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Sax Soprano
Um dos primeiros e grandes nomes na história do jazz, no início do século XX, acontece ser um saxofonista soprano. Sidney Bechet, assim se chamava esse músico, tocava soprano numa altura em que os reis eram o trompete e o clarinete e teve uma influência tão grande que não apareceu outro com igual relevância, até John Coltrane, no início dos anos 60, ter também começado a utilizar este instrumento, segundo parece, por influência de outro músico importantíssimo, que foi Steve Lacy.
Sidney Bechet, nascido em 1897 em New Orleans, estudou clarinete, que foi o seu primeiro instrumento. Começou a sua carreira muito cedo e ainda muito novo foi para Chicago, depois para Nova Iorque e mais tarde para a Europa, onde em 1919 começou a tocar saxofone. Em 1921, foi expulso de França, depois de ter estado preso em Paris, por causa de um tiroteio, e regressou a New York. Passados 30 anos, em 1951, voltou para Paris, onde viveu quase permanentemente até à sua morte, em 1959.
Bechet tocava o soprano com um som duro, bastante estridente e um vibrato muito aberto e acentuado, de maneira a ser ouvido entre trompetes e trombones. Conseguiu assim um som muito próprio, que marcou realmente o jazz, a par de outros seus contemporâneos, como o trompetista Louis Armstrong. Depois de Sidney Bechet, e já aparecidos noutras fases da história do jazz, houve músicos que tocaram o soprano, mas não foi essa a sua actividade mais importante e pela qual são reconhecidos. É o caso do multi-instrumentista chefe de orquestra Benny Carter, uma grande figura do jazz, mas não por tocar soprano, ou Charlie Barnet, também multi-instrumentista e chefe de orquestra. Outros músicos houve certamente a usar o saxofone soprano, mas sem que as suas contribuições fossem suficientes para tornar este instrumento mais popular. Há, na verdade, um grande hiato até aos anos 60.
Dos músicos referidos no início como sendo as próximas referências do saxofone soprano, um, John Coltrane, era saxofonista tenor e o soprano foi o seu segundo instrumento. É uma figura incontornável da história do jazz e da música contemporânea em geral, atingindo grande notoriedade e popularidade, o que fez com que a sua utilização do soprano tivesse sido realmente importante do ponto de vista da divulgação do instrumento, e obviamente também extremamente rica do ponto de vista musical. Coltrane tinha com este instrumento uma grande mais-valia de lirismo e, tal como no tenor, uma maneira de tocar inconfundível, com uma energia e concentração arrasadoras. (...)
O outro de que falei, Steve Lacy, sempre tocou saxofone soprano, mesmo numa época em que este instrumento era completamente ignorado. (...) Steve Lacy é uma referência para a música de vanguarda e para as artes em geral. Sempre ligado às novas experiências e linguagens musicais e aos cruzamentos da música com as artes performativas, assim como às artes plásticas, literatura e todas as expressões artísticas possíveis, a sua influência ultrapassa largamente o campo do jazz. É universal. (...)
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