Siddhartha
Hermann Hesse



 

Badanas

Um manuscrito latino do Séc. XIV que, graças a uma tradução francesa seiscentista, faz emergir do esquecimento sete crimes consumados em sete dias, no refúgio da biblioteca de uma abadia, e um ex-inquisidor que infatigavelmente investiga aqueles crimes até descobrir a verdade. Em 1980, ninguém teria apostado um centavo no interesse que tais ingredientes romanescos (já vistos, já escutados, já desgastados pela literatura de “género”) teriam podido despertar. Porém, O Nome da Rosa alcança um sucesso sem precedentes, uma aclamação mundial que veio modificar os critérios de produção das editoras, e não apenas das italianas.

Ironia, incontestavelmente, erudição, uma perfeita contextualização histórica e um grande talento construtivo: mas o segredo deste acolhimento absolutamente inesperado não reside tanto nestes elementos em si mas na sua miraculosa dosagem, no equilíbrio, a um tempo perigoso e estável, segundo o qual infalivelmente eles se posicionam a cada momento dos acontecimentos narrados. Sob a aparência formal do romance policial, do neogótico ou do romance histórico, esconde-se provavelmente o primeiro romance italiano importante da era pós-moderna, um clássico contemporâneo que não cessa, e talvez nunca venha a cessar, de nos seduzir e maravilhar.