A União Europeia (UE) abandonou por agora a possibilidade de melhorar o seu compromisso de redução das emissões responsáveis pelo aquecimento global por considerar que as ofertas dos outros países desenvolvidos, sobretudo os Estados Unidos, são insuficientes.
Esta questão vai estar no centro dos debates dos líderes da UE durante uma cimeira de dois dias, que deverá igualmente tentar um acordo sobre uma ajuda financeira de 2 mil milhões de euros anuais durante três anos para os países mais pobres enfrentarem as consequências das alterações climáticas.
"Pensamos que os compromissos assumidos pelos EUA não são comparáveis aos esforços da União Europeia, e pensamos que ainda não chegou o momento de aumentar o nosso esforço de redução [das emissões de CO2] para 30 por cento", anunciou Fredrik Reinfeldt, primeiro-ministro da Suécia, que preside actualmente à UE.
Desta forma, os líderes deverão limitar-se a relembrar o compromisso que assumiram há mais de um ano de reduzir as emissões de 20 por cento em 2020 face aos níveis de 1990, e reiterar a sua disponibilidade para aumentar esta meta para 30 por cento se os restantes países desenvolvidos assumirem esforços comparáveis.
Países como a Suécia, Dinamarca, Reino Unido, Alemanha, Holanda ou Bélgica, fortemente apoiados pela Comissão Europeia e pelo Parlamento Europeu, gostariam de assumir desde já este objectivo esperando com isso pressionar os parceiros a melhorar os seus compromissos em Copenhaga. Os países de Leste, sobretudo, recusam, no entanto, avançar desde já, considerando que as condições ainda não estão reunidas.
A Comissão Europeia, que está a passar a pente fino as contribuições anunciadas em Copenhaga, confirma que o esforço dos países desenvolvidos, UE incluída, se limitam por enquanto a reduções de 13,3 por cento em 2020 face aos níveis de 1990. Isto quando, de acordo com os cientistas, o objectivo de limitar o aquecimento global a 2 graus centígrados pressupõe que os países desenvolvidos reduzam as suas emissões entre 25 e 40 por cento.
Uns ajudam, outros nãoEm contrapartida, a cimeira deverá permitir um acordo sobre o valor da ajuda financeira imediata aos países mais vulneráveis entre 2010 e 2012, o que corresponde ao período até ao fim da vigência do Protocolo de Quioto, e antes do possível acordo de Copenhaga entrar em funcionamento em 2013. De acordo com as estimativas da Comissão Europeia, serão necessários entre 5 e 7 milhões de euros por ano para apoiar os investimentos "verdes" destes países.
A presidência sueca da UE está a tentar obter um compromisso em torno de 2 mil milhões de euros anuais, com base em contribuições voluntárias dos Estados-membros. Este valor é considerado excessivamente ambicioso por vários países, sobretudo os de Leste.
O Reino Unido e a Suécia já anunciaram uma contribuição: Londres ofereceu perto de 900 milhões de euros ao longo dos três anos e Estocolmo 768 milhões. Outros países, incluindo Portugal, deverão anunciar hoje a sua contribuição, embora a Alemanha hesite: "Não vamos passar um cheque em branco para deixar os outros fugir às suas responsabilidades", afirmou recentemente o ministro dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle.
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