O rigor da escrita
Clareza, simplicidade, exactidão e variedade
caracterizam o estilo jornalístico de qualidade. O bom uso
do português e o cumprimento das regras gramaticais, o rigor
e a competência indispensáveis na informação
que se leva ao leitor aconselham, por outro lado, uma permanente
atenção a certos vícios e incorrecções
de linguagem.
1. Uma ideia, uma informação, uma
frase
a. Informar é comunicar e fazer compreender
isto é, redigir de forma simples, concisa, clara e
precisa, quaisquer que sejam a complexidade do assunto ou o género
da mensagem jornalística.
Leitura fácil e compreensão
rápida é o binómio em que assenta a escrita
jornalística, independentemente do nível cultural
do leitor ou do seu grau de conhecimentos. Estudos adaptados à
estrutura da língua portuguesa demonstram que a capacidade
de memorização imediata de uma pessoa média
é limitada a um máximo de 40 palavras por frase;
por outro lado, temas abstractos ou com vocabulário rebuscado
dificultam a leitura e a compreensão.
Na imprensa, em geral, escreve-se de mais e diz-se
de menos. Só uma minoria de leitores consegue manter a
atenção ao longo de um texto com mais de 450 palavras
(cerca de 2500 caracteres). Qualquer peça com mais de 5000
caracteres perde parte da sua eficácia. Por isso, quando
um texto ultrapassar os 7000 caracteres, é aconselhável
"partir" o assunto por outro(s) texto(s) mais curto(s),
tipo "caixa(s)" (cf. Extensão, em Alfabeto
do PÚBLICO).
Um texto que, em parte ou no todo, necessite
de uma segunda leitura para ser assimilado é um convite
à desistência em suma, é uma peça
jornalística falhada. Mas a concisão não
é, aqui, um valor absoluto: períodos demasiado curtos
e um vocabulário limitado favorecem a monotonia e desmobilizam
o leitor.
b. A adjectivação excessiva ou inadequada
enfraquece a qualidade e o impacte informativo do texto jornalístico.
Ao empregar um adjectivo, lembre-se Celso Cunha: "Encontrar
o adjectivo preciso e colocá-lo junto ao substantivo que
qualifica é uma operação artística."
Ou Vincente Huidobro: "O adjectivo, quando não dá
vida, mata."
Se cada palavra ou expressão contiverem o máximo
de carga significante, a qualificação que quebra
o ritmo da leitura torna-se dispensável. Substantivos
fortes e verbos na voz activa reforçam a densidade indispensável
na escrita jornalística: raramente necessitam de qualificação
e permitem reduzir consideravelmente o recurso aos adjectivos.
A sequência lógica de uma frase
em português (sujeito-predicado-complemento) facilitará
sempre a fluência e compreensão da mensagem jornalística.
É aconselhável em particular para os temas e assuntos
de maior complexidade informativa. Verbos de preferência
no modo indicativo, na voz activa e nas formas simples e afirmativas;
as formas condicionais, compostas, passivas e perifrásticas
ou negativas prejudicam e desvalorizam o estilo directo do PÚBLICO.
c. Repetições, preciosismos, redundâncias,
cacofonias, períodos longos e o abuso de intercalares obscurecem
a comunicação, reduzem-lhe a eficácia e contrariam
a fluência da leitura. Um texto não deverá ter
parágrafos longos; e, nos mais extensos, os subtítulos
servem para tornar a leitura mais fácil e aliciante.
d. Preferir a frase afirmativa e o estilo directo,
recusar a imprecisão e a ambiguidade, devem ser preocupações
sempre presentes na redacção de um texto jornalístico.
O abuso da voz passiva e dos tempos compostos
desmerece a linguagem jornalística. Por exemplo, "Foram
tomadas resoluções a fim de ser posto fim à
greve" quer simplesmente dizer "resolveu-se acabar com
a greve". Cf. Linguagem, em Alfabeto
do PÚBLICO.
e. As frases feitas e os lugares-comuns, os chavões
e as palavras de ordem devem ser igualmente evitados: artificializam
ou estereotipam a prosa e tornam-na menos incisiva na apresentação
dos factos e das ideias.
