Religiões
Cristãs (católica, ortodoxa, protestantes, anglicana),judaísmo,
muçulmana, hinduísmo, budismo
Só no âmbito do cristianismo se fala de "Igrejas";
nos outros casos, diz-se "religiões". As três religiões
moteístas judaísmo, cristianismo, islamismo são também
referidas como as religiões do Livro.
Cristianismo
Para os cristãos, Jesus Cristo é o messias que
os judeus esperavam e não reconheceram, e que, segundo os seus primeiros
seguidores, foi crucificado, morreu e ressuscitou, tornando-se a ressurreição
o centro do cristianismo. Esta religião baseia-se, assim, na fé numa
pessoa JC e não numa entidade transcendente (ao contrário
dos outros dois monoteísmos). JC é também chamado filho de Deus, uma
das três pessoas da Santíssima Trindade as outras são designa-das
por Deus Pai e Espírito Santo; mas para os cristãos Deus é um só revelado
em três pessoas distintas.
Pelo baptismo, as pessoas tornam-se cristãos, membros
da Igreja.
A Igreja (só no âmbito do cristianismo se fala
de igrejas; nos outros casos, há religiões com diferentes formas de
estruturação) é a assembleia dos que seguem Jesus Cristo. Por razões
históricas, teológicas, culturais, a Igreja de Cristo dividiu-se.
Apresentam-se a seguir os casos principais.
Igreja Católica Romana
1. Na Igreja Católica, além do essencial da fé
cristã, aceita-se o culto da Virgem Maria (ou Nossa Senhora), a mãe
de Jesus, e o culto dos santos. A hierarquia é basicamente constituída
por diáconos, padres, bispos e Papa.
Diácono: clérigo (ordenado como o padre), mas que
não tem a faculdade de celebrar missa.
Padre, presbítero ou sacerdote. Deve-se evitar
referir os padres por títulos honoríficos, como monsenhor ou cónego.
Bispo: bispo residencial ou titular e bispo auxiliar;
depois dos 75 anos, e uma vez aceite a resignação, passa a resignatário
ou emérito; pode utilizar-se a palavra "prelado" para designar
um bispo, nunca para referir um padre. Alguns bispos podem ser chamados
arcebispos, quando a diocese a que presidem é a arquidiocese, ou seja,
a sede de uma província eclesiástica (em Portugal: Braga, Lisboa e
Évora). Outros poderão ser cardeais, título de nomeação papal. Só
alguns bispos em todo o mundo são patriarcas (título de distinção),
como é o caso do de Lisboa.
Papa: eleito pelo colégio cardinalício,
é considerado o chefe da Igreja ou o seu centro visível da unidade.
Fumo branco é o sinal, dado para o exterior da Basílica de São Pedro
do Vaticano, de que o novo Papa já foi eleito; esse anúncio público
é feito com a fórmula: "Habemus Papa!"
Há órgãos institucionais, como os
concílios (reunião de todos os bispos do mundo), conferências episcopais
(todos os bispos de um país), os sínodos dos bispos (que reúnem
em Roma, ordinariamente de três em três anos, representantes de
todas as conferências episcopais do mundo, para debater um tema
concreto e propor ao Papa linhas de orientação a esse nível) ou
a Cúria Romana.
É de evitar o uso do termo laicos
para referir os crentes. Embora o significado das palavras seja
dado como sinónimo em português, tem vindo a fixar-se a designação
de leigos para os que não são clérigos, os fiéis, ao mesmo tempo
que "laicos" aparece mais no sentido de não religioso,
como em "Estado laico".
Também é imprópria a expressão "dizer
missa". A missa (ou eucaristia) é rezada ou celebrada. "Missa"
designa a principal liturgia católica; nas outras igrejas ou religiões,
deve falar-se de liturgia, culto, oração ou outra expressão mais
específica.
Outras igrejas ou confissões cristãs
Ortodoxos
Não reconhecem a autoridade do Papa
(desde o cisma de 1054, quando se deu a ruptura entre os bispos
de Roma e de Constantinopla), mas têm uma estrutura doutrinal e
hierárquica semelhante à católica: culto dos santos, devoção à Virgem
Maria, eucaristia; as imagens em pedra não existem na Igreja Ortodoxa,
sendo "substituídas" pelos ícones.
Os diáconos e os padres podem casar-se
antes da ordenação, os bispos têm que ser celibatários (são escolhidos
entre os monges).
Os patriarcas chefiam os diversos
patriarcados autocéfalos; o patriarca de Constantinopla é o líder
espiritual, mas não tem qualquer autoridade sobre os restantes.
As mais importantes assembleias são
os sínodos.
Em Portugal há dois pequenos grupos
que reivindicam serem representantes da ortodoxia.
Protestantes
Nascem da cisão provocada pela excomunhão
de Lutero, depois de este monge alemão ter afixado, em 1517, as
suas 95 teses contra as indulgências. Lutero foi depois seguido
por outros nomes que hoje também são referência do protestantismo:
Calvino, Wycliff, Zwingli, Wesley, Knox.
Recusam a autoridade do Papa, o culto
dos santos e da Virgem Maria, e vêem os sacramentos de um modo mais
desvalorizado do que os católicos (dependendo essa valorização de
cada uma das confissões).
A ruptura de Lutero baseada
na ideia da "sola fide, sola scriptura" (só a fé e só
a Escritura é que salvam) cria uma multiplicidade de grupos:
reformados, evangélicos, calvinistas, presbiterianos, etc. A estrutura
destas Igrejas quase não tem hierarquia: esta resume-se pouco mais
que ao pastor ou presbítero (equivalente ao padre, mas que pode
casar) e, às vezes, ao bispo (também pode casar).
Em Portugal, há dois grandes grupos:
metodistas, presbiterianos e anglicanos/lusitanos (ver a seguir)
reúnem-se no Conselho Português de Igrejas Cristãs (Copic), inserindo-se
numa corrente que radica directamente na Reforma e admite actualmente
o diálogo ecuménico (institucional e teológico) com a Igreja Católica;
os evangélicos (Assembleia de Deus, Baptistas, Adventistas do Sétimo
Dia, Pentecostalistas, Irmãos, etc.) correspondem fundamentalmente
a igrejas nascidas nos últimos 100-150 anos, e agrupam-se na Aliança
Evangélica Portuguesa, que aceita o diálogo institucional, mas não
teológico, com a Igreja Católica.
