"Os segredos de um amor em tempo de guerra"

Nesta obra-prima de Michael Curtiz vive-se a nostalgia de uma paixao interrompida pela invasao nazi, com um par romântico que, na realidade, nao se dava assim tao bem. Mas, afinal, o que faz de "Casablanca" o filme mais adorado de todos os tempos? Por Rui Pedro Vieira

O ROMANCE

Rick Blaine (Humphrey Bogart) e Ilsa Lund (Ingrid Bergman). Dois seres perdidos em recordaçoes, relembrando os dias em que viveram uma paixao em Paris. As imagens desse tempo surgem em "flashback" e o que se pressente em "Casablanca" é a nostalgia de algo que ficou por concretizar - Ilsa escapa ao amor porque tempos difíceis se aproximam, deixando Rick a espera, numa estaçao de comboios. Casada com Victor (Paul Henreid), um líder da Resistencia, percebe que o marido está em maus lençóis, quando as suspeitas e as delaçoes proliferam nos tempos amargos da Segunda Guerra Mundial. A acçao decorre agora na exótica Casablanca, um ponto estratégico para fugir a repressao, e é nessa mesma cidade que Rick tenta refazer a vida ao abrir um clube nocturno. Quando menos espera, Ilsa entra de rompante na sua vida, mas desta vez para pedir ajuda na fuga do marido para os Estados Unidos. O desenlace permanece incerto mas os dois protagonistas sabem que, independentemente do que acontecer, "haverá sempre Paris".


"Casablanca"

Humphrey Bogart e Ingrid Bergman vivem a história de amor mais famosa do cinema

Um elenco perfeito, com Humphrey Bogart pela primeira vez na pele de um herói romântico de coraçao despedaçado por Ingrid Bergman, e uma paisagem exótica do Norte de África a contrastar com um clima de guerra. "Casablanca" (1942) tornouse na mais lendária das histórias de amor, um poema em forma de filme que se revelou numa fonte de referencias dramáticas.

A indústria de Hollywood ficou surpreendida ao perceber que até um projecto de custos reduzidos e alvo de uma produçao atribulada, com as filmagens a começarem quando o argumento ainda nao estava completo, se podia tornar no mais amado dos melodramas, em que cada cena, cada diálogo e até uma simples melodia ("As time goes by") figuram no álbum das grandes recordaçoes do cinema clássico. O realizador Michael Curtiz criou uma obra nebulosa, densamente marcada pela nostalgia e pelo desejo de concretizar algo impossível: a paixao entre Rick (Bogart) e Ilsa (Bergman), que nunca esqueceram os dias que passaram em Paris. O romance foi intenso, mas conheceu um desfecho abrupto e é na mais carismática cidade de Marrocos que esse passado arrebatador, mal resolvido, volta para ensombrar os protagonistas. 


"Casablanca"de Michael Curtiz, 1942

"Casablanca" passa-se em plena Segunda Guerra Mundial, com a cidade mais carismática de Marrocos a servir de porto para iniciar a fuga com destino a América, a terra prometida. Rick (Humphrey Bogart), dono de um "nightclub", nunca esqueceu a história de amor, terminada abruptamente, que viveu com Ilsa (Ingrid Bergman) em Paris.

 
"O Mundo a Seus Pés"
DE ORSON WELLES

"Um clássico que revolucionou a indústria artística, nos seus reflexos de testemunho e de onirismo. A partir dele, nada se adiantou - sobre os desígnios do poder, a influencia dos meios de comunicaçao, a vagabundagem visionária, os mistérios e os fantasmas da infância..."
"As Duas Feras"
DE HOWARD HAWKS

"O exemplo perfeito das 'screwball comedies', num requinte de ambiguidades morais e sexuais. Um prodígio quanto a narrativa e ao diálogo, ao tempo de acçao, aos efeitos de surpresa, ao absurdo dos artifícios, ao carisma extravagante dos intérpretes."
"Os Dominadores"
DE JOHN FORD

"Uma vibrante celebraçao da saga 'western', tendo John Wayne num dos seus mais formidáveis desempenhos, com a fenomenal reavaliaçao de Ford, em que ao envolvimento de massas se recorta, afinal, o vulto solitário dos protagonistas."
"King Kong"
DE MERIAN C. COOPER E
ERNEST B. SCHOEDSACK


"Épico do terror-fantástico, e um dos clássicos primordiais de culto, mantém um sortilégio essencial: em magia, exotismo, aventura, 'suspense', pulsao erótica em que se transcende o mito entre a bela e o monstro. Eis o espectáculo virtual por excelencia."