Primeiro volume de “A Casa Dourada de Samarcanda”

A rota da seda liga a China ao Mediterrâneo. Corto Maltese empreende o caminho inverso, à procura de um tesouro. Conseguirá atingir os seus objectivos?

A extensa rota terrestre entre o Mediterrâneo e a fronteira do Império das Índias é uma das mais longas distâncias percorridas por Corto Maltese nos seus périplos aventureiros. Através da Ásia, continente onde se assistia na altura ao nascimento de três repúblicas — a Turquia, a URSS e o Irão —, esta viagem constitui um enorme teste à capacidade de o herói passar incólume através dos massacres,carnificinas e vinganças com que a Terra mata a sua infinita sede de sangue humano. Como se verá, o marinheiro é um espectador atento — e nunca indiferente — de tudo isto em “A Casa Dourada de Samarcanda”, banda desenhada da qual é hoje distribuído o primeiro volume com o PÚBLICO. ...

 

Corto Maltese atravessa a Ásia perseguido pelo seu duplo

O herói percorre meia Ásia por um tesouro, mas este propósito esconde outro: salvar o seu amigo Rasputine, que é a fi gura central da história.

Tudo começa em Rodes, onde Corto Maltese aceita involuntariamente desempenhar o papel de segundo Marco Polo, trilhando rotas antigas para encontrar o fabuloso tesouro de Alexandre, “o Grande”. Não é a primeira vez que o herói parece vivamente animado por esse propósito aventureiro, à primeira vista ambicioso e cúpido, mas na prática desapaixonado e pouco veemente. ...

 

As mulheres de Corto - Venexiana Stevenson

Entre a mulher implacável que Corto Maltese conheceu nas Honduras, em 1917 (encontra-a de novo, nesse ano, em Veneza), e a criatura frágil e digna de alguma comiseração que volta a avistar em 1921-1922, algures na Ásia Menor, não parece haver grandes elos de ligação. Todavia, num caso e noutro a personagem envolvida é a mesma, Venexiana Stevenson.

A sua coragem está à altura da sua falta de escrúpulos, qualidades que foram devidamente assinaladas numa célebre comunicação do professor Alphonse Lucas ao Congresso Internacional de Criminologia, em Lausana (Suíça), no ano de 1927. ...

 

José Manuel Castanheira
Uma certa costela anarquista

O que mais me fascina em Corto Maltese, de quem gosto muito, é a sua faceta de herói... anti-herói. Apesar da reserva com que todos os paralelismos devem ser olhados, ele é um dos ícones da nossa história, comparável a Ulisses, Che Guevara ou Salgueiro Maia — é um daqueles indivíduos que sentem ter uma missão, um papel a desempenhar na história. À boa maneira dos heróis, está sempre do lado dos “bons” e defende os valores mais nobres. ...

 

Primeiro volume de “A Casa Dourada de Samarcanda”
Na proxima segunda, 29 de Novembro.

Depois de uma breve mas intensa passagem por Veneza, Corto Maltese está ocupado durante um ano, entre 1921 e 1922, a procurar o tesouro de Alexandre, o Grande. Simultaneamente, trilha os passos de Rasputine, o seu louco e violento amigo que está, invariavelmente, metido em grandes sarilhos. ...