O contrário da escrita jornalística
é complicar o que dever ser simples, claro e directo. Por
exemplo: "Emílio Peixe e Iuran andaram todo o encontro
a protagonizar um desaguisado." Ou: "Tal como o azeite
que com a água se mistura, também as confirmações
de uns não se compadecem com as hesitações
de outros. Um risco assumido, mas que merecia ser minimizado,
especialmente à vista de um auditório por de mais
exigente, imediatista e cuja filosofia de constatação
visual supera a concepção escrita, mesmo que esta
se cinja aos factos, uma ou outra vez intercalados com comentários
opinativos e como tal subjectivos ou de dupla leitura."
f. A clareza da mensagem obriga a seleccionar, hierarquizar
e sacrificar o acessório a favor do essencial. O tratamento
de qualquer informação passa sempre pela escolha de
um ângulo específico de abordagem: a novidade, o mais
importante, característico ou original aquilo que
mais cative o interesse do leitor (a história curta, os pormenores
desconhecidos de bastidores, por exemplo). O factor humano deverá
estar sempre presente e a identificação rigorosa dos
protagonistas ser uma preocupação central. Se um assunto
comporta várias mensagens, é preferível tratá-las
separadamente ao longo do texto e com recurso a subtítulos,
ou, melhor ainda, repartidas por peças individualizadas.
g. Nunca se pode escrever tudo. Na escolha do ângulo
de abordagem prevalecerá sempre a precisão da informação:
dados, números e casos concretos, ideias claras, imagens,
exemplos e citações em vez de generalizações
vagas e abstractas.
Por exemplo, no caso das distâncias, o
critério deve ser o mesmo que para tudo o que se relacione
com os números: facilitar a sua rápida compreensão.
Assim, o que foge às nossas referências mais imediatas
(não é automática, por exemplo, a noção
de que uma milha marítima são 1852 metros ou uma
légua corresponde a cinco quilómetros, ou o valor
de câmbio de moedas estrangeiras) deve ser acompanhado da
conversão para o sistema métrico, para a nossa moeda,
etc. Melhor ainda se se der logo um termo de comparação
ou um ponto de referência, de preferência com suporte
visual um mapa, um gráfico ou um "croquis"
permitem uma "leitura" muito mais fácil, mais
rápida e mais apetecível: "ardem 40 hectares
de floresta por minuto o equivalente a 60 campos de futebol...";
"Sofala, província central de Moçambique".
1. O local exacto do acontecimento deve ser sempre
mencionado: em Lisboa, em Saigão, no Rio de Janeiro. O leitor
do PÚBLICO não é necessariamente um lisboeta
que sabe que a sede nacional do PS é no Largo do Rato ou
que o Snob é um bar lisboeta frequentado por colunáveis;
ou do Porto, para identificar facilmente a frase feita "nos
estúdios do Monte da Virgem".
2. Para os lugares menos conhecidos aponte-se uma
referência mais comum: em Porto Aboim, a 100 quilómetros
de Luanda; Pureza, município do estado do Rio de Janeiro,
Brasil; Barbacena, a 15 quilómetros de Elvas; incluindo para
as capitais mais distantes: Bogotá, capital da Colômbia.
Dêem-se pormenores suplementares sempre que for caso disso:
Menongue, ex-Serpa Pinto, a capital da província angolana
de Cuando Cubango; as Terras do Fim do Mundo, como lhe chamavam
os portugueses, no tempo colonial. Facilite-se a orientação
do leitor, situando-lhe num mapa da região a localização
concreta do que se está a referir.
