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Prefácio
Nuno Pacheco
A poucos meses de completar oito anos de vida, o PÚBLICO
torna finalmente público o seu Livro de Estilo, transferindo-o
dos poucos exemplares policopiados que já dele restavam para
um formato mais manuseável: o livro. Com este gesto, queremos
não só tornar acessível a todos um instrumento
de trabalho que, ao longo dos anos, para nós tem sido decisivo
na definição do tipo de jornalismo a que nos propusemos,
como também contribuir, ainda que modestamente, para a discussão
do futuro do jornalismo neste fim de milénio.
Como todas as regras nascidas no interior de qualquer
sociedade ou instituição, este livro reúne
apenas princípios que, partindo de uma ideia partilhada de
início por um grupo de pessoas, encontraram depois forma
e legitimidade na validação prática dos seus
pressupostos. Os anos que se seguiram à fundação
do jornal, na sua dinâmica quotidiana, vieram moldar e consagrar
estes princípios, corrigindo os que, por inadequação
ou rigidez, deixaram de fazer sentido na sua formulação
inicial. Mas as bases do projecto PÚBLICO estão todas
aqui, de forma clara, expostas ao entendimento dos que o lêem,
conhecem, estudam ou criticam. Para que se perceba, entre outras
coisas, o que significa para nós a ideia de associar, na
prática jornalística quotidiana, qualidade e diversidade,
técnica e ética, padrões clássicos de
jornalismo com uma disponibilidade permanente para a inovação
(ver texto de Vicente Jorge Silva).
Mas não se iludam: a leitura deste livro não
chega por si só para transformar maus jornalistas em bons
jornalistas, tal como a ignorância dos seus pressupostos não
é fatal a quem, hoje ou no futuro, queira fazer do jornalismo
profissão e arte. O que aqui se define são regras
para um caminho possível no vasto e turbulento mundo da comunicação
social contemporânea, não necessariamente o caminho
em si. Mas são essas regras, aliadas à convicção
que delas emana, que permitem olhar ainda hoje o projecto PÚBLICO
como uma experiência ímpar, partilhada ao longo de
pouco menos de uma década por excelentes profissionais e
um público exigente que nele vê, desde o início,
uma aposta editorialmente ganha e jornalisticamente credível.
A todos, onde quer que estejam, o nosso reconhecido agradecimento.
Este livro é vosso.
Dezembro de 1997
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