Irlanda do Norte: Os
protagonistas Gerry Adams
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Gerry Adams nasceu em 1948, no seio de uma família da classe operária de Belfast
(onde ainda vive).
Apoiou o Movimento pelos Direitos Civis, lutando contra a discriminação do Governo
britânico sobre os católicos.
O seu empenho em conseguir igualdade de tratamento para todos os irlandeses fez com que
fosse enviado, em 1972, para o Maidstone, um barco-prisão inglês conhecido pelas suas
condições desumanas. Esteve preso, sem julgamento, entre 1973 e 1977.
A sua família foi perseguida pelos unionistas: o irmão e o cunhado foram assassinados,
vários familiares estiveram presos e a sua mulher e o seu filho foram objecto de um
ataque bombista à sua casa, do qual escaparam por pouco.
Eleito presidente do Sinn Féin - braço político do IRA - em 1983, Adams foi também, no
mesmo ano, ministro do Parlamento de West Belfast, mas recusou ocupar o seu lugar no
Parlamento britânico.
Em 1993, conjuntamente com John Hume, teve um papel importante na reposição da
Iniciativa de Paz Irlandesa, que deu origem a passos decisivos para o processo de paz,
nomeadamente a Declaração de Downing Street.
A estratégia adoptada pelo Sinn Féin, sob a sua liderança, em relação ao IRA,
conduziu ao cessar-fogo de 31 de Agosto de 1994.
Integrou a delegação do Sinn Féin durante o Fórum para a Paz e a Reconciliação.
Nas recentes eleições parlamentares, Adams voltou a conquistar um lugar em Westminster.
Martin McGuinness
Martin McGuinness é o delegado do Sinn Féin para as negociações com o Governo
britânico.
Nasceu em 1950, no seio de uma família com tradições nacionalistas, esteve envolvido no
Movimento pelos Direitos Civis e aderiu ao Sinn Féin em 1970.
Foi um dos delegados do Sinn Féin que, em 1972, tomou parte nas conversações com o
secretário de Estado britânico William Whitelaw e, desde aí, desempenhou um papel
importante na promoção da estratégia do processo de paz.
Em 1982, foi proibido de entrar no Reino Unido pela Lei de Prevenção do Terrorismo.
Liderou a delegação do partido nos vários encontros que se seguiram ao cessar-fogo do
IRA, decretado a 31 de Agosto de 1994, nomeadamente naqueles que conduziram ao acordo de
"Sexta-feira Santa".
Nas recentes eleições de Westminster, McGuiness foi eleito deputado do Sinn Féin para o
Mid-Ulster.
David Trimble
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Nascido em 1944, David Trimble foi eleito primeiro-ministro da assembleia da Irlanda do
Norte, agora suspensa.
É, desde 1995, líder do Partido Unionista do Ulster (UUP), a maior força política
unionista, e transformou-se no primeiro líder do UUP a negociar com o Sinn Féin, em
1998, ano em que recebeu o Nobel da Paz, pelo seu envolvimento no processo de paz na
Irlanda do Norte.
É acusado por muitos unionistas de se ter "vendido" aos republicanos e perdeu o
apoio de mais de metade dos seus colegas paralamentares durante as conversações de paz
que conduziram ao acordo de "Sexta-feira Santa".
Em Julho de 1999, o UUP recusou partilhar o Executivo da Irlanda do Norte com o Sinn Féin
até que o IRA iniciasse o desarmamento, decisão que colocou a divisão de poderes em
espera, por tempo indefinido. Muitos unionistas opuseram-se à formação de um Executivo
conjunto, mas Trimble conseguiu o apoio necessário num encontro histórico do UUP.
Passados três meses, o IRA continuava a não entregar as armas e Trimble declarou que o
seu partido não podia continuar a governar com o Sinn Féin, o que conduziu à suspensão
da assembleia no passado dia 11 de Fevereiro.
John Hume
Laureado com o Nobel da Paz de 1998, pela sua actividade em prol do processo de paz na
Irlanda do Norte, John Hume é o actual líder e um dos fundadores do Partido
Social-Democrata e Trabalhista (SDLP), a segunda maior força política da Irlanda do
Norte, desde 1979.
É membro do Parlamento britânico desde 1983 e foi também eleito membro do Parlamento
Europeu nas primeiras eleições directas, em 1979, onde apresentou o relatório
"Programa de Reconciliação para a Irlanda", em 1995.
O seu diálogo com Gerry Adams foi um factor-chave na condução do processo de paz, que
culminou com a declaração do cessar-fogo em 1994.
John de Chastelain
Antigo general do Exército canadiano, John de Chastelain é o presidente da Comissão
Internacional para o Desarmamento, criada em 1995 para acompanhar o difícil processo de
deposição de armas na Irlanda do Norte.
No seu relatório de Julho de 1999, John de Chastelain mostrava-se optimista quanto ao
desarmamento dos grupos paramilitares, acreditando que ele seria alcançado até Maio de
2000.
