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REGULAMENTO     PERSONALIDADE     FOTO DO DIA     POEMA DE NATAL

22 DE DEZEMBRO CALENDÁRIO DO ADVENTO
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Várias peças relacionadas com o Natal estão patentes na exposição As Formas da Fé, no Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova (até dia 23 de Janeiro, todos os dias, 10h00-17h30). A mostra nasceu de um inventário do património artístico do concelho, por ocasião das comemorações dos 800 anos da carta de D. Sancho I de doação de Idanha aos Templários. Um património rico e em risco foi redescoberto, iniciando-se um trabalho de restauro e preservação. A exposição pretende “acentuar o acto religioso”, diz ao PÚBLICO Joaquim Caetano, director do Museu de Évora e comissário da exposição. Composta quase só de pintura e escultura, maioritariamente originária das paróquias de Idanha, a mostra inclui, entre as peças a destacar, uma Virgem do Leite, da Matriz de Penha Garcia, em pedra de Ançã, policromada (aqui reproduzida). É uma das poucas obras do século XV, que traduz “a piedade franciscana e a grande humanidade da relação mãe-filho”. Outra virtualidade da exposição foi vencer os medos iniciais das populações e colocá-las.



 A PERSONALIDADE
Giotto, Natividade (pormenor), fresco da Capela Scrovegni, em Pádua


A manjedoura

e outras impertinências
à volta de Jesus

A manjedoura, os pastores, os magos e os anjos. Elementos constitutivos do presépio, são sinais de uma vida que iria revelar-se impertinente. As companhias de Jesus à refeição antecipam a forma como ele vai morrer e Deus torna-se visível.
Por António Marujo

“Parece um amigo. É exactamente igual a um amigo.” (Sophia de Mello Breyner Andresen, Noite de Natal)

A refeição pode ser impertinente? Jesus morreu pela forma como comia, muitas vezes à mesma mesa dos que eram considerados pecadores, diz o biblista José Tolentino Mendonça. E o relato do seu nascimento, na versão de Lucas (2, 7), prenuncia já essa morte: “Completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura.”

A manjedoura era o lugar da comida dos animais e a referência ao comedouro inaugura “o campo semântico da refeição” no texto de Lucas. A maior parte do evangelho lucano, concretiza Tolentino Mendonça, decorre num contexto de refeição, que se torna uma “fonte de impertinência e de grande dramatismo” na vida de Jesus.

No relato do nascimento de Jesus, Lucas toma esse tom “quase bucólico do presépio – a presença do boi e do jumento, a manjedoura – como símbolo de uma certa aspereza”. A cena – a teologia de Lucas é essencialmente “visual e narrativa, não é conceptual” – não pretende dizer se Jesus foi ou não deitado numa manjedoura, tenta antes explicar o símbolo: “A reconciliação universal, o despojamento do próprio Deus.”

Lucas toma da referência a Salomão no livro da Sabedoria (7, 1-6) a forma cuidada – e humana – como o bebé nasce e é tratado: “Também eu sou um homem mortal como todos os homens,/ descendente do primeiro que foi formado da terra,/ e no ventre de uma mãe fui feito carne./ Durante dez meses fui ganhando corpo no sangue,/ a partir do sémen do homem e do prazer conjugal./ Também eu, ao nascer, respirei o ar comum/ e, como todos, caí sobre uma terra de sofrimento/ e, como todos, a primeira coisa que fiz foi chorar./ Criaram-me com mimos entre cueiros./ Nenhum rei começou de outro modo a sua existência,/ pois, para todos, é igual o começo e o fim da vida.” Salomão, como Jesus, como qualquer outra pessoa, nasceu para a vida com o primeiro choro.

Outro paralelo com o Antigo Testamento é o texto do profeta Isaías (1, 3): “O boi conhece o seu dono, e o jumento, o estábulo do seu senhor.” A construção do presépio é quase “um libelo de acusação”, diz Tolentino Mendonça. Com a pergunta: “Seremos capazes de reconhecer Deus no estábulo?”

Se a manjedoura é símbolo de impertinência, os pastores não o são menos. No tempo em que Jesus nasce, eram socialmente proscritos, “por viverem à margem da prática religiosa” e por “trabalharem com animais impuros”, explica-se na Nova Bíblia dos Capuchinhos (ed. Difusora Bíblica). Por isso Lucas coloca os pastores, na sua narrativa, como primeiros destinatários da notícia do nascimento de Jesus.

Anunciadores do acontecimento, os anjos são mensageiros, sim, mas também uma forma de contornar a absoluta transcendência de Deus, própria do judaísmo. E os magos, ainda, símbolos de que a salvação vem para todos. E para cada um, como expressa a oração de Gaspar (Sophia de Mello Breyner Andresen, Contos Exemplares):

“Senhor, como estás longe e oculto e presente! Oiço apenas o ressoar do teu silêncio que avança para mim e a minha vida apenas toca a franja límpida da tua ausência. Fito em meu redor a solenidade das coisas como quem tenta decifrar uma escrita difícil. Mas és tu que me lês e me conheces. Faz que nada do meu ser se esconda. Chama à tua claridade a totalidade do meu ser para que o meu pensamento se torne transparente e possa escutar a palavra que desde sempre me dizes.”


 
 A FOTO DO DIA
   

Todos os dias, neste espaço, é publicada a foto escolhida no âmbito da iniciativa Grande Fotografia de Natal, promovida pelo Millennium BCP. Dia 26, serão publicadas as 3 grandes vencedoras.

O regulamento pode ser consultado aqui ou em www.millenniumbcp.pt.

 
Fotografia: João Luís Guimarães Bastos Couto Barros
Data: 14 Dezembro 2005
 

POEMA DE NATAL
   

Poema escolhido
por Vasco Graça Moura
e incluído no livro Natal... Natais
– Oito Séculos de Poesia

sobre o Natal, por ele compilado,
a editar pelo PÚBLICO
no próximo dia 14 de Dezembro

Natal de 1972

Neste comércio festivo que há dois mil anos quase
perdura mal cobrindo remendadamente
o solstício do Inverno e os deuses sempre vivos
de cuja falsa morte o mundo paga em crimes,
como em vileza humana, o medo que escolheu
quando ao claror da aurora rósea e livre
de viver como os deuses e com eles
preferiu a lei e a ordem projectadas
na sombra em sombras da caverna obscura
e desejou o mal em preço de ser-se homem —
tudo o que em milhares de anos é tribal
congrega-se feliz num doce rebolar-se
da traição de que fomos contra a vida.
Tão vil que levou séculos a inventar
um deus assassinado para desculpá-la,
e fez dele o comércio das famílias
que cortam no peru as raivas de existirem,
beijando-se visguentas, comovidas,
tal como têm babado os pés dos deuses,
ah não eles mesmos mas imagens vãs
que não resplendam da grandeza humana.
Alguma vez teremos o dinheiro
para comprar de novo o Paraíso,
em vez de prendas para o sapatinho?
O Paraíso aqui — aquele que venderam
no começar do mundo. E que nos trocam
por outros no futuro ou nos aléns,
agora, aqui, aberto a todos, claro
— um sol sem fim nos bosques ou nas praias,
uma nudez sem morte nos corpos sem alma.

JORGE DE SENA

   
 

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