Thomas Mann
Paixão e Sacrifício
Luís
Miguel Queirós
Na Veneza do início do século
XX, um escritor de meia-idade deslumbra-se com a beleza transcendente
de um rapaz de 14 anos, sacrificando a esta paixão
a sua lucidez e a sua dignidade
Em 1912, quando publica "Morte em Veneza", Thomas
Mann tem 37 anos e goza já de assinalável reputação
como escritor. Publicara dois romances - "Os Buddenbrook"
(1901) e "Sua Alteza Real" (1909) - e uma série
de novelas, incluindo a pequena obra-prima que é "Tonio
Kröger", originalmente editada, juntamente com outras
cinco histórias, em "Tristan" (1903).
Thomas
Mann
De Burguês
de Lübeck a Cidadão dos EUA
Luís
Miguel Queirós
Thomas Mann nasce em 1875 na cidade
livre de Lübeck, que, como Hamburgo e Bremen, mantinha
a sua soberania no interior do II Reich alemão. O pai
era um próspero comerciante, que veio a ocupar vários
cargos públicos, e a mãe, Júlia Silva-Bruhns,
nascida em plena floresta amazónica, era filha de um
alemão radicado no Brasil e de uma brasileira de origem
portuguesa. Thomas é o segundo filho. O mais velho,
Heinrich, virá também a ser um escritor de talento.
Seguem-se duas irmãs, Júlia e Carla - ambas
irão suicidar-se - e um irmão, Viktor Mann,
autor da crónica familiar "Wir Waren Fünf"
("Éramos Cinco").
Este
livro deu uma ópera
Música
para Uma Obsessão
Thomas Mann, para quem a música
teve extrema importância nas suas concepções
literárias - o exemplo mais paradigmático é
o romance "Doutor Fausto" -, conhecia a obra de
Benjamin Britten (1913-1976) e sempre achou que o compositor
britânico seria a pessoa ideal para escrever uma ópera
baseada na sua novela "Morte em Veneza".
Este
livro deu um filme
Atracção
Fatal
"Aquele que contempla a beleza
está condenado a morrer", escrevia Platão.
Pode ser este igualmente o epitáfio para "Morte
em Veneza", a adaptação de Luchino Visconti
da obra de Thomas Mann: o encontro com a morte aquando do
confronto com a beleza (a da juventude, mas também
da vida nela contida). Se é certo que há muito
se tinham separado as águas em relação
às ambições estéticas do realizador
aristocrata italiano - na ligação ao neo-realismo,
patente até à ruptura introduzida por "Sentimento"
- "Morte em Veneza", de 1971, é a obra onde
essas premissas, as de um certo decadentismo, são levadas
mais longe, constituindo para muitos o seu apogeu como cineasta.
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