Anglicanos
Nascem da cisão provocada, em 1534,
por Henrique VIII entre a Igreja de Inglaterra e o Papa. Têm uma
doutrina e uma hierarquia semelhantes à católica, mas admitem actualmente
o casamento dos padres e a ordenação de mulheres, e recusam a jurisdição
do Papa.
A Comunhão Anglicana é a "federação"
de todas as igrejas anglicanas do mundo. A Igreja Lusitana, de Portugal,
integra a Comunhão Anglicana.
Ortodoxos, protestantes e anglicanos
estão reunidos no Conselho Mundial de Igrejas ou Conselho Ecuménico
de Igrejas, com cerca de 320 denominações ou Igrejas representadas
(dados de 1997). Os evangélicos estão federados na Aliança Evangélica
Mundial.
Novos movimentos religiosos ("seitas")
Fenómeno recente na sua expressão
sociológica, vulgarmente denominados como "seitas", os
novos movimentos religiosos (pelo menos os cristãos, como Igreja
Maná ou Igreja Universal do Reino de Deus) herdam muito das denominações
evangélicas de origem americana, mas insistem em outras práticas
secundarizadas por aqueles, como sejam as curas e a colecta de dízimo
("ofertas"). Tem sido prática do PÚBLICO referir-se a
estes grupos como "novos movimentos religiosos", evitando
chamar-lhes "seitas", que passou a ter uma conotação pejorativa.
Judaísmo
Fruto da experiência histórica de
um povo surgido da tribo de Abraão (cuja herança é também reivindicada
por muçulmanos e cristãos), o judaísmo é a primeira experiência
de fé num único Deus. Para os judeus, Deus é o criador, revelado
sucessivamente pelos patriarcas Abraão, Isaac e Jacob, por Moisés
(que libertou os judeus da escravatura do Egipto) e pelos profetas.
Os judeus esperam ainda a vinda de um Messias que os salvará.
Alguns termos mais importantes:
"arvit"
Oração da noite.
Asquenaze Nome medieval
da Alemanha; por extensão chama-se "asquenazes" aos
judeus originários da área cultural europeia.
"bar mitzva"
Cerimónia de iniciação religiosa que marca a entrada do adolescente
de treze anos na comunidade dos adultos.
Cabala "Tradição
recebida", em hebraico: o conjunto das doutrinas e dos preceitos
do misticismo judaico.
"casher"
Ritualmente puro, referindo-se aos alimentos.
Eretz-Israel Literalmente,
"país de Israel" ou "Terra de Israel".
gueto Designava em
Veneza o bairro reservado aos judeus. Por extensão, o bairro judaico,
imposto ou voluntário, em numerosas cidades europeias. Também
se continua a escrever "ghetto", não aportuguesado.
"hazan"
Oficiante cantor da sinagoga.
holocausto Sacrifício
no Templo de Jerusalém. Na acepção corrente (em caixa alta), a
palavra designa também a Shoah (impropriamente, segundo os judeus).
judaísmo ortodoxo
Corrente que professa um tradicionalismo de estrita obediência
rabínica.
judaísmo reformado
Corrente nascida na Alemanha no século XIX, que modifica largamente
a ortodoxia religiosa a fim de adaptá-la às exigências morais,
intelectuais e práticas da modernidade.
"kibutz"
"Reagrupamento"; comuna agrícola.
kipá (ou "kipah")
Solidéu (para cobrir a cabeça).
Kotel Maaravi O Muro
Ocidental do Templo, conhecido como Muro das Lamentações.
ladino Língua dos
judeus da Península Ibérica que incorpora palavras espanholas,
portuguesas e hebraicas.
marrano Termo pejorativo
que designava os cristãos-novos judaizantes de Espanha e de Portugal,
assim como os seus descendentes da diáspora sefardita.
menorá (ou "menorah")
Candelabro de sete braços utilizado no Templo (hoje, emblema
do Estado de Israel).
midrash (pl.: "midrashim")
Método de comentário e de interpretação da Bíblia; recolha
de comentários rabínicos.
parnas O que dirige
a sinagoga.
Pessá (ou Pessah)
Páscoa judaica; palavra que significa "passagem".
rabi "Meu mestre":
título dos sábios; líder espiritual da comunidade.
Rosh-ha-Shana Literalmente
"cabeça do ano"; o Ano Novo judaico, celebrado no princípio
do mês de Tishré (Setembro-Outubro).
Sabat (do hebraico Shabath)
O sétimo dia da semana; é o dia sagrado (de descanso) semanal
para os judeus.
sefarditas "Espanhóis",
em hebraico: descendentes dos judeus de Espanha e Portugal; por
extensão, judeus dos países mediterrânicos, por oposição aos asquenazes.
"Shemah Israel"
"Escuta, Israel": primeira expressão da profissão
de fé do judeu, proclamando a unidade de Deus.
sinagoga Casa do encontro;
lugar de encontro e estudo.
Shoah "Catástrofe";
designa o genocídio nazi durante a II Guerra Mundial.
Tábuas da Lei (ou da Aliança)
O texto do Decálogo, gravado em pedra, entregue por Deus
a Moisés no monte Sinai.
Talmude "Doutrina",
"Ensino", "Estudo"; fixa o ensino das grandes
academias rabínicas dos séculos I-VI (da era cristã).
Tora "Ensinamento";
os cinco livros iniciais da Bíblia; por extensão, o conjunto da
literatura rabínica.
Yom Kipur O dia do
Grande Perdão (ou da expiação); dia de jejum e de orações.
Islamismo
O islamismo, a terceira religião monoteísta,
começa historicamente na Arábia, com Maomé, que iniciou as suas
pregações em 613, ainda em Meca. Em 622, o Profeta muda-se para
Medina foi a hégira, facto crucial que inaugura o calendário
islâmico, que é lunar (assim, por exemplo, o ano 1417 d.H. começou
em 19 de Maio de 1996). Tendo-se expandido continuadamente, sobretudo
nas regiões circundantes, ainda no século VII, e pelo Norte de África,
Península Ibérica e Índia no século seguinte, o islamismo conta
actualmente com cerca de 500 milhões de fiéis por todo o Mundo.
