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Miguel Ângelo, Isaías, abóbada da Capela Sistina (Vaticano) |
Isaías
É três em um: “A amplitude, beleza literária e conteúdo teológico convertem o livro de Isaías numa obra magna do Antigo Testamento”, escreve o biblista catalão Francesc Ramis Darder (revista Vida Nueva, 8-10-2005). E o livro bíblico divide-se em três partes, correspondentes a outros tantos autores, épocas e contextos. A personalidade de Isaías “foi de tal modo forte, que a tradição funde na sua pessoa as três partes do livro que leva o nome de Isaías”, lê-se na introdução ao livro, na edição da Nova Bíblia dos Capuchinhos (ed. Difusora Bíblica).
De estilo “clássico e nobre”, diz o mesmo texto que o Primeiro Isaías “é uma das grandes obras da literatura universal”. E acrescenta: “O autor é um grande poeta que usa a lei das assonâncias e sabe tirar partido dos sinais dos tempos. É um grande teólogo da História, que fala através de símbolos e metáforas com uma carga emotiva e apelativa muito profunda.”
Que profeta é este? No conceito bíblico, profeta é aquele “que anuncia diante doutras pessoas alguma coisa da parte de Deus”, explica o biblista basco Jesus-Maria Arsumendi (Primeiro Isaías, ed. Difusora Bíblica).
O Primeiro Isaías (que abrange até ao capítulo 39 do livro bíblico) nasce à volta do ano 760 a.C. e vive no século VIII a.C., na época de Ozias, Jotam, Acaz e Ezequias, reis de Judá. Deveria ser de família nobre, talvez mesmo próxima dos reis. Homem culto, a sua acção situa-se num tempo de crise e profundas tensões entre reinos vizinhos. Judá está entalado entre o Egipto e a Assíria, ao qual presta vassalagem. O Segundo Isaías é do tempo do exílio na Babilónia, onde os hebreus mantinham a esperança do regresso. O Terceiro Isaías fala do pecado do povo e de Deus que, apesar disso, não abandona a aliança.
Que profeta é este, afinal? Isaías chama a atenção dos reis e avisa contra perigos de decisões injustas: “Ai dos que decretam leis injustas e dos que redigem prescrições opressoras, dos que afastam os pobres do tribunal, e zombam dos direitos dos fracos do meu povo, fazendo das viúvas a sua presa e roubando os bens dos órfãos!” (10, 1-2)
Isaías é, também, o profeta que recorda que o povo se aproxima de Deus “só com palavras” e que o honra “só com os lábios”, pois o culto que presta “é apenas preceito humano e rotineiro”. A mensagem de Isaías é ainda apropriada pelos cristãos, de modo especial no tempo de Advento, como antecipação do nascimento de Jesus Cristo, como o libertador das injustiças contra as quais o profeta se manifesta.
No capítulo 11, anuncia-se esse “reino messiânico” de paz e justiça: “Então o lobo habitará com o cordeiro,/ e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito;/ o novilho e o leão comerão juntos,/ e um menino os conduzirá. (…) Não haverá dano nem destruição em todo o meu santo monte.”
A FOTO DO DIA
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Todos os dias, neste espaço, é publicada a foto escolhida no âmbito da iniciativa Grande Fotografia de Natal, promovida pelo Millennium BCP. Dia 26, serão publicadas as 3 grandes vencedoras.
O regulamento pode ser consultado aqui ou em www.millenniumbcp.pt. |
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Fotografia: João Luís G. B. Couto Barros
Data: 8 de Dezembro de 2005 |
POEMA DE NATAL
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Poema escolhido
por Vasco Graça Moura
e incluído no livro Natal... Natais
– Oito Séculos de Poesia
sobre o Natal, por ele compilado,
a editar pelo PÚBLICO
no próximo dia 14 de Dezembro
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Loa
Meu Menino Jesus dos triguinhos no prato,
Não enxugues a tua lágrima de vidro,
Não apagues a tua estrela de prata suspensa no quarto ainda morno,
Não deixes envelhecer os velhos tios de retábulo
Ajoelhados em torno:
Deixa estar as palhinhas urinadas no estábulo,
Que a chuva cheira bem e o pão tufa no forno.
Doira, Menino Jesus, aquele milho amarelo
Que o Joaquim Pacheco secou na escuridão do seu muro,
E manda um navio de nevoeiro
Ao poeta que embarcou à noite no Funchal
Deixando o lenço de sua Mãe molhado no último adeus.
Anda, Menino Jesus, e não me queiras mal
Se eu te disser que assim é que te sinto Deus.
Manda o navio de nevoeiro
Pela primeira vaga que vires redonda e rebentada:
Tua mão outra vez a atira contra a noite,
Como se não tivesse batido nessa grande praia parada.
E deixa as minhas faltas à missa,
Esquece os pontos fracos da minha velha teologia,
E o orgulho, a razão, o materialismo passageiro...
Mandes tu pelo mar o navio de nevoeiro!
VITORINO NEMÉSIO |
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