"Lolita", de Vladimir Nabokov
Em 1954, muitas décadas depois de ter abandonado, contra a sua vontade, a sua amada Rússia, Vladimir Nabokov (1899-1977), termina o manuscrito de “Lolita”. No país de exílio, os Estados Unidos, entrega cópias do romance a quatro editoras. Todas recusam — alegam escândalo, obscenidade, eventual processo criminal. Nabokov, embora tivesse feito muitas renúncias ao longo da sua vida, não desiste. Envia o livro para uma pequenina editora, Olímpia Press, em Paris, onde vivera até 1940, e o editor não recusa o romance.
 
 
Este livro deu dois filmes
É incomensurável a distância entre as duas adaptações cinematográficas, homónimas, do romance de Nabokov: a de Stanley Kubrick, de 1962, e a de Adrian Lyne, de 1997. Somente a origem dos filmes e o fascínio dos seus realizadores pelo escritor e pela obra constituem factores comuns.
 
 
O amor é o paraíso perdido
Em 1950, Vladimir Nabokov já quase desistira de escrever em russo. Mais uma renúncia na sua vida, depois de tantas outras. Depois da dor, ensombrada pelo desespero: a fuga da amada pátria; o pai assassinado por fascistas, em 1922, em Berlim; a morte do seu irmão mais novo, Serguei, num campo de concentração nazi, acusado de ser um espião ao serviço de Grã-Bretanha; a noiva, Tamara, abandonada em São Petersburgo; a ocultação da sua identidade em várias obras escritas entre Berlim e Paris, sempre assinadas com o pseudónimo Sirin; os exílios, primeiro em Berlim e Paris, depois nos EUA e, finalmente, na Suiça.