REGULAMENTO PERSONALIDADE FOTO DO DIA POEMA DE NATAL
5 DE DEZEMBRO CALENDÁRIO DO ADVENTO
A PERSONALIDADE
Esta é a verdadeira penitência: que o homem nunca mais cometa os erros que cometeu (…), pratique boas obras e dê esmola aos pobres, restaure as forças ao estranho cansado e tudo quanto gostaria que lhe fosse feito a ele por outro ele o faça a outrém.”
(Martinho de Dume, De Correctione Rusticorum)
Martinho de Dume
Pacificador de povos,
organizador da estrutura
religiosa, evangelizador.
Martinho
de Dume, bispo de Braga no
século VI, destacou-se no seu
tempo como um grande pensador
e um verdadeiro estratega
da doutrinação dos cristãos e
da expansão do cristianismo.
Martinho, contava-se, chegou à região vindo do Oriente,
talvez da Panónia (actual
Hungria). Tal era a convicção
de historiadores até há
pouco tempo. Mas essa lenda
forjou-se na Gália, por causa
da veneração de Martinho
de Dume, que o calendário
católico hoje celebra, ao seu
homónimo de Tours, festejado
a 11 de Novembro.
O que se sabe é que Martinho
veio de longe, chegou à Galécia
cerca do ano 550 e se tornou o
primeiro abade do mosteiro
de Dume, perto de Braga. Ali,
o monge “inicia ou dá corpo
a uma tradição monástica
hispânica de características
singulares”, escreve Aires
A. Nascimento (Instrução
Pastoral Sobre Superstições
Populares – De Correctione
Rusticorum, ed. Cosmos).
Essa especificidade do
Noroeste peninsular católico
acabará por originar, entre
outras coisas, o rito bracarense.
E traduz-se, na época de
Martinho, em aspectos como
os que “respeitam à observância
de normas litúrgicas, à organização dirigida por um
bispo-abade e a um programa
de vida que combina reflexão
com trabalho, cultivando o
gosto pelo estudo aliado à
meditação”.
Nesse tempo, a Galécia é
uma encruzilhada de povos
e reinos, após a queda do
Império Romano. Em 558, a
conversão do rei suevo Teodomiro,
impulsionada por
Martinho, tem como consequência
a pacificação entre
suevos, hispano-romanos (já
cristianizados) e visigodos.
Esta conversão possibilita
ainda a realização do I Concílio
de Braga, em 561. A reunião,
escreve Aires Nascimento, é
“determinante na definição
da ortodoxia e na reposição
da unidade da fé”, até aí ameaçada
pelo priscilianismo,
movimento que defendia
uma reforma interior da
Igreja propondo um caminho
de rigorismo, com uma carga
anti-social profunda. No concílio
já o abade de Dume se destaca.
Oito anos depois, em 569,
é escolhido naturalmente para
suceder a Lucrécio como bispo
de Braga e nesse papel organizará
o II concílio, em 572.
A sua importância como
doutrinador e organizador da
Igreja evidencia-se claramente
nas duas décadas seguintes:
Martinho preocupa-se em
combater as práticas pagãs
e supersticiosas, ao mesmo
tempo que propunha ao clero
e aos fiéis normas de vida e regras
de comportamento exemplares.“Cuidou sobretudo de
uma pastoral directa, atenta às situações, interveniente e
benevolente”, sintetiza Aires
Nascimento.
É neste contexto que surge
o De Correctione Rusticorum,
ou Sermão Sobre a Correcção
dos Rústicos. “Um verdadeiro
programa de erros condenados
e a corrigir”, observa
a historiadora Ana Maria
Jorge (História Religiosa de
Portugal – vol. I, ed. Círculo de
Leitores). No texto, Martinho
critica vários dos costumes da
religiosidade pagã vigentes na
Galécia. Superstição, entende
o bispo, confunde-se com obra
demoníaca.
A par de obras de carácter
moral, Martinho critica ainda
o uso, que alguns persistiam
em fazer, dos nomes de divindades
pagãs para designar os
dias da semana. O triunfo da
designação de “feira” para
os dias úteis, em língua portuguesa,
tem, assim, a sua
assinatura.
A FOTO DO DIA
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Todos os dias, neste espaço, é publicada a foto escolhida no âmbito da iniciativa Grande Fotografia de Natal, promovida pelo Millennium BCP. Dia 26, serão publicadas as 3 grandes vencedoras.
O regulamento pode ser consultado aqui ou em www.millenniumbcp.pt.
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Fotografia: Rui Manuel Silva Flórido Gonçalves
Data: 27 de Novembro de 2005 |
POEMA DE NATAL
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Poema escolhido
por Vasco Graça Moura
e incluído no livro Natal... Natais
– Oito Séculos de Poesia
sobre o Natal, por ele compilado,
a editar pelo PÚBLICO
no próximo dia 14 de Dezembro
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Ao Menino Deus em metáfora
de doce Quem quer fruta doce?
Mostre cá, que é isso?
E doce coberto,
E manjar Divino.
Vejamos o Doce,
E depois que o virmos,
Compraremos todo,
Se for todo rico.
Venha ao Portal logo,
Verá que não minto,
Pois de várias sortes
E doce Infinito.
Descubra, minha alma;
Mas ah! Que diviso
Envolto em mantilhas
Um Infante lindo.
Pois de que se admira
Quando este Menino
De Doce coberto
E Manjar Divino?
Diga o como é doce,
Que ignoro o prodígio;
Não sabe o mistério?
Ora vá ouvindo.
Muito antes de Santa Ana
Teve este Doce princípio,
Porque já do Salvador
Se davam muitos indícios.
Mas na Anunciada dizem
Que houve mais expresso aviso,
E logo na Encarnação
Se entrou por modo Divino.
Esteve pois na Esperança
Muitos tempos escondido,
Saiu da Madre de Deus,
Depois às Claras foi visto.
Fazem dele estimação
As Freiras com tal capricho,
Que apuram para este Doce
Todos os cinco sentidos.
Afirmam que no Calvário
Terá seu termo finito,
Sendo que no Sacramento
Há-de ter novo artificio.
Que seja doce este Infante
A razão o está pedindo,
Porque é certo que é Morgado,
Sendo Unigénito Filho.
Exposto ao rigor do tempo
Quando tirita nuzinho,
Um Caramelo parece
Pelo banco & pelo frio.
Tal Doce é, que porque farte
Ao pecador mais faminto,
Será de Pão com espécies
Substancial Doce Divino.
E Manjar tão soberano,
Regalo tão peregrino,
Que os espíritos levanta,
Tornando aos mortos vivos.
Tão delicioso bocado
Será de gosto infinito,
Manjar real verdadeiro,
Manjar branco parecido.
Que é manjar dos Anjos dizem
Talentos mui fidedignos,
Por ser pão-de-Ló, que aos Anjos
Foi em figura oferecido.
JERÓNIMO BAÍA
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