Mais do que uma fé, caracteriza-se por uma maneira de viver, ou
"din". "Não há outro deus senão Deus, e Maomé é o
seu profeta" esta a profissão de fé, ou "shahada",
que constitui o primeiro dos cinco pilares do islamismo, ou obrigações
cultuais do muçulmano. A segunda é a oração ("çalat"),
que se faz cinco vezes ao dia, voltado para Meca; a terceira a esmola
("zakat"); o jejum do mês do Ramadão ("çawm"),
durante as horas diurnas, é o quarto; e o quinto a "hajj",
a peregrinação a Meca que todo o crente deve fazer pelo menos uma
vez na vida, se para tal tiver meios.
Dicionário
islâmico
[Dados extraídos e adaptados de
"A Popular Dictionary of Islam", de Ian Richardson Netton,
Ed. Curzon Press, Londres, 1992]
"abd" (plural "ibad"
ou "abid") Palavra que significa escravo, servo
(de Deus). No plural, "abid", é frequentemente usado
para designar "escravos", enquanto "ibad"
é usado para servos (de Deus). "Al-Ibad" significa "humanidade",
embora o Corão use o plural "ibad" para escravos. "Abd"
é também usado nos nomes próprios. Exemplo: Abd al-Rahman (Servo
de Deus Misericordioso).
Aga Khan A palavra
"Agha" foi usada em turco para designar "chefe";
mas também era usada para indicar eunucos ao serviço do governo.
A palavra era ainda utilizada em persa com significado semelhante,
mas frequentemente soletrada como "Aqa". "Khan"
era uma palavra turca e persa que significava "chefe"
ou "senhor". A combinação das duas num único título
foi adoptada pelos imãs dos nizaris, uma seita dos ismailitas.
O título foi instaurado pelo Xá da Pérsia em 1818.
Ahmadiyya Um movimento
religioso (com representação em Portugal) fundado em 1889 por
Mirza Ghulam Ahmad Qadiyan (1835-1908). O Ahmadiyya tem sido frequentemente
perseguido por outros muçulmanos desde que Ghulam Ahmad alegou
ser o Mahdi, ou o Prometido Messias. Os ahmadis acreditam que
Jesus ressuscitou da morte na cruz e foi para Srinagar (Índia)
onde morreu e foi enterrado. O Ahmadiyya dividiu-se em dois grupos:
os qadiyanis, que acreditavam em Ghulam Ahmad como um Nabi (Profeta),
e os lahoris, que acreditavam ser o seu fundador um Mujadid (Renovador).
A sede do Ahmadiyya funciona em Rabwah (Paquistão).
Alá Esta palavra é
formada do árabe "al-Ilah" que significa, literalmente,
"Deus".
alauitas e alevitas
Membros de um grupo também designado nusayris, ou aqueles
que seguem Ali Abu Talib. O nome nusayris deriva de um dos seus
primeiros líderes, Muhammad Nusayr (século XIX). As suas crenças
têm muito em comum com as dos ismailitas. Há nusayris na Síria,
na Turquia e no Líbano. Na Turquia são também conhecidos como
alevitas.
Al-Azhar Literalmente
"O Brilhante" ou "O Radiante". O nome completo
é al-Jami al-Azhar (A Mesquita Radiante). É o título da mais famosa
universidade e mesquita, fundada pela dinastia xiita dos fatimidas
no Cairo depois de conquistar o Egipto em 969. Foi criada inicialmente
como um bastião da doutrina ismailita, mas tornou-se um reduto
da ortodoxia sunita com os ayúbidas (dinastia que precedeu os
mamelucos e cujo nome deriva do curdo Ayyub, pai do famoso Saladino).
"Allahu Akbar"
Deus é grande (declaração ou expressão de elogio e glorificação).
Al-Quds Nome árabe
de Jerusalém, que significa "A Sagrada". É venerada
como a terceira cidade santa do islão, depois de Meca e Medina
(na Arábia Saudita), porque o profeta Maomé, acreditam os muçulmanos,
ascendeu daqui aos Sete Céus.
Amal Significa Esperança
e é também o nome adoptado por um grupo xiita no Líbano, fundado
em 1974 pelo imã Musa al-Sadr, que desapareceu em 1978, na Líbia.
Ashura O décimo dia
do mês muçulmano de al-Muharram. O profeta Maomé costumava jejuar
neste dia e por isso ainda hoje é considerado um dia santo e de
jejum pelos muçulmanos sunitas. Para os xiitas é particularmente
sagrado por ser o aniversário do martírio de al-Hussein Ali na
Batalha de Kerbala.
Assassinos Seita medieval
extremista dos nizaris, um ramo dos ismailitas, que aprovava os
assassínios políticos. Fundada por Hasan-i-Sabbah, tinha o seu
quartel-general na fortaleza de Alamut. O nome árabe de onde derivou
a palavra Assassino é "hashishiyyin" (literalmente,
os "consumidores de haxixe"), talvez um insulto dirigido
ao grupo, mais do que uma reflexão dos seus verdadeiros hábitos.
"ayatollah"
Literalmente, "O Sinal de Deus". É um título atribuído
no século XX por aclamação popular e pelos seus pares aos académicos
xiitas que alcançaram eminência, geralmente no campo da jurisprudência
ou da teologia islâmica. Depois da revolução iraniana de 1979
aumentou o número dos que se consideram "ayatollahs".
No entanto, um pequeno número talvez menos do que dez
também ostenta o título de Ayatollah al-Uzma (O Maior Sinal de
Deus). Destes, o mais conhecido era o "ayatollah "Khomeini,
que também detinha o título de Maraji al-Taqlid (Fonte de Imitação).
O grau abaixo de um vulgar "ayatollah" é Hujjat I-Islam.
babismo Movimento
que deriva de "Bab" (literalmente "Porta"
para o Imã Oculto), título assumido em 1844 por Mirza Alu Muhammad
(1819-1850), de Shiraz (Irão), que acabou executado pelos seus
fiéis. Da seita babi nasceram posteriormente os "bahais".
