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Barbara Garrison, A Criação, colagem e aguarela |
“Ainda que os montes sejam abalados e tremam as colinas, o meu amor por ti nunca mais será abalado, e a minha aliança de paz nunca mais vacilará. Quem o diz é o Senhor, que tanto te ama.” (Profecia de Isaías 54, 10)
Árvore de Natal
É em volta da árvore que a expectativa do Natal vai crescendo: ali se vão colocando os presentes destinados a ser abertos entre alegrias e esperanças. Ali ganham cor sonhos de laços coloridos, desejos de promessas sempre renovadas.
A alegria começa antes: na construção da árvore de Natal, como do presépio, ganha expressão o comunitário: estrelas construídas pelos mais novos, anjos feitos na escola, iluminações que cantam. Ensaia-se o gosto, aprende-se a beleza. A alegria celebra o quotidiano ou o extraordinário.
Num dos textos da profecia de Isaías, lida pelos cristãos durante o Advento, proclama-se o inesperado: “Exulta de alegria, estéril, tu que não tinhas filhos, entoa cânticos de júbilo, tu que não davas à luz, porque os filhos da desamparada são mais numerosos do que os da mulher casada. É o Senhor quem o diz” (Isaías 54, 1).
Diariamente, ilumina-se a árvore, símbolo da época de Natal mais ligado ao Norte da Europa e aos países protestantes. Daí terá vindo, mesmo se a sua origem será ainda mais remota: possivelmente estará ligada a rituais de ornamentação ou a jogos na Idade Média.
Símbolo maior de uma vida que nasce e se renova, a árvore é também um tema bíblico relevante. No Paraíso, era a árvore do conhecimento do bem e do mal a que marcava a fronteira entre Deus e a humanidade. Na profecia de Isaías, nasce de um tronco de árvore a utopia messiânica: “Brotará um rebento do tronco de Jessé” (11, 1).
Utopia de um mundo justo, equitativo e pacificado, a profecia de Isaías fala do tronco de Jessé. Refere-se ao pai daquele que viria a ser o rei David, de Jerusalém e que, para os cristãos, é o início da árvore genealógica de Jesus. Esse texto prenunciador da utopia de um mundo diferente que os cristãos lêem como profecia da boa nova que Jesus irá anunciar:
Brotará um rebento do tronco de Jessé,
e um renovo brotará das suas raízes.
Sobre ele repousará o espírito do Senhor:
espírito de sabedoria e de entendimento,
espírito de conselho e de fortaleza,
espírito de ciência e de temor do Senhor.
Não julgará pelas aparências nem proferirá sentenças somente pelo que ouvir dizer;
mas julgará os pobres com justiça,
e com equidade os humildes da terra;
ferirá os tiranos com os decretos da sua boca,
e os maus com o sopro dos seus lábios.
A justiça será o cinto dos seus rins,
e a lealdade circundará os seus flancos.
Então o lobo habitará com o cordeiro,
e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito;
o novilho e o leão comerão juntos,
e um menino os conduzirá.
A vaca pastará com o urso,
e as suas crias repousarão juntas;
o leão comerá palha como o boi.
A criancinha brincará na toca da víbora
e o menino desmamado meterá a mão na toca da serpente.
Não haverá dano nem destruição em todo o meu santo monte,
porque a terra está cheia de conhecimento do Senhor,
tal como as águas que cobrem a vastidão do mar.”
(Isaías 11, 1-10) ■
A FOTO DO DIA
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Todos os dias, neste espaço, é publicada a foto escolhida no âmbito da iniciativa Grande Fotografia de Natal, promovida pelo Millennium BCP. Dia 26, serão publicadas as 3 grandes vencedoras.
O regulamento pode ser consultado aqui ou em www.millenniumbcp.pt. |
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Fotografia: Wilson Ferreira Antunes
Data: 1 de Dezembro de 2005 |
POEMA DE NATAL
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Poema escolhido
por Vasco Graça Moura
e incluído no livro Natal... Natais
– Oito Séculos de Poesia
sobre o Natal, por ele compilado,
a editar pelo PÚBLICO
no próximo dia 14 de Dezembro
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Rosas de Inverno
Corolas, que floristes
Ao sol do inverno, avaro,
Tão glácido e tão claro
Por estas manhãs tristes.
Gloriosa floração,
Surdida, por engano,
No agonisar do ano,
Tão fora da estação!
Sorrindo-vos amigas,
Nos ásperos caminhos,
Aos olhos dos velhinhos,
As almas das mendigas!
Desse Natal de inválidos
Transmito-vos a bênção,
Com que vos recompensam
Os seus sorrisos pálidos.
CAMILO PESSANHA |
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