A Colecção
Mil Folhas continua com mais
30 títulos
Depois da primeira série,
a Colecção Mil Folhas prossegue com mais 30 volumes
da literatura contemporânea. No dia 30 de Dezembro, segunda-feira,
quem comprar o 30º título - "A Metamorfose",
de Franz Kafka - terá grátis o número 31, "Fanny
Owen", de Agustina Bessa-Luís. Os outros livros serão
distribuídos, como habitualmente, às quartas-feiras.
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de Maio de 2002 "O Nome da Rosa", de Umberto Eco Homicídios em ambiente monástico Marisa Torres da Silva
É já amanhã que
o best-seller de Umberto Eco, "O Nome da Rosa",
dá início à colecção
Mil Folhas. Um romance onde os livros são a chave
de todos os segredos
Em plena baixa Idade Média,
Guilherme de Baskerville, um monge franciscano, e Adso de
Melk, um noviço da ordem de São Bento, viajam
até a uma abadia na Itália do Norte para desvendar
uma série de homicídios entre os monges, que
ocorrem durante sete dias. Pouco a pouco, o enigma por detrás
das mortes vai-se desvendando, através dos métodos
sherlokianos utilizados por Baskerville. Na biblioteca,
onde nem todos os livros são acessíveis, esconde-se,
por entre labirintos e manuscritos, a solução
para todos os crimes. Em particular, é interdito
o acesso a um livro, desconhecido da maioria dos monges
- o segundo volume da poética de Aristóteles,
onde o filósofo grego e o pai da teologia católica
haveria enunciado a apologia do riso.
As mortes vão surgindo a um ritmo apocalíptico,
coincidindo com as palavras pelas quais as sete trombetas
do Apocalipse anunciam as catástrofes do final dos
tempos. Adelmo de Otranto é o primeiro monge a ser
encontrado morto, cujo corpo aparece despedaçado
no meio do granizo e da neve, seguido por Venâncio
de Salvamec, que surge dentro de um tonel utilizado para
guardar o sangue dos porcos. A sucessão de crimes
acaba por se revelar um esquema enganador: as mortes não
esclarecem o mistério da abadia, mas são explicadas
por ele.
A biblioteca funciona como espécie de plano principal
da acção, oferencendo diversas sugestões
ambíguas. Construída em forma de labirinto,
ela é reservatório do saber, conservando documentos
antigos, mas impedindo o acesso a ele, proibindo a abertura
ao risco do conhecimento. Tal como diz Guilherme de Baskerville,
"esta biblioteca nasceu talvez para salvar os livros
que contém, mas agora serve para os sepultar. Por
isso tornou-se fonte de impiedade."
O livro, pelos elementos policiais que integra e pelo ambiente
de mistério que cria, além de retratar os
conturbados tempos medievais, provou ser um fenómeno
a nível internacional, vendendo milhões de
exemplares por todo o mundo e consolidando o nome de Eco
como um dos escritores mais lidos da literatura contemporânea.
As suas múltiplas referências históricas,
culturais e filosóficas, equilibradas por uma linguagem
erudita e algo irónica, fazem de "O Nome da
Rosa" um volume imperdível.