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”Húmus”,
de Raul Brandão
Um diário? Um romance? Mesmo que inclassificável,
trata-se de “uma obra-prima em qualquer literatura”,
dirá David Mourão-Ferreira
“Acabo de reler o ‘Húmus’, de um
fôlego, numa só noite, e dessa leitura saio,
ao mesmo tempo, sufocado e eufórico.”
É difícil imaginar, quanto mais conceber, que
uma das vozes mais solares da poesia do século XX português
como é David Mourão-Ferreira pudesse ter lido
numa só noite “Húmus”. Até
porque é o próprio poeta e ensaísta que
logo confessa: “[Fiquei] impregnado até aos ossos
de uma sensação física de ‘mixórdia’
e de ‘espanto’.”
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Nada - Tudo
Ouço sempre o mesmo ruído
de morte que devagar rói e persiste..."
Dedicado "ao mestre Columbano", é assim que
Raul Brandão (n. 1867, Foz do Douro-m. 1930, Lisboa)
traz à luz do dia "Húmus".
A partir do excelente trabalho de Maria João Reynaud
para a colecção Obras Clássicas da Literatura
Portuguesa (patrocinado pelo Instituto Português do
Livro e das Bibliotecas, a que a Campo das Letras se associou,
numa aposta fora de vulgar em Portugal, ao juntar numa mesma
caixa as três edições-versões do
livro, de 1917, 1921 e 1926), ficamos a saber que pouco se
conhece do princípio dos princípios de "Húmus".
Pouco importa. Interessa, isso sim, notar que se trata de
um "work in progress", solitário, sofrido,
que terá consumido muitas horas, dias (e noites certamente)
ao escritor.
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