Os efeitos da divulgação, há duas semanas, de emails de cientistas pirateados e publicados na Internet, sentiram-se hoje na cerimónia de abertura da conferência de Copenhaga.
O secretário-geral do Painel Intergovernamental da ONU para as Alterações Climáticas (IPCC), Rajendra Pachauri, defendeu que o caso “climategate” é apenas uma tentativa de descredibilização da comunidade científica.
Pachauri lembrou que as conclusões a que o IPCC chegou em 2007 – segundo as quais existem 90 por cento de certezas de que os humanos são responsáveis pelo aquecimento do planeta - foram “submetidas a avaliações extensas e repetidas por peritos e governos”.
O “roubo de emails de cientistas mostra que alguns vão até ao ponto de cometer actos ilegais, talvez numa tentativa de descredibilizar o IPCC”, comentou. “Tendo em conta a dimensão económica em causa, é provável que alguns achem inconveniente aceitar a inevitabilidade” da acção.
Ainda que não se conheçam responsáveis, o escândalo está instalado em Copenhaga. A Arábia Saudita considera que o “nível de confiança” na ciência climática foi afectado. “O ´climategate’ vai afectar a natureza daquilo em que poderemos acreditar (...) e as orientações que serão tomadas nos próximos dias”, disse o chefe da delegação saudita, Mohammed al-Sabban, cujo país é o maior exportador de petróleo do mundo. Jonathan Pershing, chefe da delegação norte-americana, vê nesta tempestade um “incidente oportunista”. “Existem muitos dados estabelecidos e todos convergem para o mesmo tipo de alterações e prejuízos importantes”.
Os emails internos dos cientistas da Unidade de Investigação Climática da Universidade de East Anglia foram pirateados por hackers e publicados na Internet a 20 de Novembro. Alguns dos emails sugerem que os cientistas terão manipulado dados ou tentado evitar a divulgação de informações a favor dos chamados “cépticos”, que contestam o papel dos seres humanos nas alterações climáticas.
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