Um Romance
Sobre a Violência e a Memória
Lídia
Jorge acredita que a criação literária
está ligada ao desejo de testemunhar o tempo em que
se vive. "O Dia dos Prodígios" (1980), o
seu romance de estreia, foi considerado pelo ensaísta
Eduardo Lourenço "o livro-chave do novo olhar
romanesco pós-Abril" justamente porque questionava
as reais mudanças ocorridas em Portugal na sequência
da Revolução dos Cravos.
Colecção Mil Folhas
Lídia Jorge
Por Andreia
Azevedo Soares
Tal como a vida humana,
a história do mundo sempre foi precária. As
narrativas individuais passam dos murmúrios ao silêncio.
Ficam apenas os relatos oficiais. "A Costa dos Murmúrios"
procura resgatar outros olhares sobre a ocupação
portuguesa em Moçambique. Nesta conversa com o PÚBLICO,
a autora fala da guerra colonial e da necessidade contar tudo
outra vez. Como se narrar fosse a arma derradeira do homem
contra a sua finitude.
"A Costa dos Murmúrios", de
Lídia Jorge
"A Costa dos
Murmúrios", de Lídia Jorge, com Uma Tiragem
de 100 Mil Exemplares
Por Andreia
Azevedo Soares
O romance de Lídia Jorge, o décimo
título da Colecção Mil Folhas, debruça-se
sobre a guerra colonial em Moçambique
Após José Saramago e Jorge Amado,
é a vez de Lídia Jorge contribuir para a formação
de uma comunidade lusófona no interior da colecção
Mil Folhas. A escritora algarvia traz consigo não "A
Última Dona" - como havia sido divulgado inicialmente
-, mas sim cerca de cem mil exemplares de "A Costa dos
Murmúrios", romance publicado em 1988. Essa mudança
oferece aos leitores mais jovens a possibilidade de pousar
os olhos sobre um dos textos ficcionais mais célebres
sobre a nossa guerra colonial. "A Costa dos Murmúrios"
questiona com ironia todas as verdades absolutas fixadas pelos
discursos oficiais.
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