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9 de Junho
OS PIANISTAS
“(…) Para este texto, pediram-me espírito crítico. Só consegui encontrar qualidades e virtudes; em muitos casos, genialidade e inovação. O contrário seria difícil! O piano-jazz teve uma evolução rápida, como acontece com toda a história do jazz e toda a música do século XX; fez-se muito num curto espaço de tempo e, hoje, as novas gerações muito dificilmente poderão pensar em inovar. Não vejo nisto um problema; acho mesmo positivo vivermos com esta tão significativa herança musical. Dou-vos um bom exemplo disso, também incluído neste CD especial: Jason Moran (1975), pianista “vivo”, moderno (“Modernistic” é o título de uma das suas gravações), absorveu bem toda a tradição do jazz; a partir daí surgem os seus (novos) caminhos de liberdade interpretativa, tanto na introdução do tema como nos improvisos que dele nascem. Neste ponto de vista, existirá sempre um regresso a qualquer lugar, em forma de reorganização das principais ideias que nos foram deixadas – não acontecerá o mesmo com a arte em geral? No entanto, existem (e existirão sempre) momentos únicos de interpretação e entendimento com os vários músicos – mais ou menos conhecidos – que hoje vivem no meio do jazz. O único e subtil apontamento que tenho a fazer, é nunca ter encontrado em nenhum pianista de jazz o verdadeiro elogio do silêncio. Não me refiro nem aos silêncios inquietantes de Ahmad Jamal, nem ao silêncio real. Será possível existir essa tal forma musical como expressão no jazz, ao piano? Não será também essa uma fonte de energia? Já me falaram muitas vezes de silêncio ao piano mas, para mim, ainda não chegámos lá.(…)
” BERNARDO SASSETTI EXCERTO DO TEXTO “PIANISTAS, PIANISTAS, PIANISTAS”, INCLUÍDO NO VOLUME 3 |