3. Procede-se do mesmo modo sempre que se fizer uma
referência de âmbito local ou regional: na Fundação
Gulbenkian, em Lisboa; o Largo da Boavista, no Porto; no Teatro
Luísa Todi, em Setúbal.
h. Bem empregues, as imagens e as metáforas
podem dar cor e sonoridade à narrativa uma das regras
para uma comunicação fácil e atractiva. Mal
utilizadas, criam, porém, uma penosa sensação
de pedantismo e mau gosto.
Exemplo de mau gosto: "No partido X, mais parecem
sete cães a um osso." Pelo contrário, são
imagens felizes esta descrição de um lance decisivo
da selecção do Brasil, no último Mundial de
futebol: "Romário corre para a bola e leva consigo a
angústia de milhões de brasileiros." E a de um
artigo de opinião: "O projecto que mobilizou biliões
de contos para nos ajudar a subir o pau de sebo que é a prometida
e cada vez mais distante ascensão aos níveis de vida
europeus."
2. Convenções e códigos de
escrita
Para que o PÚBLICO surja aos olhos dos seus
leitores com uma coerência formal à altura do cuidado
posto na sua edição, importa não deixar ao
acaso ou ao arbítrio de cada um o uso dessas convenções
e desses códigos. Cf. Convenções, em Alfabeto
do PÚBLICO.
Normas práticas:
Os números até dez deverão
ser grafados por extenso e só a partir de 11 se usarão
algarismos.
O bilião equivale a um milhão de milhões,
e não a mil milhões. A expressão "centenas
de milhar", por exemplo, é errada, são "centenas
de milhares".
Convém evitar as expressões "cerca
de" e "à volta de": por norma, fornecem-se
números precisos ao leitor; quando não for possível,
aponta-se um valor mínimo (ou máximo), menos vago
como informação "mais de 980 contos"
em vez de "cerca de mil contos", por exemplo. O arredondamento
dos números leva, na maior parte dos casos, a um empobrecimento
escusado da informação. Se o repórter verificou
que, num dia de greve no Metro, circularam 18 composições,
nada se ganha em escrever "cerca de 20".
As referências temporais seguirão
a seguinte norma:
Horas: 12h30, e não 12.30h ou 12.30 ou 12h30m.
Sempre que se trate de horas noutros países, deve complementar-se
com a hora portuguesa correspondente.
Datas: 2 de Janeiro de 1990, e não 2.1.90
(admitindo-se o uso de 2/1/90, preferencialmente entre parênteses)
Os anos devem ser grafados integralmente (1990 e
não 90) e os pares de anos com hífen (1989-90, e
não 1989/90).
Os cargos políticos ou administrativos
são grafados com iniciais em caixa baixa, com excepção
do do Presidente da República. "Governo" leva inicial
maiúscula, mas já "primeiro-ministro" se
escreve com minúsculas, bem como "ministro", "secretário
de Estado", "presidente da Câmara", etc. Esta
regra aplica-se igualmente às demais formas de tratamento.
As siglas cujo uso deve ser moderado
e que devem ser "decifradas" ou explicadas na primeira
vez que aparecem no texto (excepto se já forem de conhecimento
e uso generalizado) não contêm pontos.
As citações de declarações
ou de documentos são grafadas entre aspas. As aspas também
se aplicam-se às palavras estrangeiras e às portuguesas
de duplo sentido.
Os títulos de jornais, revistas, publicações
periódicas, livros, filmes, etc., escrevem-se entre aspas,
com iniciais em caixa alta nas palavras variáveis (excepto
nos artigos definidos) e minúsculas nas palavras invariáveis.
Única excepção: PÚBLICO grafa-se sempre
em caixa alta, sem aspas.
A pontuação deve estar ao serviço
da clareza e economia da leitura.
