Um Ano na Crise

casos de sucesso

“Criei um orçamento pessoal para me organizar e já consigo poupar”

António Costa, 28 anos, Odivelas

Ainda não me posso considerar um caso de sucesso, mas sinto-me em vias de vencer a crise.

Entrei recentemente (fins de 2007) no mercado de trabalho e, como cada vez mais se torna um bem básico, senti a necessidade de comprar um automóvel. Não comprei novo, mas também não quis comprar um muito antigo, pois as despesas de manutenção tendem a ser mais elevadas. Comprei um em estado semi-novo, com garantia da marca.

Inevitavelmente contraí um empréstimo. Já há quatro anos que ando a pagar esse empréstimo, e nada de conseguir juntar algum dinheiro. Cheguei a contrair outros créditos, nomeadamente em cartões de crédito.

Tem sido difícil gerir as contas. Contudo, cansado de não ver evolução financeira, mentalizei-me que algo teria de mudar. Até porque tenho o privilégio de ter emprego estável, o que não é comum nos dias que correm em início de carreira.

Resolvi, assim, criar um "orçamento pessoal". Tal como funciona nas empresas (mais organizadas) e no Estado. Garanto que um pouco de organização não só evita novos créditos, como também sobra algum dinheiro no final do mês.

Hoje em dia, faço planos de amortização do capital em dívida, para além das prestações, e ainda me sobra dinheiro para algum lazer. Faço ainda doações a instituições de animais. O orçamento não é difícil de fazer. É mais dificil de executar, mas com alguma disciplina, leva-se facilmente a bom porto.

Este orçamento levou-me a alterar um pouco os hábitos diários de consumo. Trago almoço de casa ou como em cantinas. Uma ou duas vezes por semana faço refeição fora, com os colegas de trabalho.

O Orçamento é feito da seguinte forma, com a ajuda de uma folha de cálculo no Ms Excel. (Orçamento actual, visto já não ter dívidas com cartões de crédito.)
16% Almoços semanais (cantinas e restaurantes)
24% Despesas matrimoniais (despesas comuns com a minha esposa: alimentação, serviços domésticos – água, luz, tv cabo, comunicações, etc.)
2% Comunicações (telemóvel)
3% Passe e transportes
18% Prestação do carro
18% Plano de amortizações extraordinárias
5% Vestuário
4% Lazer (pesca) e doações a instituições de animais

Sobram 10% que gosto de guardar para eventualidades que costumam existir, como por exemplo, festas de aniversário, problemas do automóvel, etc. Ainda existem os subsidios de férias e Natal, que são utilizados para amortização na sua maioria.

Para além do orçamento, algo que também me vi obrigado a fazer, para maior organização e mitigação de problemas relacionados com atrasos de ordenado, foi de reservar o montante para a prestação logo desde o início do mês. (A prestação é paga no último dia útil do mês). Assim, para além de andar adiantado um mês, evitando potenciais problemas relacionados com atrasos no pagamento de ordenados, é algum dinheiro que tenho guardado para alguma eventualidade, que só utilizo em casos de força maior.

Conto em acabar de pagar o empréstimo no ano que vem, sendo que o plano de pagamento estava feito até 2015. Após fazer o pagamento integral do empréstimo, o dinheiro que era orçamentado para o mesmo, será para poupança na forma de investimentos. Em épocas de crise, é a melhor altura para investir (com a devida análise cuidada nos produtos a investir).