“O Sangue dos Outros”, de Simone
de Beauvoir, na Colecção Mil Folhas
Em 1954, muitas décadas depois de ter abandonado, contra a sua vontade, a sua amada Rússia, Vladimir Nabokov (1899-1977), termina o manuscrito de “Lolita”. No país de exílio, os Estados Unidos, entrega cópias do romance a quatro editoras. Todas recusam — alegam escândalo, obscenidade, eventual processo criminal. Nabokov, embora tivesse feito muitas renúncias ao longo da sua vida, não desiste. Envia o livro para uma pequenina editora, Olímpia Press, em Paris, onde vivera até 1940, e o editor não recusa o romance.

 
 

O remorso, para sempre
Está tudo na frase que Simone de Beauvoir foi buscar a Dostoievski para servir de epígrafe à sua segunda novela: “Todos somos responsáveis por tudo perante todos.” A ser assim, como viver com o sangue que outros derramaram? Seja em anunciadas revoluções, na guerra ou na expulsão do feto que não se deseja.