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“A
Idade da Inocência”, de Edith Wharton
Este romance, que ganhou o prémio Pulitzer em 1920,
desenha com fina acidez os códigos da elite nova-iorquina
no final do século XIX. É uma sociedade elegante,
exclusiva, incomoda pelo regresso da condessa Olenska, que
se separou do marido na Europa e traz consigo um perturbante
sopro de independência.
Quando em 1993 Martin Scorsese apresentou a sua adaptação
ao cinema do romance de Edith Wharton, foi muito claro sobre
o conteúdo do filme – “É sobre rituais
tribais”, disse.
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Edith Wharton “O
amor impotente”
Logo na primeira frase — “Numa
noite de Janeiro no início dos anos 70, Chistine Nilsson
cantava o ‘Fausto’ na Academia de Música
em Nova Iorque” — Edith Wharton traça o
ambiente romanesco, social e histórico de “A
Idade da Inocência”. É pela porta da ópera
que se entra no quotidiano da melhor sociedade novaiorquina
do último quartel do século XIX, a mesma que
vivia lado a lado com a cidade enlameada, desregrada e violenta
dos “gangs” do último filme de Martin Scorsese,
numa época em que as principais dores de parto da nacionalidade
começavam a dissipar-se. É um tempo de reforço
dos alicerces económicos da alta burguesia norte-americana,
que irá dominar o mundo. E de afirmação
do seu estilo próprio de sofisticação,
dos seus códigos mundanos, dos seus rituais de classe.
Este livro deu um filme
Em 1993, “A Idade da Inocência”
foi adaptado ao cinema por Martin Scorsese. Com um elenco
de peso (Daniel Day-Lewis, Michelle Pfeiffer, Winona Ryder
e Geraldine Chaplin), o realizador americano transportou-nos
até à alta sociedade nova-iorquina da segunda
metade do século XIX, criando um notável fresco
histórico e romântico dessa época crepuscular
(onde se anunciava a queda da classe aristocrática
e o despontar das revoluções sociais que marcaram
o século seguinte). Influenciado pelo esteticismo barroco
e operático de alguns dos seus cineastas favoritos
— como Luchino Visconti, Max Ophuls ou o Orson Welles
de “The Magnificent Ambersons” — “A
Idade da Inocência” é de uma beleza lancinante.
Uma história de amor comoventíssima, de um romantismo
velado, onde as emoções manifestadas pelo triângulo
amoroso protagonista (Day-Lewis, Pfeiffer, Ryder) passam sempre
pelo não dito, o não assumido; nunca pelo exacerbado.
Ao tomar como ponto de partida a obra de Wharton, Scorsese
filmou um dos mais subtis e pungentes retratos da autodestruição
individual do cinema contemporâneo, a de um homem que
renuncia ao (seu) amor absoluto em nome das tradições
sociais da época, onde o ideal de uma família
imaculada tinha que ser preservado acima de tudo e de todas
as emoções. P.G.
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Biblioteca, Mounte
Edith Wharton em criança
Edith Wharton com um bebé
A Idade de Inocência, filme
de Martin Scorsese
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