Mais Informação e Participação Podem Resolver Problemas de Todos
Quinta-feira, 27 de Setembro de 2001

Ao longo de 34 dias, o PÚBLICO tratou 17 temas que preocupam os portugueses. Cada tema foi tratado em dois dias seguidos: no primeiro fizemos o diagnóstico do problema; no segundo procurámos soluções, junto de especialistas e ouvindo as opiniões dos cidadãos. No final, fizemos um resumo deste "Um Mês de Cidadania", apontando os problemas identificados nos diagnósticos e as propostas feitas tanto por especialistas como pelos cidadãos. Apresentamos-lhe aqui as conclusões alcançados no dossier.


SAÚDE: doentes podem contribuir para melhorar o sistema
FÓRUM

Problemas
· Os recursos gastos na saúde tendem sempre a aumentar, principalmente devido ao envelhecimento da população, à existência de cada vez mais doentes crónicos e novas terapias, caras, para doenças como o cancro ou a sida, novas unidades de saúde e mais profissionais nos serviços.

Propostas
· Se a má gestão não pode ser resolvida pelo doente, este pode, principalmente através da reclamação de informação e queixas, ter algum papel na melhoria do funcionamento do sistema.

·O utente deveria informar-se (e o Estado fornecer essa informação) sobre as "portas de entrada" no sistema de saúde. Começando, por exemplo, nas alternativas à urgências - os serviços de atendimento permanente e alargado dos Centros de Saúde - passando pela informação de quais os centros de saúde que exigem marcação telefónica ou das consultas de especialidade que existem nos hospitais públicos e tempos de espera.

·Exigir saber quais os direitos do utente do Serviço Nacional de Saúde.

·Utilizar os mecanismos de reclamação existentes nos serviços.


PRODUTIVIDADE: empresas devem apostar na formação
FÓRUM

Problemas
·A produtividade portuguesa é metade da média da União Europeia, tem muita mão-de-obra com fraca qualificação e é o Estado-membro da UE que menos inova na indústria.

·Investe-se pouco em Investigação e Desenvolvimento (I&D) e há um baixo grau de inovação organizacional nas empresas.

·Somente um quarto das exportações correspondem a produtos de alto valor.

·Transição da economia nacional da indústria para o serviços não traz ganhos de produtividade e o crescimento do sector público tem contribuído negativamente.

Propostas
·O Estado e o Governo têm de mudar de atitude e para isso é preciso reclamar.

·Melhorar o sistema de justiça, para resolver de forma mais célere os processos de empresas moribundas e sem razão económica; melhoria, por arrastamento, do sistema financeiro, a conviver com dívidas prolongadas.

·As empresas devem recorrer ao sistema científico e tecnológico nacional e as infra-estruturas tecnológicas devem esforçar-.se por resolver as necessidades das empresas.

·O recrutamento de mão-de-obra qualificada deve privilegiar a capacidade e as competências. As empresas devem apostar, de forma sustentada, na formação, e melhorar a sua organização.


ALCOOLISMO: mudança de mentalidades
FÓRUM

Problemas
·Continua a existir uma cultura de tolerância perante o alcoolismo que leva a que o investimento na solução deste problema seja insignificante;

·Os jovens utilizam as bebidas alcoólicas de forma rapidamente intoxicante, preterindo as qualidades gastronómicas em favor dos seus efeitos estimulantes;

·Entre os jovens, o sexo feminino revela aumentos de consumo preocupantes, tanto mais que o corpo da mulher tem menor capacidade de metabolização hepática.

·Alta percentagem de mortes entre os jovens derivadas do consumo de álcool.

Propostas
·Mudança de mentalidades, com a introdução de uma disciplina ao nível do ensino que alerte para os seus perigos;

· Controlo da venda das bebidas a menores e em zonas próximas de estabelecimentos escolares;

· Melhor fiscalização da taxa de alcoolémia dos condutores e campanha que alerte trabalhadores para o perigo físico que correm após beberem álcool.


JUSTIÇA: criar uma carreira de defensores públicos
FÓRUM

Problemas
·A forma como funciona o apoio judiciário [nomeação gratuita de um advogado a quem não tem recursos] é a primeira prova da desigualdade do acesso ao sistema judicial. É sintomático que num inquérito recente feito pela Ordem dos Advogados aos presos preventivos, dez por cento dos reclusos digam não saber o nome do seu advogado oficioso, o que espelha o desacompanhamento desta população mais fragilizada.

