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CORRUPÇÃO
"Pacto de coragem", precisa-se
FÓRUM

Problemas
·A corrupção continua associada ao financiamento dos partidos, ao tráfico de influências e à falta de transparência na vida política. ·Dos processos investigados só um quarto chega a tribunal.


Propostas
· Um "pacto de coragem" entre os partidos para mudarem a lei do seu financiamento e das campanhas, as regras das incompatibilidades
dos titulares de cargos políticos e para que assumam a luta contra a corrupção.

·Reforma efectiva da legislação e da máquina da administração fiscal: a melhoria da recolha e cruzamento de informação em sede de IRS, IRC, IVA e de bens sujeitos a registo e tributação por presunção de rendimento, ou seja, de quem apresente sinais exteriores de riqueza; a eliminação do segredo bancário; o cruzamento dos dados obtidos nas contas com a informação fiscal e a recolha e tratamento da informação bancária transnacional (ou, pelo menos, da que sai do espaço da União Europeia) para efeitos fiscais; a imposição de limitações à actividade das sociedades com sede em "off-shores"; excluir do âmbito das regras de protecção do segredo profissional todos os advogados que realizem ou intermediem operações financeiras; uma inibição efectiva ao exercício de cargos em entidades privadas com interesses em áreas anteriormente exercidas pelos titulares de cargos políticos e extensão deste princípio a familiares.

·Atribuição à Polícia Judiciária de poderes inspectivos e de acesso à informação fiscal e bancária nos precisos termos em que actualmente eles são atribuídos à administração fiscal na sequência da nova lei geral tributária.

·Atribuição à PJ de poderes semelhantes aos da extinta Alta Autoridade Contra a Corrupção, actualmente atribuídos à Direcção-Geral das Contribuições e Impostos e à Direcção Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo.

·Revisão da medida da pena no crime de corrupção, com especial atenção no que respeita à corrupção para acto lícito.

·Verdadeiro controlo público das declarações patrimoniais dos titulares de cargos públicos e políticos.·Uma cultura política que rejeite e condene toda e qualquer situação que comprometa os princípios de integridade, imparcialidade e transparência inerentes ao exercício de um cargo político.

 


Só um quarto dos caos de corrupção chegam a tribunal
Por Eduardo Dâmaso e Anabela Cunha Campos*
Sábado, 6 de Outubro de 2001

De uma "certa cultura de corrupção", como dizia o ex-procurador-geral da República Cunha Rodrigues, passámos à corrupção enquanto "problema mais grave do país", como recentemente o descreveu António Borges, economista e ex-vice-governador do Banco de Portugal. A verdade é que no plano da acção das autoridades judiciais e das estatísticas esta percepção do fenómeno não é sustentada.


O jogo das reformas casuísticas

Por Eduardo Dâmaso
Sábado, 6 de Outubro de 2001

Em Portugal o avanço de medidas na área do combate à corrupção e da reforma do sistema político tem sido sempre marcado por uma lógica casuística, tentando responder a uma crise política. Para o investigador Luís Pinto de Sousa, do Instituto Universitário Europeu, de Florença, um exemplo daquilo a que chama "falta de convicção da classe política portuguesa" está na "importação de medidas de outros enquadramentos ético-jurídicos, sem que fosse compreendida a sua necessidade, função e garantida a sua aplicação num contexto social alheio." Um exemplo dessa "cosmética": a introdução do requisito de deliberação dos donativos pelos corpos sociais das empresas durante a reforma de 1993 teria pouca aplicabilidade no caso português, como o Tribunal Constitucional viria a verificar.

 

Legislar não basta para combater a corrupção
Por Luis Sousa*
Domingo, 7 de Outubro de 2001

O problema do combate à corrupção política em Portugal não é simplesmente legislativo, mas de convicção... e de ética! Hoje, Portugal dispõe dos mesmos instrumentos de combate existentes noutras democracias Europeias, contudo, demonstra-se incapaz de conter a vaga de escândalos que têm envolvido a classe política e os partidos desde os finais de 80.

Palavra de cidadãos
Domingo, 7 de Outubro de 2001

"O combate à corrupção passa pela limitação preventiva dos cenários que a propiciam. Assim, sublinho a indispensável diminuição da burocracia e a redução drástica da intervenção do Estado na esfera económica". Garcia dos Santos defende que só com a redução da presença do Estado se podem "modificar as condições que motivam os actos de corrupção" e assim combatê-los de forma eficiente. No sector público, onde a propriedade é difusa, é também onde mais facilmente surgem actos de corrupção.


 

 

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