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Um dia para esquecer na cimeira do clima

Ricardo Garcia, 16 de Dezembro de 2009

No exterior da conferência, houve confrontos com a polícia
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Jornalistas acompanham o discurso do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, esta manhã na conferência de Copenhaga. Os líderes mundiais tentam romper o impasse, a escassas horas do encerramento do encontro. Foto: Ints Kalnins/Reuters

Vários países já disseram o que estão dispostos a fazer para combater as alterações climáticas
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Foi um dia para esquecer em Copenhaga. Um dia praticamente perdido, quando faltam apenas 48 horas para o fim da conferência da ONU que deverá definir o próximo passo internacional contra as alterações climáticas. Ao princípio da noite, as negociações estavam praticamente paradas, em consequência de entraves levantados ao longo do dia.

Logo de manhã, as notícias já não eram boas. Representantes de 192 países tinham estado reunidos a noite toda para tentar desbloquear os principais pontos de conflito para decisões centrais em Copenhaga. Mas sem resultado. Nada estava decidido sobre o essencial: novas metas de redução de emissões de CO2 para os países desenvolvidos, acções para limitar o crescimento de emissões dos países em desenvolvimento, financiamento às nações mais pobres, o futuro do Protocolo de Quioto.

Sem avanços, a presidente da conferência, a dinamarquesa Connie Hedegaard, tentou dar um passo à frente e anunciou que proporia novos textos para serem discutidos. Ao invés de progresso, a iniciativa resultou em bloqueio.

Os países em desenvolvimento ficaram furiosos. Há dois anos, desde a conferência climática de Bali, as negociações vêm seguindo duas vias paralelas. De um lado, todos os países, sem excepção, discutem o que fazer no médio e longo prazo. De outro, os países do Protocolo de Quioto – todos, menos os Estados Unidos – discutem o que fazer depois de 2012, quando expira o seu primeiro prazo de cumprimento.

Dois grupos de trabalho deveriam chegar a conclusões separadas e apresentarem-nas em Copenhaga, para decisão dos governos. Mas, sem consenso interno em cada um, a presidência dinamarquesa da conferência resolveu partir para novos textos.

Antes do início dos discursos dos chefes de Estado e de governo que já estão em Copenhaga, os países em desenvolvimento lançaram violentas críticas à forma como o processo estava a ser conduzido. b>



"Agenda secreta" temida pela China"

Representantes do Brasil, China, Índia, África do Sul, Bolívia e Sudão argumentaram que as negociações deviam continuar com os textos que têm vindo a ser discutidos desde o princípio da conferência. A China mencionou o temor de que uma nova proposta tenha uma “agenda secreta”. A representante da Bolívia classificou a situação de “inaceitável” e o Sudão disse que não discutiria um texto “vindo do nada”.

Já nos discursos, o chefe da delegação do Sudão, Nafie Ali Nafie, falando em nome do grupo G77-China – que representa os países em desenvolvimento – alargou as críticas, dizendo que o processo negocial era confuso e destinava-se a minar o Protocolo de Quioto. “Opor-nos-emos a qualquer acordo que que torne o Protocolo de Quioto inútil ou redundante”, afirmou.

Desde o princípio da cimeira de Copenhaga que os países em desenvolvimento desconfiam da presidência dinamarquesa do evento, temendo que as propostas sejam um reflexo do que a UE deseja como resultado.

Connie Hedegaard deixou a presidência do evento ontem, passando-a para o primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen. O argumento foi o de que seria o mais sensato nessa altura, em que a conferência transforma-se numa cimeira de líderes.

Representantes da UE, de Durão Barroso à ministra portuguesa do Ambiente, Dulce Pássaro, disseram que a substituição de Connie Hedegaard estava já prevista. “Ela fez uma boa condução do processo”, disse a ministra.

Já o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, disse que a UE, dadas as suas propostas de redução de emissões, de financiamento e de defesa dos princípios de Quioto, não tem qualquer responsabilidade no bloqueio das negociações. “O problema não é a UE nesta cimeira”, afirmou.

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, por sua vez, mostrou-se ao mesmo tempo desiludido e confiante. “Francamente, estou um bocado desiludido com o pouco progresso até aqui”, disse a jornalistas portugueses na capital dinamarquesa, acrescentando porém: “A minha experiência é a de que há um certo drama e que é na parte final que se chega a um acordo”.

O principal sinal novo ontem foi uma proposta de financiamento aos países pobres, apresentando pelo primeiro-ministro da Etiópia, Meles Zenawi, em nome das nações africanas. A proposta contempla o já praticamente acordado montante inicial de 10 mil milhões de dólares (6,9 mil milhões de euros) anuais entre 2010 e 2012. Deste montante, 40 por cento deveria ser reservado para os países africanos. O dinheiro seria gerido pelo Banco Africano de Desenvolvimento.

Para o médio prazo, a proposta da Etiópia fixa em 50 mil milhões de dólares por ano (34 mil milhões de euros) os investimentos a partir de 2015 de 100 mil milhões de dólares anuais (69 mil milhões de euros) a partir de 2020.

O dinheiro deverá provir de “mecanismos criativos de financiamento”, sem nenhuma excepção à partida. A proposta da Etiópia agradou à União Eurpeia.

Hoje, a cimeira entra numa fase decisiva, com a presença de grande parte dos 130 líderes mundiais que decidirão ou não os contornos de um novo tratado climático global.




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