Museu de São Marcos, Florença, in Legenda Áurea, Ed. Civilização |
Lorenzo Monaco, Um milagre de S. Nicolau, pintura sobre madeira, séc. XIV |
“O que apareceu perante meus olhos desejosos
foi um trenó em miniatura e oito pequenas renas,
com um pequeno velho condutor, tão vivo e tão
[ rápido,
que num instante soube que tinha de ser S. Nic.”
(Clement C. Moore, The Night Before Christmas)
Nicolau
O Pai Natal existe. A notícia é confirmada
anualmente por milhares de
crianças que lhe escrevem, por ele
suspiram, a ele se dirigem pedindo
um presente especial, fazendo a lista de ingénuos
desejos.
A mesma informação, admita-se, também
é desmentida todos os anos por outros tantos
milhares de crianças. Para essas, a descoberta
da pequena mentira é uma frustração natalícia.
Afinal, o velhinho com barbas brancas
que Clement Moore (1779-1863) pela primeira
vez descreveu em 1822, no seu poema A Noite
de Natal, existe apenas para dar mais vida a
um tempo mágico.
O Pai Natal mais recente é conhecido: criado
como figura de publicidade, há 70 anos, ele mais
não fazia que copiar modelos anteriores. Em
1822, Clement Clarke Moore descreveu-o no
seu poema. Moore, filho de um bispo da Igreja
Episcopaliana em Nova Iorque, escreveu o
poema como um presente para o seu filho. No
texto, o Pai Natal — ou S. Nic. — aparecia com
um trenó, gritando pelos nomes das renas, para
que estas se apressassem.
Em 1885, Louis Prang, tipógrafo de Boston,
pinta de vermelho, pela primeira vez, a figura
do santo que representa o Pai Natal. Até aí, a
figura aparecia com uma veste castanha ou
com peles (Jane Newdick, As Mais Belas Ideias
para o Natal, ed. Círculo de Leitores).
Mas afinal, se o Pai Natal existe — ou não? —, quem é ele? A lenda recriada no último
século e meio repousa sobre uma história: a
de S. Nicolau, que hoje o calendário católico
assinala e é festejado um pouco por todo o
lado — mesmo em países predominantemente
protestantes.
De Nicolau, bispo de Myra (cidade da Ásia
Menor, na actual Turquia), no século IV. Terá
nascido em Patras e morrido em 374. Amigo
de dar e dos pobres, em particular, a fama da
sua bondade foi-se expandindo.
Uma das suas primeiras acções terá sido a
de ajudar um pobre pai que tinha três filhas.
Sem meios, queria fazer dinheiro com elas. Ao
saber disto, Nicolau abeirou-se da casa e atirou
um saco com moedas pela janela. A primeira
das três irmãs pôde, então, casar. Pouco tempo
depois, Nicolau fez o mesmo com a segunda. E, à terceira tentativa, o pai aguardou para ver
quem era o seu benemérito e foi atrás dele.
Depois de morrer, muitos milagres foram
atribuídos a Nicolau. Os marinheiros pediam-lhe
socorro quando os barcos naufragavam:“Começou a ajudá-los nos mastros, nos cabos
e nos outros aparelhos da nau, e logo a tempestade
cessou”, conta-se na Legenda Áurea
(ed. port. Civilização).
Os comerciantes invocavam-no também
como ajuda para os negócios. Os pais pediam
a saúde para as crianças — uma das histórias
era que Nicolau ressuscitara três jovens.
Uma figura assim, benemérita e que escutava
tanta gente, seria facilmente adoptada. Já
na Idade Média há registos da popularização
do seu culto na Europa Central. Na Holanda
(S. Nicolau é padroeiro de Amesterdão), Sinterklaas
chega de barco, vindo de Espanha e
não da Ásia Menor, acompanhado por dois
jovens negros, ambos chamados Piet. A figura
de Sinterklaas dedica, depois, os dias que
faltam até ao Natal a visitar crianças e idosos,
hospitais e infantários, premiando quem se
portou bem (quase todos) e não dando nada a
quem se portou mal (quase ninguém).
Quem disse que o Pai Natal não existe?
A FOTO DO DIA
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Todos os dias, neste espaço, é publicada a foto escolhida no âmbito da iniciativa Grande Fotografia de Natal, promovida pelo Millennium BCP. Dia 26, serão publicadas as 3 grandes vencedoras.
O regulamento pode ser consultado aqui ou em www.millenniumbcp.pt.
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Fotografia: João Manuel Sales Santos
Data: 28 de Novembro de 2005 |
POEMA DE NATAL
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Poema escolhido
por Vasco Graça Moura
e incluído no livro Natal... Natais
– Oito Séculos de Poesia
sobre o Natal, por ele compilado,
a editar pelo PÚBLICO
no próximo dia 14 de Dezembro
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Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.
Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.
Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.
Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.
MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE
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