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O trombone sempre teve uma presença algo discreta em termos de fama entre os grandes nomes do jazz instrumental conhecidos pelo público em geral. No seu excelente livro Twelve Lives In Jazz, fotógrafo/escritor Duncan Schiedt não escolheu nenhum trombonista como figura principal, embora faça referência a vários. No entanto, alguns dos nomes mais famosos do jazz, eram trombonistas, como por exemplo o famoso líder de big band Glenn Miller (1904-1944). Como trombonista era um instrumentista com um talento “normal” (o que não quer dizer que não tocava bem!), mas revelou-se um dos líderes de big band mais bem sucedidos de todos os tempos. (...)
O primeiro registo do nome “trombone” aparece em 1459 em Florença, Itália, mas 20 anos antes já outro registo conta que um dos trompetistas de vara) em Modena, era chamado pela alcunha de “trumbonus”. Outros nomes na altura eram o francês sacqueboute (1468), o alemão posaune (1469), o espanhol saccabuche (1474) e o inglês shakbush (1495). Hoje em dia o nome trombone” é mundialmente usado, embora os alemães continuem a usar posaune.
Em termos de construção, o trombone (de varas) é um instrumento muito simples, utilizando o princípio de que quanto mais comprido o tubo, mais grave o som, ou quanto mais curto o tubo, mais agudo o som. Para obter esse efeito, nada mais lógico do que inventar um tubo de comprimento variável, em que o tubo de fora desliza por cima do tubo de dentro. Foi assim que se chegou à vara. O primeiro instrumento a aparecer, aplicando essa ideia, foi, na verdade, o trompete (de varas) no início do séc. XV.
Utilizando um sistema de vara única, permitiu pela primeira vez aos trompetistas das cortes reais — até aqui praticamente limitados a tocar os toques no campo de batalha — tocar, nas festas e casamentos dos nobres, as cantigas populares da altura (os nobres eram os únicos que tinham poder económico para comprar os instrumentos e contratar músicos para tocar neles!).
Mesmo assim, o sistema não era perfeito. A vara única só permitia uma variação do comprimento do tubo em cerca de 50cm, o que não chega para poder tocar diatonicamente sem recorrer a técnicas de falsete, ou seja forçar o instrumento a tocar notas que nele não existem naturalmente.
A partir daí, demorou cerca de 50 anos (o ano exacto ainda não é conhecido) até aparecer o primeiro trombone (na altura ainda sem o nome de trombone) que veio a solucionar de forma brilhante as limitações da vara única: Cortando o tubo de dentro ao meio e dobrando o tubo de fora em forma de “U” conseguia- se agora obter uma vara com o dobro (ou mais) do comprimento, permitindo assim tocar diatonicamente sem recorrer a técnicas de falsete.
Com a invenção dos pistons em 1815 pelo alemão Heinrich Stoelzel apareceu uma nova família do trombone: os trombones de pistons (válvulas), mas nunca conseguiram tomar o lugar do trombone de varas uma vez que a qualidade sonora era claramente inferior. No entanto, é ainda hoje um dos trombones mais usados nas bandas filarmónicas portuguesas devido ao fácil manuseamento e robustez. Também no jazz existem alguns grandes nomes do trombone de pistons, como por exemplo Juan Tizol, Bob Enevoldsen, Bob Brookmeyer ou Rob McConnell.
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