· Falta de informação que o cidadão tem sobre o que fazem os agentes de justiça com o poder que lhes é delegado.

Propostas
· Criação de uma carreira de defensores públicos, cuja profissão consista em aconselhar e prestar apoio jurídico a quem não tem meios. Isto porque não está garantida o acesso igualitário ao sistema.

·No caso dos magistrados lamenta que o seu desempenho seja, na prática, "avaliado por colegas", considerando importante a sua responsabilização civil efectiva.


DELINQUÊNCIA JUVENIL: apostar em mediadores qualificados
FÓRUM

Problemas
·Boa parte da delinquência juvenil é gratuita, não tendo outro móbil que o gozo da agressão, física ou psicológica;

· O fenómeno assume particular gravidade entre a segunda geração de imigrantes africanos e por isso a sociedade tende a interpretar esse comportamento criminoso à luz da raça do delinquente;

· É nas zonas periféricas das grandes cidades, sobretudo de Lisboa, que habitam os principais grupos de delinquentes, formando grandes guetos sociais: a arquitectura urbanística acentua a barreira cultural e amplifica a separação entre "bons" e "maus".

Propostas
·Formação de equipas de peritos qualificados para acompanhamento psicológico e social dos jovens em perigo e suas famílias;

· Parcerias entre os centros educativos do Estado e estruturas de psiquiatria, psicologia para o tratamento e reinserção dos jovens problemáticos;

· Aposta em mediadores qualificados que façam a ponte entre o jovem infractor e as instituições do Estado, como os tribunais e as comissões de protecção de menores.


EVASÃO FISCAL: baixo risco, penas leves
FÓRUM

Problemas
· A evasão fiscal em Portugal bate de longe a europeia. Só paga quem não pode fugir -- trabalhadores e consumidores -- ou tem consciência moral para saber que, se não pagar, isso sobrecarrega quem paga.

·Silva Lopes, ex-presidente da Comissão para o Desenvolvimento da Reforma Fiscal cujo relatório serviu de base às recentes alterações fiscais, sustenta que, em Portugal, o risco de ser apanhado é baixo e, a sê-lo, a pena é leve.

Propostas
·A comunicação social poderia contribuir para uma mudança de cultura do cidadão, mas o Governo também não devia esperar. Primeiro, transferindo com mais frequência o ónus da prova para os contribuintes - "o excesso de garantias a favor de potenciais delinquentes é bom para eles". Depois, facilitando o acesso da administração fiscal às informações bancárias, que "está longe de ser suficiente".

·Alterar a legislação e as práticas legislativas na tributação das sociedades, que fomentam o seu uso para evadir-se, e controlar as saídas de capitais para "paraísos fiscais", cuja existência está apenas na mão dos oito países mais industrializados.

·Criação de um dia do pagante

· Fomentar a cultura social dos contribuintes, única forma de obrigar o cidadão a exigir melhor gestão dos dinheiros públicos.


IMIGRAÇÃO: procurar "encaixar" o pluralismo
FÓRUM

Problemas
·Aumento de sinais de xenofobia sobretudo em relação aos imigrantes africanos.

· Os imigrantes continuam a não ter representatividade política, económica, administrativa, e cultural.

· A marginalização dos imigrantes tem sido acompanhada de níveis de criminalidade preocupantes entre essas comunidades.

· A segunda geração de cidadão africanos revela-se perdida entre Portugal e o país onde os seus pais nasceram, acabando por enveredar por comportamentos desviantes.

Propostas
·A sociedade tem que ter um papel activo na luta pela integração das comunidades imigrantes, sem obrigar a uma cedência à cultura dominante, antes procurando "encaixar" o pluralismo das vivências.

· Neste sentido, ela deve mudar em função das comunidades que com ela convive no país: exemplo desse esforço adaptativo deve ser a alteração dos curricula escolares.

· É fundamental que os imigrantes falem português pelo que se sugere a criação de mais cursos de ensino da língua com horário pós laboral.


