Vinhas da Ira
Jonh Steinbeck


 


Prémio Nobel
1962


 

Pelo Homem e com o Homem

Apesar de ter decidido aos 14 anos que seria escritor, John Steinbeck foi muitas outras coisas na vida. Nascido no fértil Vale de Salinas, na Califórnia, em 1902, começou por se dedicar à biologia marítima - uma das suas principais influências é Edward Ricketts, um professor da Universidade de Stanford que conheceu enquanto frequentava um curso que não chegaria a acabar.

Depois de abandonar a faculdade, Steinbeck teve várias profissões, indispensáveis à construção de algumas das suas mais emblemáticas personagens. Foi repórter, em Nova Iorque, e regressou à Califórnia para ser caseiro de uma propriedade no Lago Tahoe, aceitando trabalhos como servente, aprendiz de pintor e apanhador de fruta e encontrando sempre tempo para escrever.

O seu primeiro romance, "Cup of Gold" (1929), uma narrativa histórica sobre o capitão Henry Morgan, um pirata jamaicano, antecedeu aquela que, segundo os críticos, seria a sua década de criação mais produtiva. Nos anos 30, Steinbeck escreve "Tortilla Flat" (1935), "In Dubious Battle" (1936), "Ratos e Homens" (1937) ou "As Vinhas da Ira" (1939), o último valendo-lhe o Prémio Pulitzer e o National Book Award.

Na maioria das suas obras, marcadas pela paisagem e o quotidiano californianos, o autor explora as duras condições de vida das populações rurais, obrigadas a sobreviver no limiar da pobreza ou forçadas a longas e miseráveis migrações. Procurando tornar evidente que cada ser humano deve ser analisado no ambiente em que se insere, o autor dedicou-se, sobretudo, ao retrato de personagens inadaptadas ("A Leste do Paraíso", de 1952, transposto para o cinema por Elia Kazan e protagonizado por um brilhante James Dean, é um dos melhores exemplos), camponeses em busca de uma terra prometida, homens e mulheres no limite das suas forças, prestes a renunciar aos valores morais que a América proclamava.

Para alguns dos ensaístas, a obra que melhor define o seu estilo e o seu universo temático é "As Vinhas da Ira", um volume em que a consciência popular toma forma.

Aliando-se às massas e afastando-se dos círculos intelectuais e académicos, John Steinbeck foi frequentemente repudiado na América (sobretudo nos últimos anos), não merecendo a atenção de outros autores seus contemporâneos, como Hemingway ou Faulkner.

Repórter durante a Segunda Guerra Mundial, em vários cenários do conflito, viria a receber o Prémio Nobel, em 1962. No discurso de aceitação do galardão, aproveitou para reflectir sobre a importância da escrita e para reforçar a sua confiança nas capacidades do homem. "A Literatura é tão antiga como a linguagem. Nasceu da necessidade humana e só mudou na medida em que se tornou ainda mais necessária (...) O homem transformou-se no nosso maior risco e na nossa única esperança." E acrescentou, adaptando as palavras do apóstolo S. João: "No fim está a palavra, e a palavra é homem, e a palavra é com o homem." Morreu em 1968.