A Colecção
Mil Folhas continua com mais
30 títulos
Depois da primeira série,
a Colecção Mil Folhas prossegue com mais 30 volumes
da literatura contemporânea. No dia 30 de Dezembro, segunda-feira,
quem comprar o 30º título - "A Metamorfose",
de Franz Kafka - terá grátis o número 31, "Fanny
Owen", de Agustina Bessa-Luís. Os outros livros serão
distribuídos, como habitualmente, às quartas-feiras.
23
de Maio de 2002
"O Nome da Rosa" Esgotou-se em Todo o País Edição de 120.000 exemplares Marisa Torres da Silva
Um enorme sucesso de vendas foi o resultado do primeiro
dia da colecção Mil Folhas, inaugurada com
"O Nome da Rosa", de Umberto Eco. Na manhã
de ontem, não restavam volumes nas bancas lisboetas
e à tarde a edição estava tecnicamente
esgotada
Mal passava das oito e um quarto da
manhã de ontem quando já se vislumbravam algumas
pessoas com um livro azul debaixo do braço. Em frente
a uma caixa multibanco, uma jovem tentava desesperadamente
equilibrar a pasta, o jornal e o volume de "O Nome
da Rosa", ao mesmo tempo que se esforçava por
introduzir o cartão na máquina.
No quiosque junto à RTP, às oito e meia, a
afluência era grande. Trinta volumes já tinham
ido parar às mãos dos clientes mais madrugadores,
mas houve quem, por prudência, quisesse reservar o
jornal na véspera, para não correr o risco
de perder a oferta. Todavia, as reservas não foram
apenas feitas para o dia de ontem: algumas pessoas quiseram
assegurar-se de que, nas próximas semanas, os livros
da colecção Mil Folhas ficassem bem guardados.
Um pouco mais à frente, na Avenida da República,
perto da estação de metro do Campo Pequeno,
os volumes estavam esgotados desde as oito horas. "Se
o PÚBLICO me tivesse enviado 500 livros, vendia-os
todos hoje", afirmou o proprietário do quiosque.
É que muitos optaram por comprar dois ou três
jornais, para dar aos amigos ou, simplesmente, para ficar
de recordação.
Na Avenida 5 de Outubro, a chuva que começava a cair
não afastou os potenciais compradores do jornal.
A quantidade de volumes recebida foi grande (160 livros),
mas apenas sobrava uma dezena, isto às nove horas.
No entanto, houve locais de venda a quem foram atribuídos
poucos livros (de 15 a 26), como é o caso dos quiosques
no Marquês de Pombal e nos Restauradores, sendo que
às oito horas já não restava nenhum
para amostra. Já a banca de jornais do Chiado, junto
ao café "A Brasileira", tinha recebido
180 volumes, dos quais uma centena havia sido vendida às
dez horas da manhã. Também na Avenida de Roma
(esquina com a Avenida João XXI), os 100 volumes
que se encontravam à disposição esgotaram-se
por volta das dez horas.
Leitores habituais do PÚBLICO ou compradores ocasionais?
Quem compra o PÚBLICO todos
os dias não se revelou muito satisfeito com esta
súbita procura do jornal, ou melhor, da oferta do
volume de "O Nome da Rosa". "Compro o PÚBLICO
habitualmente, mas hoje não consigo encontrá-lo
em lado nenhum. É quase assustador", comentava
alguém. Outros, menos fiéis às páginas
do jornal, mostravam desilusão, porque queriam o
livro e este estava esgotado em quase todos os locais.
Um dos proprietários do quiosque da Rua Viriato,
nas Picoas, afirmou que as pessoas que compraram o jornal
não correspondiam às caras que habitualmente
o adquiriam. "Hoje toda a gente quer o PÚBLICO.
Eu chamo-lhes os 'estrangeiros', porque não são
as pessoas que o costumam comprar diariamente", afirmou.
Assíduos ou ocasionais, o facto é que grande
parte dos compradores do jornal revelou uma grande preocupação
em estimar os livros, pelo menos a parte exterior - "as
capas são tão bonitas que não quero
sujá-las", comentava uma senhora idosa, exibindo
o volume.
De acordo com Luís Ferreira, director da circulação
do jornal, "O Nome da Rosa" encontrava-se tecnicamente
esgotado, nos 6.700 postos de venda em que foi disponibilizado.
Tiragem histórica
O primeiro livro da colecção
Mil Folhas teve uma tiragem de 120 mil exemplares, um número
muito elevado em relação ao panorama geral
do mercado editorial português. "Uma tiragem
histórica", nas palavras de Graça Didier,
presidente da Associação de Editores e Livreiros
(APEL). No ano passado, a mesma associação
tinha divulgado em conferência de imprensa as estatísticas
da edição de livros em Portugal (ver PÚBLICO
de 12/06/01), anunciando uma diminuição drástica
na tiragem, de três mil para 1.500 exemplares, em
1999. No que diz respeito à colecção
Mil Folhas e face aos dados disponíveis, Graça
Didier considerou a iniciativa como "muito positiva",
que poderá contribuir para "diversificar e conquistar
novos leitores".