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  O escritor acordou bem, mas sentiu-se mal ao final da tarde

Jorge Amado
Adeus, Capitão da Areia
Por Carlos Câmara Leme
Quarta-feira, 8 de Junho de 2001

Lutou contra a morte até ao último momento - como quase todos os heróis que criou. Mas anteontem o seu coração parou. Para sempre, fica uma das obras literárias mais fascinantes da língua portuguesa. Como Tereza Batista, cansado da guerra da vida, está agora discutir com deus - ele que era Pai de Santo - o novo livro que vai escrever. Uma nova tenda dos milagres com capitães de areia e muitas gabrielas.

.EDITORIAL
Mar e Terra
Por Nuno Pacheco

Não era leitor de si próprio. Nem tal lhe era exigido. Mas o baiano Jorge Amado viveu dividido entre o mar e a terra, voando sobre todos os infinitos sem nunca descolar do mesmo chão que partilhava com aqueles que o entendiam e amavam, espelho das suas vidas e da sua linguagem.

.CRÓNICA

José Franco, o "Queridinho"
de Jorge Amado


Zélia Gattai contou no livro autobiográfico "A Casa do Rio Vermelho" (ed., Record), como Jorge Amado encontrou José Franco. Foi na companhia de Francisco Lyon de Castro - o então editor do romancista baiano - e a actriz Beatriz Costa, que um dia foram visitar a aldeia do Sobreiro, a meio caminho entre Mafra e Ericeira. Foi no final da década de 60.


.OPINIÃO

Do Brasil como mito do mundo
Por Eduardo Loureço

A nossa geração descobriu o Brasil (literário) com Jorge Amado. É um dos nossos reflexos: está sempre "a descobrir o Brasil". O de Jorge Amado, mas também o de Graciliano Ramos e Lins do Rego eram então uma surpresa e um acontecimento de ordem mais que literária. A esse título, a geração anterior já os tinha descoberto, sobretudo Casais Monteiro. O que era novo nas primeiros anos da década de 40 é que eram eles, os brasileiros, que nos descobriam a nós. Quer dizer, nos influenciavam.


.COMENTÁRIOS

- José Saramago
- Augusto Santos Silva
- José Carlos Vasconcelos
- Carlos Reis


.REACÇÕES
Conheça as reacções à morte de Jorge Amado por parte de alguns dos nomes de referência da literatura.

O romancista do Carnaval que é o Brasil
Por Ildásio Tavares
Quarta-feira, 8 de Junho de 2001

Quando Jorge Amado intitulou seu primeiro romance, em 1930, "O País do Carnaval" ele não imaginava que estava apondo o seu país um rótulo que seria mais tarde adotado por teóricos e antropólogos, não só para definir verdadeira e cientificamente a fisionomia do Brasil como para conceituar os processos antropológicos e simbólicos que conformam os fenômenos da carnavalização.


Amado Jorge
Por Mário Negreiros, Rio de Janeiro
Quarta-feira, 8 de Junho de 2001

Nasceu em 1912, no Sul da Bahia. Jorge tinha como último nome Faria. Entre os dois Leal e Amado. O romancista foi amado por uma legião de admiradores que talvez nunca tenham tido sequer um livro nas mãos; alguns, seguramente, analfabetos. Jorge era Amado pelos seus próprios personagens e a eles nunca deixou de ser Leal.


O Amante da Vida
Por Urbano Tavares Rodrigues
Quarta-feira, 8 de Junho de 2001

Como é que Portugal leu Amado? Descoberto pelos neo-realistas portugueses, a persistência do culto de Jorge Amado entre os leitores portugueses tem a ver com a força inextinguível da sua imaginação literária. Com José Lins do Rego, de "Menino de Engenho", "Cacau" de Jorge Amado, inicia o romance nordestino, que tanta repercussão teve entre os neo-realistas portugueses do começo dos anos 40.


Telenovela! Cravo! Canela!
Por Eduardo Cintra Torres
Quarta-feira, 8 de Junho de 2001

Quem não tinha televisão em casa, em 1977, juntava-se nos cafés. A Assembleia da República parava e juntava-se ao povo: com Gabriela, Cravo e Canela.
Para os portugueses a telenovela começou, felizmente, com Gabriela, de Jorge Amado e da TV Globo, e não com uma qualquer "soap opera" "anglo-saxónica".



Todo o Amado como nunca o lemos
até 2002
Por Kathleen Gomes
Quarta-feira, 8 de Junho de 2001

"Tem literatura demais no mundo", garantia Jorge Amado há dez anos, numa entrevista ao jornal "Folha de São Paulo", sob pretexto de cada vez ler menos e cada vez reler mais. O que relia, então, o escritor brasileiro? Mark Twain, Dickens, Maupassant, Zola, Gogol, Rabelais, Cervantes - "quando a gente chega em certa idade, você tem o desejo de reler livros que te disseram alguma coisa".
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