ENDIVIDAMENTO: maior responsabilização das instituições financeiras
FÓRUM

Problemas
·Subida em flecha do endividamento, com o saldo em dívida sobre o rendimento disponível a passar para os 88,4 por cento em 2000

·Perigo de sobreendividamento e incumprimento provocado por massificação do crédito, muitas vezes a taxa variável .

·Falta de cultura económica e experiência na gestão de produtos de risco.

·Aumento do crédito mal parado e maior incapacidade de financiamento da banca.

·Falta de protecção do investidor, muitas vezes exposto à informação enganosa das instituições.

Propostas
·Generalização e diversificação dos seguros de crédito.

·Educação financeira.

·Maior responsabilização das instituições financeiras, que devem prestar informação de forma clara e transparente, que permita aos clientes fazer opções racionais e sustentadas.

·Simulação de planos de pagamento com diferentes taxas de juro.

·Vinculação a códigos de conduta para regular a relação entre as instituições e os clientes.

·Autoridades públicas devem favorecer todas as formas de prevenção, regular a relação contratual para evitar situações abusivas e criar instrumentos que evitem situações de sobreendividamento não recuperáveis.


INSEGURANÇA: polícia de proximidade para reconquistar confiança FÓRUM

Problemas
·Estudos apontam que o medo é desproporcionado face ao risco real de vitimização. Mas as taxas de vitimização nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto já terão atingido níveis muito semelhantes aos de muitas regiões da UE.

·Apenas um em cada três crimes é participado à polícia, o que se explica pela falta de confiança na actuação da polícia e pelo descrédito do sistema judicial.

·Problema da insegurança radica sobretudo na pequena criminalidade de rua.

·Delinquência juvenil

Propostas
·Aposta no policiamento de proximidade. Ou seja, a solução pode não passar por pôr mais polícias na rua, mas sim por pôr na rua um polícia que conheça a área que patrulha e os seus residentes e seja por estes reconhecido.

·Só aumentando a confiança dos cidadãos nas forças policiais se pode ganhar um clima de tranquilidade.

·Tudo isto implica uma alteração profunda dos estilos de policiamento e uma reconversão radical do actual modelo burocratizado.


EDUCAÇÃO: premiar quem mais se empenha
FÓRUM

Problemas

·Níveis de insucesso elevados, sobretudo no secundário e mais ainda no ensino ensino superior.

·Mais de 70 por cento dos alunos que chegam aos exames do 12º ano chumbam a Matemática e as médias nacionais em Física e Química são negativas.

·Grandes assimetrias regionais: as escolas com melhores desempenhos estão todas no litoral.

·Carências ao nível do ensino experimental: o ensino privilegia excessivamente as aulas expositivas.

·Professores desmotivados e nem sempre tão participativos quanto seria desejável na hora de encontrar soluções para os problemas.

Propostas
·O Estado deve dar mais autonomia às escolas, porque só assim elas vão responsabilizar-se por detectar os seus problemas e encontrar soluções específicas para os mesmos.

·As matérias dadas nas salas de aula têm que ser atraentes; a escola tem que se modernizar e ir ao encontro dos interesses dos alunos, nomeadamente ministrando um ensino mais experimental.

·Cada disciplina não pode ser uma ilha; os autores dos programas deveriam juntar-se para pensar os conteúdos curriculares como um todo - só assim pode haver interdisciplinaridade.

·É preciso apostar na formação dos professores e na sua avaliação, de forma a premiar quem mais se empenha.

·O Estado deve incentivar e fomentar a criação de associações de pais nas escolas


EMPREENDORISMO: ganhar gosto pelo risco
FÓRUM

Problemas
·País avesso ao risco. Empresas empreendedoras nascem com fracas ambições.

·Sucessivas falhas do Estado e de mercado contribuem negativamente para o empreendorismo.

·Sistema de ensino não o promove e a cultura dominante no tecido empresarial também não estimula a inovação nem a iniciativa.

·Falta de sensibilidade da banca e do capital de risco para o desenvolvimento de iniciativas empreendedoras.

Propostas
·Sermos exigentes connosco próprios.

·Mudança no sistema de ensino baseada numa política nacional que crie um ambiente social e institucional capaz de gerar capacidades empreendedoras, sobretudo nos jovens.

