As
Vinhas da Ira, de John Steinbeck, amanhã nas bancas
Por LUCINDA
CANELAS
Tiragem de 100
mil exemplares
A Colecção Mil Folhas encontra
no romance de Steinbeck um retrato realista da América
do final dos anos 30. Uma obra feita de situações
extremas que se transformou num inquietante clássico
do século XX
Percorrendo as estradas poeirentas, entre Oklahoma
e a Califórnia, uma família de agricultores
procura, com tenacidade, uma vida melhor. Pelo caminho, longo
e sinuoso, os Joad - símbolos da coragem americana,
num período marcado por uma grave crise económica
que conduziu milhões de pessoas à fome e ao
desespero (a Grande Depressão) - encontram outros migrantes
apostados em mudar de rumo, dispostos a trocar as suas modestas
terras de cultivo, afectadas pela seca ou por chuvas intensas,
por uma promessa de futuro, por mais incerta que seja. É
neste cenário de extremos que decorre a acção
de "As Vinhas da Ira", de John Steinbeck, um dos
romances-ícone do século XX, o nono título
da Colecção Mil Folhas, já amanhã
nas bancas.
Escrita em 1939, no final de uma década
que os críticos consideram ser a mais produtiva do
autor norte-americano, a obra viu a sua importância
frequentemente comparada à do mítico romance
de Harriet Beecher Stowe, "A Cabana do Pai Tomás",
e a viagem dos Joad, em direcção a uma "terra
prometida", acabou por ganhar contornos bíblicos.
De um realismo lancinante, extremamente atento
ao pormenor, "As Vinhas da Ira" traça um
retrato perturbante da América dos anos 30/40, a partir
de uma série de personagens-tipo que vão dando
a conhecer ao leitor o que de melhor se pode revelar num ser
humano, quando exposto à pior das situações.
Neste romance, que muitos definem como o reflexo
perfeito do estilo Steinbeck - marcado por uma análise
profunda e uma crítica político-social abrangente
-, o autor reflecte sobre a desigualdade, partindo de grupos
de pessoas que, ao verem-se obrigados a empreender um longo
êxodo, acabam por evidenciar toda a sua vulnerabilidade.
"As Vinhas da Ira" não coloca apenas no centro
do debate temas como a ausência de poder, a violência
que resulta do desespero ou a ternura que se pode instalar
entre duas pessoas que à partida parecem partilhar
o mesmo destino - obra de Steinbeck volta-se, sobretudo, para
a ideia de um homem em luta por um objectivo, seja a justiça
ou uma parcela de terreno.
Neste volume, o responsável por títulos
como "A Leste do Paraíso", "A Pérola",
"A Um Deus Desconhecido" ou "O Inverno do Nosso
Descontentamento" garante o acesso a uma América
capaz da maior das desilusões e, ao mesmo tempo, da
mais estranha das entregas.
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