Este
livro deu um filme
O "Road Movie"
de John Ford
Por Marco
Vaza
Logo um mês
depois da publicação de "As Vinhas da Ira"
(1939), o produtor Darryl F. Zanuck comprou os direitos de
adaptação da obra para o cinema por 75 mil euros,
contrariando a convicção original do autor,
que pensava que nunca nenhum estúdio iria querer filmar
a história da familia Joad. "Tenho a certeza que
ninguém vai querer este livro no seu todo, e não
o vendo de outra maneira", afirmava um convicto Steinbeck.
Mas a 20th Century Fox avançou para
o projecto e escolheu John Ford
para o dirigir, um homem que já tinha
ganho um Óscar de melhor realizador com "O Denunciante"
(1935). A escolha de Ford para Tom Joad recaiu em Henry Fonda,
com quem tinha trabalhado no ano anterior em "A Grande
Esperança" (1939) e "Ouvem-se Tambores ao
Longe" (1939), e que voltaria a encontrar em "A
Paixão dos Fortes" (1946), "O Fugitivo"
(1947), "Forte Apache" (1955) e "Mister Roberts"
(1955) - que seria a última colaboração
entre os dois, já que Ford, no auge de uma discussão
durante a rodagem do filme, agrediu Fonda com um soco no queixo.
Ninguém pensava que a Hollywood dos
anos 40 iria conseguir produzir um filme realista sobre a
Grande Depressão, mas John Ford conseguiu captar a
essência da obra de Steinbeck e mostrar, de uma forma
quase documental, o impacto socio-económico da grave
crise que a América viveu na década de 30 através
da odisseia da família Joad em busca de uma vida melhor,
desde Oklahoma até à Califórnia. O filme
foi um sucesso, tanto de crítica como de público,
e nesse ano daria a John Ford o seu segundo Óscar como
melhor realizador e o prémio de melhor actriz secundária
para Jane Darwell (Ma Joad), perdendo o de melhor filme para
"Rebecca", de Alfred Hitchcock.
Apesar de ser de 1940, "As Vinhas
da Ira" esteve proibido em Portugal durante muito tempo.
A primeira exibição do filme em solo português
foi ainda antes do 25 de Abril de 1974, numa sessão
privada na embaixada norte-americana, a 10 de Janeiro de 1973.
Só a 4 de Outubro de 1979, quase 40 anos depois de
se ter estreado, é que o filme teve direito, em Portugal,
a uma exibição aberta ao público.
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