Peter Mandelson
Eleito secretário de Estado para a Irlanda do Norte, Mandelson é uma figura política
próxima do primeiro-ministro Tony Blair.
Mandelson veio substituir Mo Mowlam, cujo estilo sarcástico não agradava muito aos
políticos unionistas, que a viam como defensora da causa nacionalista.
O optimismo com que foi encarada a nomeação de Mandelson revelou-se acertado quando, em
Novembro de 1999, todos os partidos da Irlanda do Norte e o IRA chegaram a um acordo
acerca do desarmamento e de um Governo conjunto. A assembleia foi criada em inícios de
Dezembro, mas o processo de desarmamento não teve grandes avanços.
Mandelson começou a sua carreira política no Partido Trabalhista como Director de
Comunicação. Quando Tony Blair venceu as eleições de 1997, tornou-se num dos seus
principais conselheiros.
Foi Mandelson quem anunciou a suspensão da assembleia da Irlanda do Norte no dia 11 de
Fevereiro.
David Ervine
Porta-voz do Partido Progressista Unionista, que representa os pontos de vista do grupo
paramilitar protestante Força dos Voluntários do Ulster (UVF).
Em 1975 foi condenado a cinco anos de cadeia, depois de ter sido detido num carro que
continha explosivos.
A seguir à decisão dos principais grupos paramilitares protestantes de aderirem ao
cessar-fogo de 1994, tornou-se numa figura influente entre os partidos lealistas.
Já teve o seu nome inscrito na "lista negra" do IRA, tendo-se visto obrigado a
mudar de casa com frequência para evitar atentados.
Ervine não aceita a ideia de uma Irlanda unida mas, apesar de todas as dúvidas dos
protestantes em relação ao acordo de "Sexta-feira Santa", este político
considerou-o um bom negócio.
Reconhecendo as dificuldades do IRA em entregar as armas, Ervine afirma, no entanto, que a
organização republicana tem que deixar claro que não vai quebrar o cessar-fogo.
Jeffrey Donaldson
Um dos líderes do Partido Unionista do Ulster (UUP), Jeffrey Donaldson lançou a
possibilidade de uma cisão no partido quando abandonou as suas funções políticas nas
conversações de paz, durante onze horas, em 1998.
Recusando aceitar as garantias do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, acerca do
desarmamento dos grupos paramilitares, Donaldson disse a David Trimble para não apoiar o
acordo de "Sexta-feira Santa" e as propostas de divisão de poderes com os
republicanos. Em resposta, o seu partido impediu-o de tomar parte nas eleições para a
assembleia. No entanto, a sua atitude mereceu o apoio de membros do UUP que não estavam
satisfeitos com a direcção de Trimble.
Membro do Parlamento britânico para Lagan Valley desde 1997, Donaldson considera que a
questão da libertação dos prisioneiros e do desarmamento estão intimamente ligadas.
Sir Ronnie Flanagan
Chefe da RUC - Royal Ulster Constabulary -, a polícia britânica na Irlanda do Norte,
a que aderiu em 1970, Ronnie Flanagan é a face mais visível da polícia.
Num comunicado recente, Flanagan dizia: "Todos os membros devem receber garantias da
organização policial, de que os seus interesses serão representados".
Flanagan era o comandante da RUC em Belfast quando, em 1993, ocorreu a explosão de
Shankill, a que se seguiu um período de violência na cidade.
Em 1996, conduziu a revisão policial da RUC.
George Mitchell
Cidadão norte-americano e antigo senador, George Mitchell é admirado na Irlanda do
Norte pelo seu empenho em impulsionar o processo de paz.
A sua paciência e habilidade durante as conversações de paz que conduziram ao acordo de
"Sexta-feira Santa", a que presidiu, receberam um apoio unânime. Depois de 36
horas seguidas de conversações, conseguiu que os partidos da Irlanda do Norte chegassem
a um acordo no dia 10 de Abril de 1998.
George Mitchell envolveu-se no conflito na Irlanda do Norte quando o Senado
norte-americano iniciou esforços para impulsionar a economia local. Essa função
depressa se alargou às conversações para o desarmamento.
Ian Paisley
Ian Paisley chamou a atenção, pela primeira vez, em 1963, quando organizou uma marcha
de protesto contra a decisão de arriar a bandeira britânica da Câmara Municipal de
Belfast.
Combinando uma violenta oposição à Igreja Católica com a determinação de resistir à
causa nacionalista, Ian Paisley fundou, conjuntamente com William Boal, o Partido dos
Unionistas Democratas (DUP), em 1971.
Tem resistido a qualquer acordo que conduza a uma maior influência da República da
Irlanda nos assuntos da Irlanda do Norte. Opôs-se ao acordo de Sunningdale, em 1973, e
envolveu-se na greve dos trabalhadores do Ulster que derrubou a administração conjunta
em 1974. Resistiu também ao acordo anglo-irlandês de 1985 e ao acordo de
"Sexta-feira Santa", em 1998, e tem-se oposto veementemente a qualquer tentativa
de conceder postos ministeriais ao Sinn Féin. |