"bahais"
Membros de uma nova religião que deriva do babismo, fundado por
Bahaullah (nascido de uma família aristocrática de Teerão)
e propagada pelo seu filho Abd al-Baha. Acreditam num deus transcendente
que se manifestou através de uma cadeia de profetas, alguns dos
quais familiares ao judaísmo, cristianismo e islamismo, e com
poderes de verdade intrínseca. São um ramo de um ramo de um ramo
dos Ithna Asharis (xiitas), e por isso têm sido considerados
hereges pelos muçulmanos, sujeitos a perseguições e execuções.
"burqu",
em árabe (plural "baraqi"); "burqa"
(em persa) O longo véu que cobre a maior parte do corpo
das mulheres muçulmanas, excepto os olhos.
califa (em árabe "khalifa";
plural "khulufa") Chefe da comunidade dos crentes.
A palavra árabe nos primórdios da história islâmica significa,
literalmente, "sucessor" ou "adjunto" (do
profeta Maomé). Este cargo (do islão sunita) combinava, teoricamente,
uma função espiritual e secular, embora, na prática, sob dinastias
como a dos Omíadas, a função secular suplantasse a espiritual.
"chador"
Vocábulo persa que designa a longa túnica e o véu negros que cobrem
todo o corpo feminino. É usado no Irão e em vários países árabes.
Corão (em árabe Quran)
Significa literalmente "Recitação". É o livro
mais sagrado do islão, considerado pelos muçulmanos a palavra
de Deus revelada pelo anjo Gabriel ao profeta Maomé. O texto consiste
em 114 capítulos, cada um designado "sura" (em árabe).
Cada "sura" é classificado segundo a proveniência
Meca ou de Medina, as cidades onde Maomé recebeu as revelações
divinas e cada uma está dividida em versículos.
Dar al-Harb Significa,
literalmente, a Casa da Guerra. É uma expressão usada na lei islâmica
para designar regiões ou países não muçulmanos.
Dar al-Islam Literalmente,
a Casa do Islão. É um termo usado na jurisprudência islâmica para
indicar a totalidade das regiões ou países sujeitos às leis muçulmanas.
Contrasta com Dar al-Harb, mas há uma terceira área chamada Dar
al-Aman (Casa da Segurança).
druso (em árabe "durzi"
plural "duruz") Seguidor de uma seita
religiosa dissidente dos ismailitas, que apareceu no século XI,
no Egipto. A palavra druso deriva do último elemento do nome próprio
de Muhammad Ismail a-Darazi. Este, considerado um dos fundadores
dos drusos, pregava que o sexto califa fatimida, al-Hakim Bi-Amr
Allah, era divino. Al-Hakim desapareceu em circunstâncias misteriosas
em 1021 e os drusos acreditam que não morreu. A sua doutrina é
muito complexa e secreta. É também elitista na organização, dividindo
os crentes em "uqqal", ou inteligentes, e "juhhal",
ou ignorantes. Os drusos estão concentrados no Líbano, Síria e
Israel.
"fatwa" (plural
"fatawa") Termo técnico usado na lei islâmica
para indicar um julgamento ou uma deliberação legal formal.
"fiqh" No
seu sentido técnico, a palavra significa "jurisprudência
islâmica". Originalmente, era sinónimo de "compreensão"
ou "conhecimento". A jurisprudência islâmica baseia-se
ou divide-se em quatro principais escolas: hanafita, hanbalita,
maliquita e shafita. Os kharijitas e os xiitas têm os seus próprios
sistemas de jurisprudência.
fundamentalismo (islâmico)
Na sua essência, esta expressão parece indicar o desejo de regresso
a um islão "ideal", talvez o da era de Rashidun (epíteto
aplicado aos quatro "Califas Correctamente Guiados"
al-Khulufa al-Rashidun, que governaram a comunidade dos
crentes após a morte do profeta Maomé, ou seja, Abu Bakr, Umar
al-Khattan, Uthman Affan e Ali Abi Talib. Muitos fundamentalistas
islâmicos acreditam que o islão da era moderna e os chamados "Estados
islâmicos" foram corrompidos. Desejam regressar ao "verdadeiro"
islão, sem qualquer compromissos com o secularismo, o que frequentemente
gera hostilidade em relação ao Ocidente.
"hajj" (plural
"hajjat") Peregrinação. Este é um dos cinco "arkan"
(pilares) do islão. Todos os muçulmanos, desde que satisfeitas
as condições de boa saúde e capacidade financeira, são obrigados
a fazer a peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida. O "hajj"
deve ser efectuado no Mês da Peregrinação (Dhu lHijja),
ou seja, no último mês do calendário lunar muçulmano, entre o
oitavo e o 12º ou 13º dia.
"hijab"
Véu usado por muitas mulheres muçulmanas. Nem sempre é símbolo
de adesão ao fundamentalismo islâmico, mas apenas sinal de respeito
por uma tradição de modéstia feminina.
Hezbollah (em árabe Hizb
Allah) Nome que tem origem em duas "suras" do
Corão e significa Partido de Deus. Foi adoptado por um movimento
xiita fundado em 1982, no Líbano, pelos Guardas Revolucionários
iranianos.
"hojatoleslam"
(em árabe e persa "hujjat l-Islam") Grau
de um futuro "mujtahid" (teólogo), abaixo de "ayatollah",
no Irão. A designação significa, literalmente, "A Prova do
Islão".
ibaditas Membros da
seita dos kharijitas, devem o seu nome ao seu alegado fundador
Abd Allah Ibad, um líder kharijita do século VII. Os ibaditas,
que representam uma facção moderada do islão, vivem actualmente
no sultanato de Omã (Golfo Pérsico), na África Oriental e do Norte.
imã (em árabe "imam";
plural "aimma") Palavra que designa uma
variedade de conotações, cada uma delas necessitando de ser cuidadosamente
distinguida: 1) Derivando do vocábulo árabe que quer dizer
"chefiar" ou "conduzir a oração", imã tem
o primeiro significado de líder da prece. O islão não tem padres
e, por isso, o imã responsável da mesquita não é ordenado. No
entanto, qualquer homem muçulmano pode dirigir a oração na ausência
do imã da mesquita; 2) Os primeiros doze líderes dos Ithna
Asharis, ou Doze Xiitas, são referidos como Doze Imãs; 3)
Os ismailitas reconhecem os sete primeiros imãs e o conceito de
imã desempenha um papel-chave nas complexas doutrinas do ismailismo;
4) Nos primórdios da história islâmica, o título imã estava
associado ao de califa; 5) Tem sido usado simplesmente
como título de respeito, por exemplo, pelo falecido Khomeini,
que preferia ser tratado por imã e não por "ayatollah".