·Mudanças na organização burocrática dos serviços públicos vocacionados para a análise e acompanhamento de projectos de empreendorismo, que permitam melhor organização dos próprios serviços, maior celeridade e mais transparência.

·Mais empreendorismo significa mais espírito de iniciativa, assunção de responsabilidade, criatividade e gosto pelo risco.


PODER LOCAL: limitar os mandatos
FÓRUM

Problemas
·Aumento da abstenção

·Descredibilização da "classe política"

·Falta de ligação entre eleitores e eleitos

·Uso da possibilidade de candidaturas independentes para canalizar descontentamentos e dissidências partidárias.

Propostas
·Limitação dos mandatos dos autarcas

·Formas públicas de apresentação de reivindicações.

·Publicitação e debate amplo sobre as questões colectivas

·Governos locais devam ser exortados a incluir nos seus programas e práticas determinados mecanismos de mobilização para a participação, cujo respeito possa ser devidamente fiscalizado pela cidadania local

·Melhor informação sobre as formas de participação activa dos cidadãos e maior informação sobre o próprio trabalho efectuado pelo poder local.

·Criar uma relação de confiança, de disponibilidade, de responsabilidade e de abertura tanto do lado do poder como do dos cidadãos.

·Mais transparência.

·Criação de jornais do município ou da freguesia.

·Maior e melhor formação dos funcionários e essa formação deve partir de cima, das chefias, que têm funcionado muitas vezes como entrave.

·Simplificação dos referendos locais


DIREITOS DO CONTRIBUINTE: administração fiscal é quem mais ordena FÓRUM

Problemas
·Administração fiscal pouco eficiente e autoritária, a margem de defesa dos contribuintes é reduzida.

·A elevada tecnicidade das matérias tributárias já não é de molde a deixar os cidadãos muito à vontade quando que o fisco lhes bate à porta. Além disso, a coberto de procedimentos rígidos que vão quase sempre direitos à bolsa dos contribuintes - para mais, "envelopados" numa linguagem fechada e, por vezes, incompreensível - aqueles sentem que pouco ou nada poderão fazer para lidar favoravelmente com a situação.

·Para tornar perfeita a sensação de cerco, quase só existe um meio de reclamação - a própria administração fiscal.

Propostas
·A criação do Defensor do Contribuinte, em 1996, foi um primeiro passo importante, mas limitado, para inverter as coisas.

·Outro foi a separação dos tribunais tributários da própria administração, sem o que se assistia a uma absurda situação de ver alguém julgar em causa própria.

· Falta o principal: uma atitude cívica participativa e exigente da parte dos próprios cidadãos que, sempre que julguem a razão do seu lado, não se devem abster de reclamar.


TOXICODEPENDÊNCIA: prevenir uso da droga sem diabolizar
FÓRUM

Problemas
·Os estudos para apurar o número de consumidores problemáticos e o grau de prevalências dos consumo de drogas na população portuguesa continuam em curso e o recente frenesim legislativo na área da droga radica num desconhecimento sobre o fenómeno em Portugal.

·Um trabalho recente veio informar que um terço dos estudantes do ensino superior já experimentaram alguma substância ilícita e que este contacto se encontra difundido por todo o território.

Propostas
· Dar mais importância à prevenção, sublinhando que não pode assentar em estratégias geradoras do medo que diabolizam a droga, que podem suscitar a curiosidade mais do que dissuadir o seu consumo. O recém-aprovado Regime Geral da Política de Prevenção Primária das Toxicodependências vem ao encontro desta necessidade.

·Inclusão da temática da droga nos currícula escolares. Mas, como muitos outros aspectos deste diploma, reina a indefinição: não se explica como e quando será feita esta inserção. Os próprios pais devem exigir da escola formação nesta área desde o 1º ciclo, com a devida adequação dos conteúdos a cada grau de ensino.


QUALIDADE DE VIDA: pôr as pessoas em primeiro lugar
FÓRUM

Problemas
·A área prevista de expansão urbana no conjunto dos planos directores municipais triplica as necessidades da população portuguesa.

·Foram libertados solos para construção suficientes para albergar 30 milhões de almas. Já existem mais casas do que famílias. Sobretudo no litoral, com especial relevo para a Área Metropolitana de Lisboa.