3. Precisão e propriedade vocabular
a. Um vocabulário acessível ao leitor
não significa um léxico pobre e limitado, nem escrever
bem é escrever caro. Por isso, a variedade de uma linguagem
rigorosa aconselha palavras simples e eficazes, evitando-se os vocábulos
polissémicos, a banalização dos estrangeirismos
e dos neologismos, o uso indiscriminado dos regionalismos, dos arcaísmos
e dos termos especializados de qualquer área do conhecimento,
profissão ou sector de actividade (como o "futebolês"
ou outras gírias mais marcadas). Um termo técnico,
no entanto, se devidamente explicado, poderá poupar o recurso
a perífrases e referências vagas e imprecisas ou redundantes.
A utilização dos neologismos
e dos estrangeirismos em geral deve também subordinar-se
ao bom gosto e ao bom senso. Rodrigues Lapa definiu algumas regras
ainda hoje pertinentes a propósito da eterna querela que
opõe os puristas aos laxistas da língua: "A
adopção dos estrangeirismos é uma lei humana
e particularmente portuguesa: constitui como que uma fatalidade,
devida aos intercâmbios das civilizações.
A língua, especialmente o vocabulário, só
tem a lucrar com isso. O ponto está em que essa imitação
não exceda os limites do razoável e não afecte
a própria essência do idioma nacional. (...) Contido
nestes limites, o estrangeirismo tem vantagens: aumenta o poder
expressivo das línguas, esbate a diferença dos idiomas,
tornando-os mais compreensivos, e facilita, por isso mesmo, a
comunicação (...). Uma coisa é necessária,
quando o estrangeirismo assentou já raízes na língua
nacional: vesti-lo à portuguesa." (In "Estilística
da Língua Portuguesa", M. Rodrigues Lapa, Coimbra
Ed., 1984.)
E "vesti-lo à portuguesa" é,
por exemplo, escrever avioneta e não "avionete",
marioneta e não "marionette", bicicleta e não
"biciclete", bidão e não "bidon",
bobina e não "bobine", cabina e não "cabine",
controlo e não "controle", défice e não
"deficit", equipa e não "equipe". Excepção
à regra: cassete e não "casseta".
b. "A diferença entre o termo exacto e
o termo aproximado é a diferença entre o relâmpago
e o pirilampo." (Mark Twain, in "American Humorist".)
A precisão dos vocábulos terá que ser uma preocupação
constante na escrita do PÚBLICO, pois imprimir-lhe-á
uma maior eficácia informativa. O leitor compreenderá
melhor o que está a acontecer sempre que se empregar palavras
adequadas e com carga semântica, que fixem a leitura e alimentem
o interesse. Pelo contrário, um termo desconhecido ou deslocado
é um obstáculo à imediata compreensão
e, se os obstáculos se sucederem, o leitor desistirá.
c. Evitem-se as palavras substitutas (tal, coisa,
isso, este, aquele, diversas formas do verbo ter). As expressões-muleta
como se sabe, de registar que, recorde-se, registe-se, saliente-se,
em última análise constituem estereótipos
a rejeitar, sobretudo na abertura de um período. Também
não se deve iniciar um período com uma conjunção
adversativa (porém, contudo, entretanto, não obstante),
exceptuando-se o "mas", ou conclusivas (portanto, pois),
nem repetir a mesma palavra a abrir dois períodos seguidos
ou muito próximos do mesmo texto. O uso repetido do pronome,
quase sempre dispensável, é inestético.
d. A repetição de palavras denota pobreza
lexical, mas o recurso a uma variante vocabular pode cair no preciosismo
e no rebuscamento desnecessários. É também
deselegante utilizar repetidamente a mesma construção
ou estrutura de frase.
e. Convém usar com parcimónia e bom
senso as siglas, abreviaturas e outros sinais convencionais, de
modo a não transformar a peça jornalística
num texto críptico ou charadístico. Cf. Siglas,
em Alfabeto do PÚBLICO.
f. Sempre que surjam novos termos traduzidos (ou que
se queira traduzir) é indispensável confirmar a correcção
do termo ou expressão empregues, recorrendo a dicionários
ou vocabulários específicos ou a especialistas na
matéria. Este cuidado é particularmente importante
em domínios em que não está ainda fixada uma
terminologia portuguesa e quando se tratar de títulos de
obras literárias, cinematográficas, científicas,
etc.