Nesse caso refere-se o Imã Khomeini.
"In Shaa Allah"
Expressão corrente árabe que significa "Se Deus
quiser"; deu origem ao português "oxalá".
Irmandade Muçulmana ou Irmãos
Muçulmanos (em árabe al-Ikhwan al-Muslimun) Organização
fundada por Hassan al-Banna, em 1928, no Egipto. Advoga o regresso
ao verdadeiro islão, opõe-se veementemente ao "imperialismo
ocidental" e tem como objectivo o estabelecimento de um Estado
islâmico puro. A Irmandade foi proibida pelo Governo egípcio em
1954, mas tem desde então funcionado na clandestinidade, com ramos
espalhados por vários países árabes. O principal ideólogo da Irmandade,
defensor da luta armada para derrubar "regimes ímpios",
foi Sayyid Qutb, executado pelo Presidente Gamal Abdel Nasser
em 1966. A sua obra mais notável, referência para os fundamentalistas,
é "Sinais na Estrada", publicada nos anos 50, onde a
sociedade é dividida em "ordem ignorante" e "ordem
islâmica".
islão Palavra que
significa literalmente "submissão" (à vontade de Deus).
É o nome de uma das grandes religiões monoteístas, fundada pelo
profeta Maomé no século VII d.C.
ismailitas (Ismailiyya)
Seguidores de um ramo do islão que deve o seu nome a Ismail,
o filho mais velho de Jafar al-Sadiq. Os membros desta seita
também se designam sétimos (porque reconhecem os sete principais
imãs depois da morte do profeta Maomé) e "batiniyya"
(devido à sua ênfase na exegese de "batin" ou interpretação).
A teologia dos ismailitas caracteriza-se por uma teoria cíclica
da história centrada no número sete, número que assume um importante
significado na crença de Ismail e na cosmologia. Hoje, os ismailitas
estão espalhados pelo mundo inteiro (incluindo Portugal), mas
concentram-se sobretudo no subcontinente indiano e na África Oriental.
"jihad" Vulgarmente traduzida
como "guerra santa". O vocábulo tem o significado original,
em árabe, de "combater". Alguns grupos consideram-na
o sexto pilar do islão, por exemplo, os kharijitas e os ibaditas.
A explicação mais aceitável é a de que todos os muçulmanos são
obrigados a travar uma "jihad" espiritual contra os
seus próprios pecados.
kharijitas Membros
de uma primeira seita islâmica, com origens obscuras mas que pode
ser reconstruída do seguinte modo: o nome, em árabe "khawarij",
significa "os que cindiram" (do grupo de Ali Abu Talib);
deriva do verbo árabe "kharaja" (sair ou cindir). A
primeira secessão foi a de um grupo de soldados de Ali na Batalha
de Siffin, que rejeitavam qualquer forma de arbitragem alegando
que o juízo final pertence a Deus. A eles juntaram-se mais tarde
outros dissidentes e foram este que deram aos kharijitas o seu
nome. O kharijismo, cujas crenças não são uniformes, dividem-se
em várias subseitas, algumas fanáticas e exclusivistas. Os descendentes
modernos dos kharijitas são os ibaditas.
Khomeini (Aytollah Ruhollah,
1902-1989) Líder espiritual do Irão depois da revolução
de 1978-79 e principal obreiro da doutrina do "governo do
jurista" ("vilayat-i faqih", em persa; "velayat-l-faqih",
em árabe) ou "líder supremo" poder temporal e
espiritual. É esta doutrina que legitima o poder temporal dos
religiosos em Teerão.
"madrasa" (plural
"madaris") Escola ou lugar de ensino, frequentemente
ligada ou associada a uma mesquita.
(al-) Mahdi Literalmente,
"aquele que é correctamente guiado". O Mahdi é uma figura
de profundo significado escatológico no islão e um título frequentemente
reclamado por vários líderes na história islâmica. O seu poder
justo é prenúncio da aproximação do fim dos tempos. Sunitas e
xiitas aderem à crença no Mahdi, embora o xiismo tenha desenvolvido
uma doutrina mais profunda.
"majlis" (plural
"majalis") Lugar de encontro ou assembleia. A
palavra sofreu consideráveis desenvolvimentos sócio-históricos
e hoje é usada para designar a espécie de "parlamentos"
existentes em alguns países árabes e no Irão. Referido ao Irão
deve escrever-se em caixa alta, pois faz parte do nome do parlamento.
Maraji al-Taqlid (singular
Marji al-Taqlid) Fontes de Imitação. Este é um epíteto
que caracteriza os "ayatollahs" com a patente de Ayatollah
al-Uzma. Um único ou supremo Marji chama-se Marji
al-Taqlid al-Mutlaq. Este título era usado por Khomeini no Irão,
mas o seu sucessor, Ali Khamenei, ainda não conseguiu ser aclamado
como tal.
Meca (em árabe Makka)
É a cidade mais sagrada do islão, cuja história está intrinsecamente
ligada ao profeta Maomé. Situa-se na Arábia Saudita.
Medina (em árabe al-Madina)
Significa "A Cidade". É também frequentemente
caracterizada pelo epíteto al-Munawwara (A Radiante). É o segundo
santuário do islão e situa-se, tal como Meca, na Arábia Saudita.
muezim (em árabe "muadhdhin")
A pessoa que chama os fiéis para a oração ("adhan")
a partir do minarete de uma mesquita. O primeiro "muadhdhin"
foi Bilal Rabah, nomeado pelo profeta Maomé.
mufti Aquele que emite
ou está qualificado para emitir uma "fatwa". Pode ou
não ter o título de "qadi" (juiz). O mufti serve de
ponte entre a pura jurisprudência e o islão actual.