·Acrescenta-se betão, corta-se nos solos agrícolas, na reserva ecológica, nos espaços verdes.

·As cidades vão perdendo habitantes e as suas periferias vão engordando: a maioria da sua população vive em "dormitórios".

·No que respeita à mobilidade dos utentes das cidades, a situação em Portugal aproxima-se da ruptura. Com o que isso significa em termos de gastos - de tempo, de energia - e de acréscimo de poluição. Felizmente, o saneamento básico conquistou novos lugares.

Propostas
·O planeamento urbano tem que pensar nas pessoas em primeiro lugar.

·As instituições devem dar respostas rápidas às reclamações dos cidadãos e criar condições à sua participação na vida das urbes.

·Os autarcas devem estar em consonância com os munícipes. Estes deverão eleger o ambiente como uma das suas prioridades e avançar com propostas concretas. ·Deixar de ser apenas do "contra", para começar a apontar o que realmente querem.

·É preciso incrementar a consciência cívica.

·Libertar mais espaços para usufruto das populações.


AMBIENTE: solução está nos cidadãos
FÓRUM

Problemas
· Os cidadãos fazem pouco para melhorar a qualidade do ambiente do país

Propostas
·A título de contribuição individual, as pessoas podem tomar atitudes simples que implicam consumir menos recursos, menos energia, produzir menos lixo, libertar menos poluição.

·O cidadão pode-se queixar, participar de discussões públicas, exercer o seu direito a consultar documentos e processos administrativos, associar-se a uma organização não-governamental, exigir dos agentes do Estado, enfim, que salvaguardem o interesse público em matéria de ambiente.

·Como escreveu nestas páginas o biólogo Jorge Palmeirim, "uma genuína democracia participada na área ambiental não está ainda ao virar da esquina", porque implica alterações de atitudes dos decisores e dos cidadãos. "Mas a alternativa de continuar a ver o interesse ambiental comum a ser posto em causa por interesses individuais justifica o esforço para alterar essas atitudes".


CORRUPÇÃO: "pacto de coragem", precisa-se
FÓRUM

Problemas
·A corrupção continua associada ao financiamento dos partidos, ao tráfico de influências e à falta de transparência na vida política.

·Dos processos investigados só um quarto chega a tribunal.

Propostas
· Um "pacto de coragem" entre os partidos para mudarem a lei do seu financiamento e das campanhas, as regras das incompatibilidades dos titulares de cargos políticos e para que assumam a luta contra a corrupção.

·Reforma efectiva da legislação e da máquina da administração fiscal: a melhoria da recolha e cruzamento de informação em sede de IRS, IRC, IVA e de bens sujeitos a registo e tributação por presunção de rendimento, ou seja, de quem apresente sinais exteriores de riqueza; a eliminação do segredo bancário; o cruzamento dos dados obtidos nas contas com a informação fiscal e a recolha e tratamento da informação bancária transnacional (ou, pelo menos, da que sai do espaço da União Europeia) para efeitos fiscais; a imposição de limitações à actividade das sociedades com sede em "off-shores"; excluir do âmbito das regras de protecção do segredo profissional todos os advogados que realizem ou intermediem operações financeiras; uma inibição efectiva ao exercício de cargos em entidades privadas com interesses em áreas anteriormente exercidas pelos titulares de cargos políticos e extensão deste princípio a familiares.

·Atribuição à Polícia Judiciária de poderes inspectivos e de acesso à informação fiscal e bancária nos precisos termos em que actualmente eles são atribuídos à administração fiscal na sequência da nova lei geral tributária.

·Atribuição à PJ de poderes semelhantes aos da extinta Alta Autoridade Contra a Corrupção, actualmente atribuídos à Direcção-Geral das Contribuições e Impostos e à Direcção Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo.

·Revisão da medida da pena no crime de corrupção, com especial atenção no que respeita à corrupção para acto lícito.

·Verdadeiro controlo público das declarações patrimoniais dos titulares de cargos públicos e políticos.

·Uma cultura política que rejeite e condene toda e qualquer situação que comprometa os princípios de integridade, imparcialidade e transparência inerentes ao exercício de um cargo político.

 

 

   

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