"A bela e o monstro"

"King Kong" chega hoje a colecçao de DVD Clássicos Público. Uma aventura colossal que conquistou toda a gente, deixando na memória a célebre sequencia em que o gorila gigante trepa até ao topo do Empire State Building de Nova Iorque. Para trás, fica a rodagem conduzida por um realizador megalómano e uma odisseia passada na floresta, onde animais pré-históricos ganham vida.

 

A OPINIÃO

"'King Kong' mantém um sortilégio essencial: em magia, exotismo, aventura, 'suspense', pulsao erótica em que se transcende o mito entre a bela e o monstro. Eis o espectáculo visual por excelencia" JOSÉ DE MATOS-CRUZ, Historiador de Cinema

 

Um gorila gigante, uma mulher desesperada e uma indústria de cinema surpreendida com uma fábula visionária que é também uma estranha história de amor. Depois de "King Kong", tudo se tornou possível na imaginaçao fértil de Hollywood

Quando a indústria de cinema ainda lutava contra os efeitos devastadores do "crash" financeiro de 1929, o realizador de documentários Merian C. Cooper teve a ideia de criar "a mais recente aventura". Chamou ao seu escritório uma actriz habituada a participar em filmes de terror e disse-lhe que iria contracenar com "o actor mais alto e mais moreno de Hollywood".


A grande aventura de "King Kong",

Neste clássico assombroso, que deu a conhecer ao mundo um gorila gigante, a rodagem de um filme exótico transforma-se numa perseguiçao até ao topo do Empire State Building

O nome escolhido pelo realizador Merian C. Cooper foi o de "Kong", que quer dizer gorila em malaio. Contudo, os produtores consideravam o termo demasiado oriental e redutor perante a grandiosi-dade de um protagonista peludo e assustador. Para popularizar a lendária perso-nagem, acrescentou-se o adjectivo de "King" e o resultado foi o maior exito cinematográfico até a data da sua estreia, em 1933.

"King Kong" foi um investimento luxuoso para uma época de contençao e acabou por salvar o estúdio RKO Pictures da bancarrota. A fórmula deste sucesso, demasiado arrojado para a linha tradicional dos filmes de Hollywood, deveu-se a combinaçao de géneros narrativos (onde há espaço para a acçao, o terror, a fantasia e o romance) e aos efeitos visuais únicos, capazes de dar movimento a criaturas pré-históricas.


"King Kong" de M. C. Cooper e E. B. Schoedsack, 1933

Um realizador, em busca de um novo exito, viaja até uma ilha misteriosa para rodar um filme. Na sua equipa, leva a actriz Ann Darrow que, no local, é raptada por nativos e entregue a um gigantesco gorila - o mais famoso do cinema. "King Kong" é um épico fantástico onde o exotismo das imagens se combina com efeitos especiais surpreendentes para a década de 30. A cena em que o gorila trepa até ao topo do Empire State Building, levando na mao a desesperada Ann Darrow (Fay Wray), tornou-se num dos momentos mágicos do cinema clássico.

 
"O Mundo a Seus Pés"
DE ORSON WELLES

"Um clássico que revolucionou a indústria artística, nos seus reflexos de testemunho e de onirismo. A partir dele, nada se adiantou - sobre os desígnios do poder, a influencia dos meios de comunicaçao, a vagabundagem visionária, os mistérios e os fantasmas da infância..."
"As Duas Feras"
DE HOWARD HAWKS

"O exemplo perfeito das 'screwball comedies', num requinte de ambiguidades morais e sexuais. Um prodígio quanto a narrativa e ao diálogo, ao tempo de acçao, aos efeitos de surpresa, ao absurdo dos artifícios, ao carisma extravagante dos intérpretes."
"Os Dominadores"
DE JOHN FORD

"Uma vibrante celebraçao da saga 'western', tendo John Wayne num dos seus mais formidáveis desempenhos, com a fenomenal reavaliaçao de Ford, em que ao envolvimento de massas se recorta, afinal, o vulto solitário dos protagonistas."
"King Kong"
DE MERIAN C. COOPER E
ERNEST B. SCHOEDSACK


"Épico do terror-fantástico, e um dos clássicos primordiais de culto, mantém um sortilégio essencial: em magia, exotismo, aventura, 'suspense', pulsao erótica em que se transcende o mito entre a bela e o monstro. Eis o espectáculo virtual por excelencia."