4. Correcção e elegância narrativa
a. O jornalismo assenta numa técnica apurada
de comunicação que não se confunde com a literatura,
mas que não prescinde do talento e da criatividade de quem
o exerce. O PÚBLICO estimula a afirmação e
o desenvolvimento do estilo próprio de cada um dos seus jornalistas
e colaboradores, no quadro dos preceitos gerais e das preocupações
aqui consagrados.
b. Originalidade, variedade e naturalidade são
atributos da escrita que se pretende ver nas páginas do PÚBLICO,
enriquecendo e diversificando a concretização do seu
estilo.
O estilo do PÚBLICO deve também marcar
a diferença pela inovação da escrita jornalística:
linguagem fácil, mas moderna, viva e coloquial, em que a
inventiva e a criatividade dos seus redactores assumem papel decisivo.
Pode-se e deve-se inovar, criar novas palavras e novas expressões,
em sintonia com a linguagem comum e o pulsar da língua na
sua constante renovação.
Mas a inobservância das regras ortográficas
e gramaticais, por um lado, e a disparidade de convenções
e códigos de escrita, por outro, prejudicam sempre a qualidade
de um estilo rigoroso e plural. E desacreditam um jornal e quem
nele escreve.
"Buzinão", a palavra inventada
nos acontecimentos à volta da portagem da Ponte 25 de Abril,
é um bom exemplo; como "pontemónio", que
tão bem expressava o pandemónio desses dias, causado
pelo protesto dos automobilistas. Ou o recurso a imagens fortes
que dêem mais colorido à ideia pretendida: "Pôs
a boca no trombone e..." "Artur Jorge esgotou a paciência
e virou a mesa..."
c. O bom gosto e um estilo apurado são incompatíveis
com erros gramaticais ou com o recurso a barbarismos, estereótipos,
expressões desadequadas ou de todo erradas. Em caso de dúvida,
consulte-se sempre o Alfabeto do PÚBLICO, um prontuário
ou os bons dicionários. Finda a redacção de
um texto, o seu autor deve lê-lo atentamente: a tarefa final
na elaboração de um texto inclui a sua revisão,
tendo como preocupações a pontuação,
a acentuação, as concordâncias e outras eventuais
imprecisões ortográficas cuidado que não
pode ser transferido para o editor nem para o "copydesk".
5. Erros e vícios de linguagem mais frequentes
Erros sintácticos, de concordância,
de regência ou de colocação:
Certo |
Errado |
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Faz muitos anos |
Fazem muitos anos |
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Poderá haver, houve festas |
Poderão haver, houveram festas |
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Os ministros do Trabalho e da Saúde |
Os ministros do Trabalho e Saúde |
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O Conselho de Ministros reuniu-se |
O Conselho de Ministros reuniu |
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Os preços aumentaram 50 por
cento |
Os preços aumentaram em 50
por cento |
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Recusa de, tentativa de |
Recusa em, tentativa em |
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Preferir a |
Preferir (mais) do que |
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Erros de expressão ou de grafia:
Certo |
Errado |
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acerca |
àcerca |
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alfinete de ama |
alfinete de dama |
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açoriano, cabo-verdiano |
açoreano, caboverdeano |
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bege |
beige, beje |
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com certeza |
concerteza |
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caem, roem, saem, traem |
caiem, roiem, saiem, traiem |
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definir, desequilíbrio |
defenir, desiquelíbrio |
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despender, dispêndio |
dispender, despêndio |
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(des)pretensioso |
(des)pretencioso |
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dignitário |
dignatário |
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emirados |
emiratos |
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infra-estrutura |
infraestrutura |
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maciço |
massivo, massiço |
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meteorologia |
metereologia |
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obcecado, obsessão |
obsecado, obcessão |
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organograma |
organigrama |
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a sida |
a SIDA |
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o síndrome, a síndroma |
o sindroma |
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paralisar |
paralizar |
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propor, compor, antepor |
propôr, compôr, antepôr |
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última hora |
última da hora |
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Exemplos de erros comuns na formação
do feminino: governante/governanta; gigante/giganta.
