A polícia dinamarquesa deteve na noite de ontem para hoje pelo menos 210 activistas no bairro de Christiania, comuna situada em Copenhaga com perto de mil residentes e junto à qual grupos de anarquistas tinham erguido barricadas de fogo, num aparente protesto ao “impasse” nas negociações da cimeira do clima.
Várias unidades policiais entraram em força na chamada “cidade livre” pouco antes da meia-noite (hora local), assistidas por cães, e interpelaram “no total umas 210 pessoas, num bar e nas ruas circundantes", precisou o porta-voz da polícia da capital dinamarquesa, Henrik Suhr, citado pela agência noticiosa francesa AFP. “Entrámos no bairro em perseguição de indivíduos que ali se tinham refugiado depois de nos atirarem bombas incendiárias e terem ateado fogo nas ruas”, avançou a mesma fonte.
Esta intervenção aconteceu depois de, ao final da noite de ontem, vários activistas terem lançado
cocktails molotov contra os agentes da polícia e bombeiros que tentavam apagar os fogos nas barricadas improvisadas com caixotes do lixo e outro material inflamável à entrada de Christiania. Foi igualmente utilizado gás lacrimogéneo para dispersar os activistas.
Várias centenas de militantes ambientais participaram ontem numa enorme festa em Christiania, antigo bairro militar de Copenhaga que foi ocupado no início da década de 1970 por comunidades
hippies e vive deste então acumulando polémica atrás de polémica, com a polícia a categorizá-lo como “o maior santuário de marginais na Europa”. O bairro goza de um estatuto especial perante a lei desde 1989 – e ali foi tolerada a venda e consumo de
cannabis até há pouco menos de cinco anos – estando a comuna sob a supervisão do Estado central e não das autoridades locais.
Testemunhas ouvidas pelo canal de televisão dinamarquês TV2 News deram conta que os agentes bloquearam todas as entradas e saídas de Christiania e que entraram numa das tendas montadas para a festa, tendo ali lançado gás lacrimogéneo para forçar os convivas a abandonarem o local. Nenhuma dessas testemunhas desmentiu que o bairro estava rodeado de barricadas de fogo.
Os detidos foram prontamente levados para autocarros da polícia e conduzidos ao centro especial de detenção que as autoridades estabeleceram em Copenhaga durante a realização da cimeira mundial do clima, que termina sexta-feira.
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