"mullah"
Palavra derivada do árabe "mawla", que significa "mestre".
É usada como título de respeito por figuras religiosas e juristas,
no Irão e noutras partes da Ásia.
nizaris Membros da
seita dos ismailitas, que consideram Nizar, o filho mais velho
do califa fatimida al-Mustansir, o seu sucessor.
nusayritas Membros
de um grupo também designado alauitas, que seguem Ali Abu Talib.
O nome nusayritas deriva de Muhammad Nusayr, líder muçulmano do
século XIX. As suas crenças têm muito em comum com os ismailitas.
Há nusayritas na Síria, Turquia e Líbano. Na Turquia são conhecidos
como alevitas.
Ramadão O nono mês
do calendário lunar islâmico e também mês de jejum, do nascer
ao pôr do sol.
"shura"
Palavra árabe que significa consulta, conselho, órgão consultivo.
Em alguns países é o equivalente a um "parlamento" sem
poderes. Escreve-se am caixa alta quando faz parte do nome.
"suna" Literalmente,
este termo significa "caminho percorrido", mas de "prática
habitual" passou a indicar palavras e actos específicos do
profeta Maomé.
sunita Aquele que
adere à "suna" ou às acções do profeta Maomé. A palavra
é usada para designar o ramo maioritário do islão.
"sura" (plural
"suwar") Capítulo do Corão, cada um dividido
em vários versículos.
"ulema" (singular
"alim") Professores religiosos, juristas,
sábios, imãs, juízes, "ayatollahs"... São geralmente
referidos como um grupo monolítico de intelectuais e académicos,
guardiões da "ortodoxia". A palavra nunca deve ser traduzida
por clero, porque essa categoria não existe no islão.
"umma" Comunidade
(dos crentes muçulmanos), povo, nação.
wahhabitas (em árabe "wahhabiyya")
Seguidores da doutrina rigidamente puritana de Ibn Abd
al-Wahhab, que rege o reino da Arábia Saudita.
xiita (em árabe "shia")
Partidário de Ali Abu Talib. Os xiitas escolheram Ali, o genro
de Maomé, como sucessor do profeta, enquanto os sunitas preferiram
Abu Bakr, um dos seus primeiros companheiros e convertidos. Para
os xiitas, o imã é mais poderoso do que o califa sunita. Os dois
ramos distinguem-se ainda em questões jurídicas e nos rituais.
Hinduísmo
Como explica L. Kapani, co-autora
de "As Grandes Religiões do Mundo" ["Le Fait religieux",
dir. de Jean Delumeau (Lib. Arthème Fayard, 1993); trad. port. Presença,
1997], a mentalidade hindu tem mais a ver com uma ortopraxia do
que com ortodoxia; o hinduísmo é uma maneira de estar no mundo e
engloba toda a vida, no concreto, tudo nele é prática. A um hindu,
as filosofias e religiões ocidentais apresentam uma hipertrofia
das representações e crenças, em detrimento do comportamento concreto,
que no hinduísmo é o mais importante. Por isso, textos de exposição
ou explicação teórica pouco lhe dizem, mas Madre Teresa de Calcutá
era muito popular e profundamente respeitada.
Outro aspecto a salientar é que, ao
contrário do judaísmo, com a Tora, o cristianismo, com a Bíblia,
ou o islamismo, com o Corão, o hinduísmo não é uma "religião
do Livro". Os Vedas contém a Palavra sagrada, emanada pelo
Absoluto no princípio da criação e captada pelo homem, por alguns
sábios, tendo sido transmitida oralmente através dos tempos.
Religião e livros sagrados
Nomes e termos relacionados com
a religião hindu
"achárya"
Professor.
"bhikshu"
Pessoa religiosa vivendo de almas, padroeiros ou padroeiras.
"dharma"
Religião.
"grama-devata"
Padroeiro da aldeia.
guru Preceptor.
hinduísmo, bramanismo
ou Dharma dos Vedas Nomes da religião dos hindus.
"ishta-devata"
A divindade predilecta.
"kshetra-devata"
ou "kshetrapala" Padroeiro da localidade
"kuladevata" ou
"gotra-devata" padroeiro da linhagem.
"mahamuni"
O melhor entre os "munis".
"maharshi"
O melhor entre os "rishis".
"muni" Sábio
em voto de silêncio.
"murti"
Ídolo.
"preya"
Bem-estar pessoal.
"pujá-vidhi"
Cerimonial.
"rishi"
Sábio vidente.
"sadhú" ou "sânt"
Pessoa religiosa dedicada a levar uma vida pura, santa,
em serviço a Deus e à humanidade.
Sanatana Dharma ("Dharma
Eterno") A religião dos hindus, postulado universal
e eterno que transcende raça e credo.
"shreya"
Bem-estar global.
"yagna"
Sacrifício com fogo
Os quatro objectivos principais
na vida: "dharma" cumprir as obrigações
religiosas, morais e sociais, pela maneira apropriada de agir;
"artha" procurar sustento, seu e da sua
família, através do sucesso terreno; "kama"
procriar para continuar a linhagem, através dos prazeres legítimos;
"moksha" procurar a auto-realização, a
salvação-libertação final, do renascimento.
Quatro estádios da vida: os "ashramas"
"brahmacharya" o estado de solteiro,
de estudo e compreensão; "grihastha" o
estado de casado, chefe de família; "vanaprastha"
o estado de desapego das coisas mundanas, de reflexão;
"sanyasa" o estado de renúncia total do
mundo.
Quatro estados do espírito
"jagrita" o estado de acordado; "svapna"
o estado de sonho; "sushupta" o
estado de sono profundo; "turiya" o super-estado.
Os caminhos principais para auto-realização
"gnana" ou "gyana"
o caminho de conhecimento e sabedoria; "karma"
o caminho de acção, trabalho e perfeição; "bhakti"
o caminho de devoção e submissão; "yoga"
o caminho de oito passos: "yama" (o passo de
autodomínio), "niyama" (o passo de purificação interna-externa),
"asana" (o passo de postura física), "pranayama"
(o passo de controlo de respiração, o sopro vital), "pratyahara"(o
passo de retirar os sentidos dos seus objectos de gozo), "dharana"
(o passo de fixar a mente num objecto), "dhyana" (o
passo de manter "dharana" num fluxo constante), "samadhi"
(o passo de manter "dhyana" não na forma, mas apenas
no significado do objecto).
