Os primeiros guitarristas do be bop foram pioneiros em duas frentes. Por um lado, exploravam música inovadora em constante mutação que quebrava as regras mais estabelecidas de melodia, harmonia e ritmo. Por outro, ao explorarem um novo instrumento nos seus primeiros passos, deparavam-se com alguns problemas de aceitação entre outros músicos.
Julgo que será importante percebermos que o que entendemos e aceitamos como um guitarrista de mainstream, naquela altura era provavelmente encarado como um músico ousado ou provocador. Reparem que para além de tentarem ocupar um espaço musical antes não lhes pertencia ainda empunhavam um instrumento com botões como um rádio! Com um fio eléctrico que ia chão até uma caixa grande pesada! (o amplificador), ligada sistema eléctrico! Além disso som do instrumento ainda provinha de um local diferente daquele onde o músico estava!
Bem, os primeiros tempos guitarristas eléctricos não foram nada fáceis!
No entanto, na Europa, concretamente em Paris, Django Reinhardt foi quem teve o mérito e mestria para colocar a guitarra como instrumento solista.
No seu grupo com o violinista Stephane Grappelli criou um estilo muito particular e único. Tornouse num dos primeiros músicos não americano de primeiro plano que tal como Christian exerceu uma influência marcante nos seus contemporâneos nos lados do Atlântico.
Foi um completo virtuoso do seu instrumento apesar de incapacitado parcialmente em dois dedos sua mão esquerda. Ironicamente essa limitação converteu-se numa técnica prodigiosa capaz de executar as mais audiciosas frases melódicas.
A sua guitarra, uma Selmer-Macaferri, era completamente diferente das tradicionais guitarras archtop de jazz. No essencial aparentava-se a uma guitarra acústica de cordas de metal com uma grande projecção acústica de um som muito percussivo e brilhante.
O guitarrista mais importante que aparece depois de Christian foi Wes Montgomery. Como todos os outros também foi influenciado por C.C. e definiu aquela que viria a ser a sonoridade clássica da guitarra Jazz ao longo dos anos 60. Tornou famosa a formação guitarra, órgão Hammond e bateria (The Wes Montgomery Trio 1959), criou o seu estilo único e inconfundível de tocar as melodias quer em oitavas ou block chords, para além do seu som cheio e gordo, devido ao facto de tocar apenas com o polegar.
Wes é a genialidade, a musicalidade, a perfeição, o som. É o Bach da guitarra jazz. Os contemporâneos do estilo de Wes são Kenny Burrel e Grant Green. Todos têm a particularidade de juntar ao idioma guitarrístico do be bop um travo de blues e soul, de forma a criar uma sonoridade mais urbana que podemos definir como o som pós bop da guitarra.
Neste período aparecem mais alguns nomes importantes donde se destacam Joe Pass, George Benson e Pat Martino.
No final dos anos 60, com o despontar de Jimi Hendrix, deu-se uma enorme revolução guitarrística no rock que havia de lançar a semente de novas sonoridades no jazz por intermédio dos grupos de Miles Davis. (...)
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