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de moda
Natal rima com chocolate, toda a gente sabe. E Susana Cruto sabe onde estão as melhores e mais doces lojas da Invicta. Mas não guarda segredo: Bonitos, Arcádia e Equador têm delícias para todos os gostos.
Paulo Pimenta fotografou
Nas ruas, as luzes coloridas não deixam dúvidas que o Natal chegou.
E com ele vieram cheiros e sabores peculiares... a chocolate, por exemplo. Feito a partir da amêndoa torrada do cacau, servido na forma pastosa, sólida e de bebida doce ou amarga, todo o ano é consumido, mas é nesta altura que mais é oferecido.
No Norte do país, onde o frio mais aperta, há chocolates artesanais para descobrir, provar e oferecer.
Nas ruas da Invicta encontrámos três casas de sonho que sugerem as melhores ideias para os presentes mais saborosos deste Natal.
Perdemo-nos pela Avenida da Boavista. O sol já se pôs e o dia já escureceu. Caminhamos por entre as árvores e pisamos a calçada.
Ao fundo da Rua de Afonso Lopes Vieira, as luzes coloridas fazem-se notar numa casa de bonecas ou melhor, de doces, que nos fazem crescer água na boca. Olhamos em redor e ninguém está à espreita.
Damos uma dentada e entramos no mundo do cacau da bombonaria Bonitos. A mistura de cheiros paira no ar. O espanta-espíritos dá conta da nossa presença e deixa a porta encostar lentamente.
Por momentos, recordamos o conto de Hansel e Gretel. Mas a casa não está vazia. No meio de vários doces, de braços abertos para nos receber, Isabel Bonito dá-nos as boas-vindas. Começou na cidade do Porto, com uma família ligada às guloseimas há várias gerações, e já tem mais de 30 anos de experiência.
Aqui tudo é artesanal. Nos últimos anos, Isabel focalizou o seu negócio nos chocolates de fabrico próprio e familiar, com uma variedade de bombons lisos e também de recheio, que poderão ser de frutos secos ou frescos, disponibilizando ainda alguns mimos sem açúcar.
Ao lado do balcão brilham bolachas, bolos, compotas. Todo o ano há produtos que se aliam aos de fabrico próprio: mel, compotas e doces, bolachas, marmelada e chás.
Está a chegar uma cliente e há trabalho para fazer. Uma encomenda de sortidos artesanais.
Isabel retira de baixo do balcão uma caixa verde, uma ternura de embalagem, e começa a preenchê-la, como se estivesse a construir um puzzle.
Os clientes da Bonitos que, além dos bombons, podem também comprar chaves de fendas, pincéis para a barba, tesouras ou estetoscópios em chocolate são já muitos e diversificados. "São pessoas simpáticas que entram aqui, muitas vezes até aliviam coisas da vida delas, pessoas de quem eu nem sequer sei o nome. Às vezes isto até parece uma consulta de Psicologia.
Porque as pessoas chegam aqui, comem um chocolate, conversam um bocadinho. É um local para descontrair. Acho piada, porque alguns clientes acabam por ver aqui um local de paz", conta Isabel Bonito.
Inês Barbosa cachecol escuro, sobretudo e as chaves do carro na mão entrou há mais de dois anos na loja Bonitos e nunca mais se esqueceu. Agora, esta professora de Filosofia é uma cliente assídua.
"Os chocolates são fantásticos. Eu gosto de todos, mas gosto mais com recheio de frutas. E estou com a ideia de oferecer no Natal, uns com recheio de caramelo. Uma pessoa entra aqui e parece que está numa loja de brinquedos. Venho sempre todas as semanas. Só quando me obrigarem a emagrecer é que vou parar", confessa, entre risos.
Noz, amêndoa, avelã, coco, café, mentol a colecção de sabores não tem fim. Os bombons são feitos um a um e parecem peças de joalharia autênticas. Nada é esquecido na bombonaria Bonitos. Nem mesmo a apresentação. " As caixas de embrulho são feitas com muito carinho, caprichadas. Uns laços, umas fitas. As caixas decoradas não são feitas em grandes quantidades, mas com grande qualidade.
Preferimos não crescer tanto e ter um espírito sempre de qualidade e de apresentação", esclarece Isabel.
Flores, cones, chapéus, corações, bolinhas ou quadrados.
Há chocolates de todas as formas e enfeitados com várias cores.
Separam-se por taças de cristais, mas estão de mão dada, na mesa de perdições. Há chocolates para todos os gostos. As pratas a enrolar os diferentes tipos de chocolate deslumbram os nossos olhos. Basta dizer para quem é o presente e Isabel apresenta-lhe de seguida um leque de sugestões saborosas.
"Para o Natal costumamos fazer também os de chila com amêndoa, que são óptimos. É uma bolinha de chila, depois amêndoa tostada por cima, coberta com chocolate amargo para cortar o doce de chila.
São relativamente novidade." E acrescenta, com água na boca: "Temos também as trufas de whisky velho. Que são assim um pedaço de nuvem. Quando se mete à boca, desfaz-se. O whisky faz toda a diferença. Tem uma textura que é uma nuvem autêntica. É fabuloso.
E são boas feitas e comidas na hora, quentinhas." Antes de abrirmos a porta para sair, Isabel deixa o apelo: "Convido as pessoas a virem cá experimentar, porque temos uma diversidade tão grande."
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