O primeiro esboço oficial do novo plano global de luta contra as alterações climáticas salienta que a temperatura do planeta não deve aumentar mais do que 1,5 a 2ºC, segundo um documento a que a AFP teve acesso na conferência de Copenhaga.
"As partes devem cooperar para evitar uma mudança climática perigosa (...), reconhecendo que o aumento da temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais não deve ultrapassar (2ºC) (1,5ºC)", pode ler-se neste documento de sete páginas, emitido às 08h30 de hoje, e que servirá de base às negociações.
O G8 e as principais economias do planeta chegaram a acordo, em Julho, na localidade italiana de L'Aquila (Itália), para um limite do aumento da temperatura a 2ºC, para lá do qual as consequências para o planeta seriam perigosas.
Mas os pequenos Estados insulares têm vindo a insistir que essa meta é perigosa. Durante a conferência de Copenhaga, estes países reforçaram os alertas, lembrando a ameaça real da subida do nível da água dos oceanos. A meta dos 1,5ºC é defendida por cem países.
Os representantes do Grupo Africano na conferência de Copenhaga declararam esta manhã em conferência de imprensa que a meta dos 2ºC não é suficiente porque, um aumento de 2ºC em todo o planeta traduz-se em mais de 3ºC no continente africano. "Precisamos de mais para garantir a sobrevivência do povo africano", declarou um dos representantes, em resposta às questões dos jornalistas.
Ontem à tarde, em Copenhaga, Yvo de Boer, secretário da ONU para as Alterações Climáticas, fez o ponto de situação dos trabalhos e reconheceu que, "teoricamente, é possível aceitar" a meta dos 1,5ºC. Mas notou que muitas nações industrializadas querem estabelecer como meta os 2ºC. "Vamos ver se podemos chegar a um consenso", disse.
Reduções até 2050 poderão ser 50/85/95 por centoPara atingir este objectivo dos 1,5ºC, as emissões mundiais deverão diminuir muito até 2050 em relação a 1990, deixando em aberto três opções: menos 50 por cento, menos 85 por cento ou menos 95 por cento. As partes devem garantir que as emissões continuem a diminuir depois dessa data.
O esboço indica que os países industrializados, enquanto grupo, deverão reduzir as suas emissões, até 2050, "em 75 a 85 por cento", "em pelo menos 80 a 95 por cento" ou "em mais de 95 por cento".
Já para 2020, a meta para estas nações deverá ser uma redução em média de, pelo menos 25 a 40 por cento, podendo chegar aos 45 por cento em 2020, a níveis de 1990.
De acordo com este esboço, os compromissos dos Estados Unidos – que se recusaram a ratificar o Protocolo de Quioto – estarão listados num anexo do acordo, mas esta parte ainda está incompleta.
Quanto aos países em desenvolvimento, o documento considera que estes devem fazer um "desvio substancial" para abrandar o aumento das suas emissões em 2020, ou para abrandar o aumento em 15 a 30 por cento abaixo dos níveis previstos para 2020.
O texto estipula a definição de um segundo período de compromissos para o Protocolo de Quioto (datado de 1997, mas que demorou oito anos para entrar em vigor), que irá de 2013 a 2020. Quioto – que impõe uma redução de emissões aos países industrializados, tem um período de cumprimento de 2008 a 2012.
Sobre a questão dos financiamentos, o texto prevê um mecanismo imediato ("fast start") para 2010-2012, mas é muito vago sobre a estrutura – e não faz referência a qualquer montante – dos fundos climáticos a longo prazo.
Yvo de Boer disse que os delegados estão ainda a analisar que financiamento será necessário, a longo prazo, para adaptação e mitigação. Agora a prioridade é para o financiamento a curto prazo, para "permitir que a acção possa começar no próprio dia em que a conferência de Copenhaga terminar", ou seja, a 18 de Dezembro.
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