JoãoRelvas/Lusa
 
  A maioria dos timorenses ficou pouco esclarecida sobre os programas políticos
de cada partido
 
   
   
 

15 de Julho - Acabou o Conselho Nacional, começou
a campanha em Timor-Leste

23 de Julho - Um povo informado com uma campanha fantasma

27 de Julho - Bispos apelam
a voto em consciência

29 de Julho - Fretilin mostra a sua força no encerramento da campanha

Retórica domina primeiro debate político em Timor
Por António Sampaio, Díli
Quarta, 18 de Julho de 2001

Foi uma estreia, qualificada de "evento histórico", mas que pouco esclareceu, pois predominaram as generalidades

Representantes de 14 dos 16 partidos concorrentes às eleições de 30 de Agosto em Timor-Leste participaram ontem no primeiro debate da campanha, moderado por José Ramos-Horta e marcado por generalidades e retórica.

Reunidos no auditório do Departamento de Informação da administração transitória e num encontro organizado pela Associação de Jornalistas de Timor-Leste, os representantes partidários - em que se notaram as ausências do PDM e da ASDT - apresentaram as plataformas centrais dos seus partidos.

Abrindo o debate, José Ramos-Horta relembrou que "pela primeira vez na história" os partidos políticos se reuniam, antes de eleições livres, para apresentarem "as suas ideias com transmissão em directo". "Este é um evento histórico e o primeiro do género em Timor-Leste", salientou.

O debate, que começou cerca das 09h00 e se prolongou até às 17h00, foi transmitido pela Rádio UNTAET, devendo ser transmitido em diferido na TVTL na quarta-feira.

Depois de uma pequena introdução "de apenas um minuto", como relembrou Ramos-Horta, os representantes dos partidos políticos responderam a várias questões de um grupo de jornalistas timorenses. Além de dúvidas sobre as plataformas de cada um, o tema mais debatido na fase inicial foi a questão da violência e dos eventuais problemas que possam surgir após o sufrágio.

Em tétum, e um por um, cada um dos representantes partidários garantiu que o seu partido se compromete a aceitar o resultado da votação de 30 de Agosto, reafirmando o empenho "na paz e estabilidade".

Ramos-Horta aproveitou o papel de moderador para lançar logo alguns desafios, querendo saber por exemplo qual é a diferença da democracia cristã do Partido Democrata-Cristão (PDC) e do Partido Democrata-Cristão Timor (UDC/PDC).

Declarando-se "igualmente confuso" sobre as diferenças entre a social-democracia do PSD e a da ASDT, questionou ainda a vice-presidente do Partido Nacionalista Timorense (PNT) sobre a sua intervenção inicial em que "quase falou como se fosse da Fretilin". "Sendo assim, então porque é que não se junta à Fretilin?", interrogou, perante risos da pequena plateia.

Num intervalo do debate, José Ramos-Horta explicou a jornalistas portugueses que com 16 partidos é necessário "manter um bom sentido de humor" para tentar "encontrar as 'nuances' necessárias para explicar as diferenças ao eleitorado".

Admitindo que numa primeira fase os partidos optam bastante pela "retórica e generalidade", considerou que mais do que conhecer as plataformas o importante é saber "onde vão buscar o dinheiro" para cumprir as promessas. "Infelizmente, creio que só dois ou três partidos é que fizeram um estudo adequado. De outros ouve-se muita demagogia irresponsável", criticou.

O debate em que a "língua oficial" foi o tétum funcionou sob regras bastante estritas, que proibiam "o uso de palavras insultuosas" ou interrupções, tendo cada candidato de esperar até que o moderador lhe passasse a palavra. "Ninguém pode interromper, quer para falar quer para discutir, enquanto outro candidato estiver a falar", determina a lista de 20 regras entregue a cada um dos participantes. Não poderiam igualmente dar entrevistas durante a realização do evento nem "abandonar a arena de discussão".

Os encontros com a imprensa arrancam a sério na próxima semana quando diariamente um representante de cada um dos 16 partidos se apresentará para um debate alargado com jornalistas timorenses e estrangeiros em Timor-Leste.

Lusa

Há algum assunto que gostasse de ver abordado neste dossier? Envie-nos a sua sugestão.
Quer fazer uma pergunta sobre este tema? Envie-nos a sua questão e leia aqui a resposta. Receberá um aviso quando ela for publicada.

© 2001 PUBLICO.PT, Serviços Digitais Multimédia SA
Email Publico.pt: Direcção Editorial - Webmaster - Publicidade