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                   "Siddharta", 
                    de Hermann Hesse 
                    Por Fernando 
                    Magalhães 
                    Terça-feira, 4 de Junho de 2002 
                  Hermann Hesse (1877-1962, prémio 
                    Nobel da Literatura em 1946) escreveu "Siddhartha" 
                    em 1922 e desde essa data o livro tornou-se uma espécie 
                    de compêndio de vida e manual de aprendizagem espiritual 
                    para muitos ocidentais que nele encontraram eco e caminho. 
                     
                  "Siddhartha" insere-se numa 
                    linha de pensamento em que o misticismo e o pacifismo andam 
                    de mãos dadas e cujo centro se localiza nos preceitos 
                    e na espiritualidade (ou ausência dela, como se queira) 
                    budistas.  
                  Criado no seio de uma família 
                    religiosa, Hesse leu Nietzsche, Dostoievsky e Spengler, tendo 
                    aprendido com eles a contar uma história e a insuflar 
                    nela o verbo que distingue o simplesmente narrativo do iluminante, 
                    uma escrita que vai direita ao íntimo do leitor. Em 
                    1911, viaja até à Índia e aí encontra 
                    o cerne da sua espiritualidade, que cruza com o ideário 
                    romântico e uma recusa de todo e qualquer dogmatismo. 
                    Coincidindo com o despoletar da Primeira Guerra Mundial, uma 
                    crise pessoal leva-o ao divã de psicanálise 
                    de um discípulo de Carl Gustav Jung, cujas teorias 
                    sobre o Inconsciente Colectivo são mais uma pedra que 
                    utilizaria para erguer o templo em louvor de religião 
                    nenhuma que é "Siddhartha".  
                  Ao longo dos anos, o livro tornou-se, 
                    ele próprio, uma religião, sobretudo para os 
                    jovens, que nele viam, expresso de forma acessível, 
                    simples e condensada, o exemplo de uma conduta que, sendo 
                    moral, é ao mesmo tempo transgressora (Siddharta recusa 
                    os ensinamentos dos sábios, do próprio Gotama, 
                    o Buda, dando ouvidos unicamente à sua própria 
                    voz interior).  
                  "Siddhartha" é o caminho 
                    de Buda, o caminho para chegar a Buda e o caminho que parte 
                    de Buda. Pode ser lido também como uma história, 
                    na exacta medida em que todas as vidas contam uma história. 
                    É, em última análise, um livro sobre 
                    como abandonar todas as paixões para descobrir o amor. 
                     
                  Representa o culminar de uma fase criativa 
                    que, no capítulo dos romances e contos, engloba, entre 
                    outras, as obras "Demian", "O Último 
                    Verão de Klinsor", "Klein e Wagner", 
                    "A Cura", "O Lobo das Estepes", "Narciso 
                    e Goldmundo" e "Peregrinação ao Oriente". 
                      
                     
                    
                  Siddartha 
                    ou uma lição da luz 
                    Por Fernando 
                    Magalhães  
                   
                    Na próxima quarta-feira é a 
                      vez de "Siddartha", de Herman Hesse, que foi e 
                      continua a ser livro de cabeceira de muita gente 
                   
                  A maior parte de nós acorda todos os 
                    dias de manhã sem reparar que os olhos continuam fechados 
                    e que tudo em redor se mantém envolto em escuridão. 
                    "Siddhartha", de Herman Hesse, é o livro 
                    ideal para limpar as ramelas e afastar as cortinas do quarto. 
                    É um livro pequeno no tamanho mas imenso e intenso 
                    no que diz. E o que diz, di-lo directamente ao coração, 
                    sem intermediários. Foi escrito em 1922 por Herman 
                    Hesse (1877-1962), alemão naturalizado suíço, 
                    Prémio Nobel da Literatura em 1946 e que logo na infância 
                    declarara que "seria poeta ou não seria nada". 
                    As suas páginas estão cheias de zen. Nada de 
                    espantoso, se considerarmos que a espiritualidade caminha 
                    de Oriente para Ocidente (tenhamos esperança de que 
                    chegue cá a tempo e horas, como está escrito 
                    na luz).   
                   
                      
                   
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