O Papa deixou Portugal esta tarde, pelas 14h15, a afirmar que leva de regresso ao Vaticano a “cordialidade e afecto” dos portugueses, após uma visita de quatro dias, com passagem por Lisboa, Fátima e Porto.
A cerimónia de despedida no Aeroporto Sá Carneiro contou com a presença do Presidente da República, Cavaco Silva, e outras altas individualidades civis e militares do país. Nas palavras que dirigiu ao Papa, o chefe de Estado português disse que o país vê Bento XVI partir “revigorado pela mensagem de esperança e confiança” que deixou na sua visita. “Vemos partir o Santo Padre com um sentimento que nenhuma outra língua ainda soube traduzir em toda a sua profundidade e que reservamos aos que nos são mais queridos, a saudade”, afirmou Cavaco Silva.
No seu discurso, o Presidente da República relembrou ainda as “impressionantes molduras humanas” que o acolheram em Lisboa, Fátima e Porto e “as manifestações de profunda devoção e júbilo” que marcaram esses momentos.
Na sua mensagem de despedida, o Papa retribuiu as palavras de agradecimento e disse que leva “guardada na alma a cordialidade” do acolhimento “afectuoso” que recebeu em Portugal, manifestando o desejo de que a sua visita se torne num “incentivo para um renovado impulso espiritual e apostólico” dos católicos.
“Não cesse entre vós de crescer a concórdia, essencial para uma sólida coesão, caminho necessário para enfrentar com responsabilidade comum os desafios com que vos debateis”, exortou.
Para trás ficaram quatro dias de uma agenda intensa, com encontros e missas em Lisboa, Fátima e Porto. Durante a passagem do Santo Padre pelas três cidades portuguesas, foram milhares os fiéis que quiseram assistir às homilias papais: entre 80 e 100 mil no Terreiro do Paço, perto de 500 mil no Santuário de Fátima, e entre 120 e 150 mil na Avenida dos Aliados.
Nas missas que celebrou ficaram palavras de encorajamento aos fiéis num momento de crise económica e social, mas também foram abordados, ainda que de forma indirecta, temas polémicos como o aborto e o casamento homossexual. Ontem, na homilia em Fátima, o Santo Padre reafirmou a doutrina tradicional católica do "matrimónio indissolúvel de um homem com uma mulher" e elogiou os que trabalham para apoiar as pessoas "feridas pelo drama do aborto".
O tema da pedofilia, que tem abalado a Igreja principalmente nos últimos meses, também esteve presente no discurso do Papa, mas antes de ter aterrado em Lisboa. A bordo do avião que o transportou de Roma, o Santo Padre afirmou que o grande sofrimento da Igreja é o seu "pecado", referindo-se aos casos de pedofilia. E acrescentou que a "maior perseguição à Igreja" não vem de "inimigos de fora, mas nasce do pecado na Igreja". Esta posição é uma ruptura séria com afirmações de cardeais e responsáveis da Cúria Romana que assumiram, nas últimas semanas, uma atitude de vitimização da Igreja, denunciando o que consideraram campanhas contra a Santa Sé.
O Papa e a sua comitiva partem para Roma a bordo de um Airbus A 320 da TAP, que deverá chegar ao Aeroporto de Ciampino, pelas 18h00.