“Podemos poupar rios de dinheiro se nos dermos ao trabalho de fazer contas”
Realmente vivemos numa sociedade em que impera a cultura dos “ricos”, quando não existem meios (dinheiro) para o ser. Porém, não é preciso tê-los para se fazer uma vida estável e com espaço para uma ou outra loucura de vez em quando.
Tenho 29 anos e emprego estável, ao contrário de muita gente, com muita pena minha, pois não desejo o mal de ninguém. Vou tendo sorte – se bem que, nos dias de hoje, essa “sorte” possa acabar. O facto de todos os meses não me faltar ordenado não quer dizer que possa fazer a vida que me apetece e comprar tudo o que me aparece pela frente.
Poupar não é nenhum caso de sucesso. Passa acima de tudo por ser racional e ter cuidado com a vida que se faz, sem luxos nem vícios. No dia-a-dia, reparo que por Lisboa circulam cada vez mais carros de alta cilindrada, com um valor de mercado bastante elevado. A ver isto, parece que a crise afinal é só para os outros e, assim sendo, não há assim tanta crise.
Considero-me um contribuinte médio, pelo que faço uma vida uns “furos” mais abaixo relativamente ao que ganho, de modo a poder poupar ao máximo no final do mês. Evito fazer “loucuras” e passei a fazer contas ao ano, visto que me dá outra perspectiva das contas que tenho de pagar e como poupar.
Visto que não sou grande adepto das televisões, optei por um pacote mais baixo da TV por cabo, para poder ter o essencial da TV. Também gostava de ver o meu clube na SportTV, mas como isso sai caro por mês, prefiro ver no café e contribuir para a economia local, o que me sai uma média, por cada jogo, de uma bica e um bolo, ou seja, pouco mais de 1,5 euros, dando uma média de cinco a seis euros mensais para ver os jogos do meu clube, ao invés dos 30 euros que exige a SportTV.
Parece insignificante, mas façamos as contas de outra forma. Por ano gasto uma média de 50 euros para ver os jogos do meu clube, que no fundo pago ajudando a economia da minha zona, ao contrário dos quase 400 euros que teria de pagar se tivesse SportTV. Trezentos e cinquenta euros já dariam para pagar a mensalidade do carro... se a tivesse.
Como comprar um carro novo ou semi-novo me daria uma prestação a rondar entre os 250 e os 400 euros por mês, faria o total de cerca 5000 euros por ano, só para o carro, com manutenção incluída. Como optei por comprar um carro há uns anos, bastante barato, cerca de 2500 euros, significa que já está pago, tendo que me preocupar somente com a manutenção. Gasto cerca de 500 euros por ano.
Já vai numa poupança de 4850 euros anuais, só carro e TV Cabo. Quanto ao combustível, nos últimos anos fazia uma média de consumo mensal de dois depósitos, o que dava cerca de 90 euros mensais, para fazer perto de 1500 quilómetros. Ora, como tempo é dinheiro, optei por comprar uma mota 125cc, dei 2500 euros pela nova Honda PCX125, conhecida pelo seu baixo consumo, cerca de dois litros aos cem, com um depósito que leva 7,5 euros a encher, sendo possível fazer 300 quilómetros com um depósito. Ou seja, com cinco depósitos, faço os mesmos 1500 quilómetros com um valor total de 37,5 euros. Não esquecendo que com mota não há trânsito. Sabendo muito bem que, quando chove, não é das melhores opções, sacrifícios exigem medidas. Como não tenho de fazer 300 quilómetros diários para chegar ao trabalho, sobrevivo diariamente ao sacrifício, não esquecendo que um depósito do carro me dura quase dois meses, senão mais...
Os mais cépticos questionam como tenho 2500 euros para dar por uma mota. É simples, faço uma poupança de 4500 euros anuais só em carro e TV Cabo, e ainda me sobra dinheiro para férias. A poupança já vai em cerca 5500 euros – carro, SportTV, gasóleo. Realmente poderia estar aqui o dia todo a enumerar os sítios onde podemos poupar e veríamos que no final se poupavam rios de dinheiro com coisas inúteis, se as pessoas apenas se dessem ao trabalho de fazer contas antes de se envolverem em compras.