Obras principais da literatura
sagrada Os Vedas ("Saber", "Revelação"),
textos orais, em quatro colectâneas: Rigveda Veda das estrofes;
Yajurveda Veda das fórmulas sacrificiais; Samaveda
Veda das melodias sacrificiais; Atharvaveda Veda dos encantamentos
e fórmulas mágicas.
Os Upavedas ou Subvedas
Rigveda: Áyurveda ciência de medicina; Yajurveda: Dhanurveda
ciência de armamentos; Samaveda: Gandharvaveda música
e belas-artes; Atharvaveda: Sthápatyaveda engenharia e
arquitectura.
Tipos da composição dos Vedas
"Chanda", cantos e rituais; mantras, hinos; brâmanes
(ou glosas bramânicas), teologia; sutras, aforismos. Vedangas
Composições à maneira de aforismos sobre os Vedas.
Os seis sistemas principais da
explicação e ensino dos Vedas Nyaya, sistema de lógica,
fundado por Rishi Gautama; Vaisheshika, sistema de filosofia fundado
por Rishi Kanáda; Sankhya, sistema que enumera os princípios principais,
fundado por Rishi Kapila; Ioga, sistema que ensina meios para
unir "jivatma" (a alma individual) com "paramatma"
(a alma universal), fundado por Rishi Patanjali; Purva Mimansa,
sistema de interpretação pontual dos rituais dos Vedas, fundado
por Rishi Jaimini; Uttar Mimansa ou Vedanta, sistema que explica
a natureza do Bramha, o Espírito Supremo, fundado por Rishi Badarayana.
Os Upanishadas, também considerados
Vedanta A sabedoria apreendida por "rishis",
sábios-mestres, que a transmitiam oralmente como ensinamentos
aos seus pupilos; em número de mais de uma centena, cada um é
portador do título do tema ou temas tratados.
Bhagavad Gita, ou Shrimad Bhagavad Gita
É considerado o sumo de todos os Upanishadas, pronunciado pelo
deus Krishna, fazendo parte do épico Mahabharata.
Puranas Os épicos
mitológicos principais e mais populares dividem-se em três grupos,
cada grupo organizado à volta da vida e feitos de um dos deuses
da trilogia principal e realçando uma qualidade inata: de Brahma,
o Criador a paixão, desejo de coisas corporais, mundanas,
etc.; de Vixnu, o Sustentador ou Conservador a pureza,
bondade, luminosidade, etc.; de Xiva, o Destruidor, a ignorância,
ilusão, apegos, preguiça, indolência etc.
Deus e divindades Muitas
divindades vêm do tempo dos Vedas até aos Upanishadas. Mas a trilogia
principal, já do tempo dos Puranas, é constituída por Brahma ou
Prajapati ou Prapitamaha, o Criador; Vixnu ou Narayana, o Sustentador
ou Conservador; e Mahesh ou Xiva ou Rudra, o Destruidor. Há também
Ganesha ou Ganapati ou Ganadhipati, o deus com cara de elefante,
adorado em primeiro lugar em qualquer cerimónia religiosa hindu.
Os avatares são incarnações ou manifestações de uma divindade,
em especial de Vixnu: Rama, Krixna, Buda são considerados incarnações
de Vixnu. Shakti, conhecida sob muitos nomes diferentes, é a deusa
da força, energia, natureza; Sarasvati (Sharadá) é a deusa de
inteligência, conhecimento, sabedoria; Laxmi (Narayani) a deusa
de riqueza, opulência, sorte, bem-estar. Há ainda nove durgas:
Kumárika, Tri-Murti, Kalyani, Rohini, Káli, Chandiká, Shambhavi,
Durgá, Bhadrá.
Budismo
O budismo começou historicamente no
século VI ou V a. C.
Buda como personagem histórico é filho
do príncipe do clã Shakya, do Noroeste da Índia, actual Nepal. A
sua mãe morreu alguns dias após o parto, a data de nascimento poderá
ser 563 a. C.
Depois de uma vida sem privações no
palácio real resolve sair a conhecer o exterior. É então, perto
dos 30 anos, que toma conhecimento de três males que afligem a condição
humana: a velhice, o sofrimento e a morte (encontra um homem doente,
um velho e um cadáver). Na sua quarta saída do palácio antes do
nascimento do seu filho, conhece um asceta e abandona o palácio.
O seu primeiro nome era Shiddartha e o nome de família, Gautama.
Depois de ter abandonado dois mestres
que lhe ensinaram a filosofia e as técnicas de ioga, leva juntamente
com outros cinco discípulos uma vida ascética, em que era conhecido
como Shakyamuni (o sábio dos Shakyas). Mas um dia aceita uma oferenda,
uma tigela de arroz oferecida por uma rapariga, e os outros abandonam-no.
É nessa altura que se senta debaixo de uma figueira (na posição
de lótus) e decide não se levantar enquanto não atingir a iluminação.
Durante esse processo aparece-lhe Mara (que conjuga a morte e o
mal e se disfarçou de várias maneiras para o intimidar), que tenta
desviá-lo da sua missão e com quem ele trava uma luta. Mas ao nascer
do sol ele vence Mara (ao tocar na terra com a mão direita, para
ela servir de testemunha) e torna-se o Buda, possuidor das Quatro
Nobres Verdades.
As Quatro Nobres Verdades
A primeira verdade é que tudo é sofrimento ("samsara"):
"O nascimento é dor, a velhice é dor e a morte é dor."
A segunda verdade é que a origem do sofrimento é o desejo ou o
apego. A terceira verdade é que a eliminação do desejo leva à
eliminação da dor e isso é o nirvana. A quarta verdade revela
que para se alcançar o nirvana é necessário percorrer o Óctuplo
Caminho que leva à extinção do sofrimento. Esses passos não têm
de ser seguidos por uma ordem e são: visão pura, intenção pura,
discurso puro, acção pura, vivência pura, aplicação pura, recolhimento
puro e concentração pura.