Regências dos verbos, como "avisar"
(de, para, contra, sobre), "convencer" (de, de que), "prevenir"
(de, de que, contra).
Falta da acentuação em formas
verbais cujo pretérito perfeito do indicativo é obrigatoriamente
acentuado, para o distinguir do presente (compramos/comprámos;
falamos/falámos).
Escorregadelas em alguns verbos compostos e
irregulares: "intervir" formou-se a partir de "vir"
(e não de "ver"), por isso faz "intervim",
"intervieste" e "interveio", ou "intervi(n)do",
para nomear algumas das formas em que mais se tropeça.
Para "negociar" vale igualmente "negoceio"
e "negocio".
Abuso do verbo "dizer", que pode
ser substituído por: afirmar, aludir, afiançar, assinalar,
aventar, comunicar, confiar, confidenciar, considerar, declarar,
desabafar, elucidar, enfatizar, informar, manifestar, notar, observar,
pormenorizar, sublinhar. Têm, no entanto, sentidos diferentes
que convém respeitar. O mesmo acontece com "existir",
"haver", "ser", "ter" e "possuir".
Contracção errada em orações
infinitivas antecedidas de locuções como "a circunstância
de", "o facto de", "antes de", "apesar
de", "depois de": a preposição "de"
não se contrai com o artigo que se lhe segue ("apesar
de o contrato exigir..."). As duas primeiras são de
evitar, pois reduzem a clareza e complicam a frase.
Ambiguidade vocabular ou sintáctica:
por exemplo, palavras e frases de duplo sentido, acentuação
incorrecta, inversões forçadas, regências incorrectas,
intercaladas muito extensas, pontuação defeituosa.
"Aquele membro do Governo", "daquele país"
ou "este acusou aquele" são expressões confusas
e esteticamente empobrecedoras.
Confusão entre palavras com sentidos
diferentes e grafias semelhantes: a fim/afim; demais/de mais; demarcação/desmarcação;
descriminar/discriminar; descrição/discrição;
estrato/extracto; mandado/mandato; percursor/precursor; pode/pôde;
porque/por que; retratar/retractar; senão/se não;
etc.
Repetição desagradável
de fonemas no fim das palavras: "Neste momento tive um aumento
de vencimento."
Repetição de sílabas com
o mesmo som: "corpo poroso", "barco coberto de lona".
Expressões latinas deturpadas:
Certo |
Errado |
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"a posteriori"/"a
priori" |
à posteriori/à priori |
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inclusive/vide |
inclusivé/vidé |
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"lato sensu"/"strictu
sensu" |
"latu senso"/"stricto
senso" |
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"statu"/"statu quo" |
"status"/"status quo"
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Palavras e expressões impróprias,
gastas ou desajustadas. Alguns exemplos agrupados por "categorias
de erro":
Interferência de línguas estrangeiras:
desde Londres/Paris (correcto: de Londres/Paris); debutar (estrear-se);
detalhe (pormenor); implementar (aplicar, concretizar, adoptar,
executar); ter lugar (realizar-se); deixar cair (abandonar, desistir
de); vir de (acabar de); sponzorização (patrocínio).
Redundâncias: ambos os dois; consenso geral;
testemunha presencial; todos são unânimes.
Expressões feitas ou palavras a evitar:
doença incurável/prolongada; escuro como breu; infausto
acontecimento; mar de gente; precioso líquido; primar pela
ausência; rigoroso inquérito; tenra idade; fazer
espírito (gracejar); entrementes, no entretanto (entretanto);
agentes da ordem; altas personalidades; amplexo (abraço);
assaz; basto; quiçá.
Em desuso: mui; quasi.
Errado: implausível; asseguradamente;
destabilizar (desestabilizar).
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