Primeiro volume de “As Célticas”

Em trânsito para o palco europeu da I Guerra Mundial, Corto Maltese tem uma fugaz passagem por Veneza. Depois dá um salto a Dublin para ajudar os independentistas irlandeses

Os revolucionários do Sinn Fein acabam de realizar mais uma operação militar contra o Exército inglês nas ruas de Dublin. Um sombrio major O’Sullivan acalma os seus nervosos soldados e evita o pior a um fleumático Corto Maltese, que estava por perto no momento do confronto. “Teve sorte... Podia ter deixado aqui a pele esta noite”, diz-lhe o oficial. Sem um único sinal no rosto que revele as suas emoções, o marinheiro de Malta responde-lhe com total serenidade e seriedade: “Impossível... Ainda não decidi a data da minha morte...”

 

"Corto Maltese foge de Veneza para não se deixar enfeitiçar"

Os caminhos de Venexiana Stevenson e do herói voltam a cruzar-se, mas é nos olhos de Banshee que ele se abisma perigosamente

“Veneza seria o meu fim!”, exclama Corto Maltese no epílogo da sua primeira aventura europeia, no decorrer da qual desmantela uma rede de espionagem e encontra Venexiana Stevenson, com quem já tivera antes uma refrega nas Honduras. A sua ânsia de partir intriga Sorrentino, o oficial italiano a quem salvou a vida. Mas foi Hugo Pratt, autor da banda desenhada, quem explicou as motivações do seu personagem: “[Ele quis dizer] que Veneza é muito bela, que ali ficamos preguiçosos e deixamos de ter energia para partir.” De facto, proveniente da América Latina, o marinheiro de Malta não se detém por muito tempo na cidade — a ela regressará alguns anos mais tarde, para viver uma bela aventura (“Fábula de Veneza”) — e parte para outras paragens, em Itália e mais para norte, na Irlanda. São estes os pontos geográficos de referência das histórias do primeiro volume de As Célticas, que amanhã será posto à venda com o PÚBLICO. ...

 

As mulheres de Corto - Banshee O’Danann

Nenhum outro momento será tão intensamente melancólico e triste como aquele que é vivido entre Corto e Banshee numa praia irlandesa batida pelo vento e sobrevoada pelas gaivotas. Corre o ano de 1917 e os fragores da insurreição do Domingo de Páscoa do ano anterior, em Dublin, ainda não se dissiparam por completo.

— Partes, Corto Maltese?

— Sim...! Queres vir comigo?

— Chamo-me Banshee, lembras-te?... Dou azar. Dei azar aos dois homens que amava... Não posso correr esse risco contigo... E depois a Irlanda ainda precisa de todos os seus... Adeus, Corto...

 

Francisco Louçã - Individualista convicto mas solidário

O meu primeiro contacto com Corto Maltese foi polémico. Publicava-se então a edição portuguesa da revista “Tintin”, quando Vasco Granja cometeu a heresia: numa separata a preto e branco da revista, começou a publicar as histórias do marinheiro de Malta. ...

 

O Primeiro volume de "As Célticas "
O primeiro volume na proxima segunda, 25 de Outubro.

Em 1917 Corto Maltese mantém um conciliábulo com os monges de S.Francisco do Deserto, perto de Veneza. Segundo parece, um curioso mapa desenhado na pele de um franciscano, arrancada pelos índios jívaros, assinala a rota até ao tesouro de El Dorado. É o ponto de partida de "O Anjo à Janela do Oriente", história publicada pela primeira vez em Setembro de 1971 na revista francesa "Pif". Depois, o marinheiro de Malta desempenha um papel mais activo na recuperação do ouro do rei do Montenegro, embora só apareça no final da aventura, intitulada "Sob a Bandeira do Ouro" ("Pif", Novembro de 1971). ...