O ensino do "dharma"
A partir daí Buda passou a ensinar o "dharma"
(a doutrina, cujo símbolo é uma roda de oito raios cujos raios
representam os diversos passos do Óctuplo Caminho) ao "shanga"
(a comunidade de discípulos, monges). Pregou pela primeira vez
no parque de veados, em Sarnath, na Índia. Um budista é aquele
que toma refúgio na tripla jóia: as três jóias são Buda, os seus
ensinamentos ("dharma") e a comunidade ("shanga").
O lótus tornou-se o símbolo da doutrina budista: tem raízes na
lama, mas floresce no espaço puro. A cruz suástica é também um
dos símbolos utilizados, simboliza a família e, para os indianos,
é um símbolo de sorte.
Gautama Buda morreu em 483 a.C.
e após a sua morte foram recitadas e escritas todas as sutras,
os discursos do mestre, com a indicação do local onde foram pronunciados;
foram também recitadas as regras e procedimentos para a conduta
da vida monástica e ainda uma lista de termos para constituírem
uma sinopse analítica do ensino dos sutras. É o conjunto dos três
textos que é o cerne das escrituras budistas e a que se chama
o Pequeno Veículo (Hinayana). Depois o "dharma" foi
espalhado por várias partes da Índia e começaram a nascer diferenças.
Foi no Quarto Concílio após a morte de Buda (por volta do século
II) que nasceu o chamado Grande Veículo (Mahayana) e que se espalhou
pela China, Japão, Coreia, Tibete e Mongólia. Uma nova onda de
sutras apareceu.
A grande diferença entre os dois
veículos é que o Mahayana dá importância aos "boddhisattva",
que, em vez de escaparem eles próprios ao "samsara"
(sofrimento), decidiram ajudar os outros. Para isso permaneciam
no samsara para libertarem todos os outros seres. Isto provocou
que a vida espiritual fosse alargada para além dos mosteiros.
A noção de Buda deixou de se limitar a uma série de personagens
históricos, o último dos quais fora Shakyamuni ou Gautama, para
se referir a um princípio fundamental da auto-existência de despertar
espiritual ou iluminação.
O budismo Mahayana defende ainda
que quando os ensinamentos do 24º Buda na fase actual do mundo
(o Gautama) declinarem, como inevitavelmente sucederá na época
de desordem presente, virá o futuro Buda Maitreia.
As formas de budismo O
budismo tibetano não é um teísmo, é uma "prática de libertação".
Integrou as três tendências fundamentais do budismo indiano: Hinayana,
Mahayana e Vajrayana que significam respectivamente, Pequeno Veículo,
Grande Veículo e Veículo do Diamante. Todas levam à iluminação.
O Hinayana contém a doutrina original
de Buda Sakyamuni, conservada na sua forma primitiva da tradição
Theravada, do Sri Lanka e da Ásia de sudoeste. O Mahayana corresponde
a uma interpretação moral e filosófica desta doutrina, que apareceu
na Índia, 500 anos depois da existência do buda histórico. O Vajrayana
é considerado como o resultado das outras duas tradições. Apela
à imaginação simbólica, aos sons dos mantras (fórmula ritual usada
na meditação tântrica) e à energia psíquica.
A primeira via, o Hinayana, é praticada
principalmente nas instituições monásticas através de uma disciplina
moral estrita, de exercícios rigorosos de meditação e de introspecção.
O Mahayana baseia-se nas práticas e doutrinas do hinayana mas
para os seus praticantes a verdadeira nobreza espiritual reside
essencialmente no amor e na compaixão. O ideal desta segunda via
é o "bodhisattva" (ser iluminado), personagem que, despida
de egoísmo, aspira a realizar a iluminação para o bem de tudo
o que vive. E o Vajrayana, reunião das duas vias anteriores, tem
meios próprios para atingir a iluminação. Baseia-se nos ensinamentos
dos tantras búdicos, que se diferenciam dos sutras (discursos
pronunciados pelo Buda histórico para um largo público), por serem
instruções esotéricas dadas a grupos de discípulos escolhidos.
Esta via serve-se de técnicas do ioga para canalizar a energia
emocional para a iluminação.
No Vajrayana, o mestre espiritual
tem uma importância fundamental. O termo lama é a tradução da
palavra guru, que em sânscrito significa mestre espiritual. Um
lama não é forçosamente um monge e a maior parte dos monges não
são lamas. Os maiores lamas tibetanos foram Padmasambhava, Marpa,
Milarepa, Kunga Nyingpo e Drum Tönpa nunca tomaram os votos
monásticos e viveram como leigos ou como ioguis. Este termo tem
ainda outra particularidade, a de seguir uma linhagem de mestres
reencarnados. Estes lamas que são a reencarnação de outros lamas
que morreram e escolheram reencarnar outra vez numa criança, também
tem o título de "tulku" e de "rinpoche". O
Dalai Lama é sem dúvida, o lama reencarnado mais conhecido em
todo o mundo.
A reencarnação Para
os budistas, o cosmo não é eterno nem é criado. O "samsara"
ou o ciclo de renascimentos continua por muitas vidas. A forma
como se renasce nas outras vidas depende do "karma"
de cada um (das boas ou más acções durante a vida anterior).
As pessoas voltam a nascer em seis
reinos diferentes: o dos deuses, o dos deuses rebeldes, o dos
fantasmas famintos, o dos infernos, o dos animais e o dos seres
humanos (caracterizado pelo nascimento, velhice, doença e morte).
As primeiras representações figurativas
de Buda só apareceram no século II. Mas foi identificado por vários
símbolos, como a roda já mencionada, a árvore da iluminação (a
árvore Bodhi) e as stupas (antigos monumentos funerários indianos
que contêm relíquias), que agora marcam os lugares de peregrinação.
No Tibete, as stupas transformaram-se em "chortens",
com um domo a três quintos da base que simboliza os cinco elementos
do mundo e o extremo é o sol sobre uma lua que simboliza a sabedoria
e a compaixão. Na China e no Japão foram transformados em pagodes.
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