Vinhas da Ira
Jonh Steinbeck


 


Prémio Nobel
1962


 

Este livro deu um filme
O "Road Movie" de John Ford
Por Marco Vaza

Logo um mês depois da publicação de "As Vinhas da Ira" (1939), o produtor Darryl F. Zanuck comprou os direitos de adaptação da obra para o cinema por 75 mil euros, contrariando a convicção original do autor, que pensava que nunca nenhum estúdio iria querer filmar a história da familia Joad. "Tenho a certeza que ninguém vai querer este livro no seu todo, e não o vendo de outra maneira", afirmava um convicto Steinbeck.

Mas a 20th Century Fox avançou para o projecto e escolheu John Ford

para o dirigir, um homem que já tinha ganho um Óscar de melhor realizador com "O Denunciante" (1935). A escolha de Ford para Tom Joad recaiu em Henry Fonda, com quem tinha trabalhado no ano anterior em "A Grande Esperança" (1939) e "Ouvem-se Tambores ao Longe" (1939), e que voltaria a encontrar em "A Paixão dos Fortes" (1946), "O Fugitivo" (1947), "Forte Apache" (1955) e "Mister Roberts" (1955) - que seria a última colaboração entre os dois, já que Ford, no auge de uma discussão durante a rodagem do filme, agrediu Fonda com um soco no queixo.

Ninguém pensava que a Hollywood dos anos 40 iria conseguir produzir um filme realista sobre a Grande Depressão, mas John Ford conseguiu captar a essência da obra de Steinbeck e mostrar, de uma forma quase documental, o impacto socio-económico da grave crise que a América viveu na década de 30 através da odisseia da família Joad em busca de uma vida melhor, desde Oklahoma até à Califórnia. O filme foi um sucesso, tanto de crítica como de público, e nesse ano daria a John Ford o seu segundo Óscar como melhor realizador e o prémio de melhor actriz secundária para Jane Darwell (Ma Joad), perdendo o de melhor filme para "Rebecca", de Alfred Hitchcock.

Apesar de ser de 1940, "As Vinhas da Ira" esteve proibido em Portugal durante muito tempo. A primeira exibição do filme em solo português foi ainda antes do 25 de Abril de 1974, numa sessão privada na embaixada norte-americana, a 10 de Janeiro de 1973. Só a 4 de Outubro de 1979, quase 40 anos depois de se ter estreado, é que o filme teve direito, em Portugal, a uma exibição aberta ao público.