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"Um
romance como nos filmes"
Gene
Kelly e Debbie Reynolds descobrem o amor por entre coreografias
exuberantes e uma sátira às transformações técnicas e artísticas
da sétima arte. "Serenata à Chuva" é considerado
um dos mais belos musicais de todos os tempos. Por Rui Pedro Vieira
O
ROMANCE
A evolução do cinema vista
pelo próprio cinema. O filme "Serenata à Chuva/Singin'
in the Rain" (1952) não é só um dos musicais mais adorados de
todos os tempos, como também procura satirizar as potencialidades
da sétima arte enquanto território exemplar de entretenimento.
Gene Kelly é o bailarino de serviço e o protagonista da célebre
sequência romântica, passada numa noite chuvosa, em que a sua
personagem, o actor Don Lockwood, esquece o guarda-chuva e pisa
as poças de água propositadamente, enquanto canta o refrão da
música que dá título ao filme. O segredo do sucesso de "Serenata
à Chuva" - que foi ignorado pela crítica da sua época - está ligado
à magia e ao espectáculo harmonioso dos números musicais
que Hollywood aceitou produzir no início dos anos 50. A opção
dispendiosa, que exigia um vasto grupo de bailarinos, guarda-roupa
colorido e cenários exuberantes, era uma resposta à invenção
e consequente popularidade da televisão. O protagonista Gene Kelly
e o realizador Stanley Donen partilharam a direcção de um projecto
que pretendia combinar a história de amor tradicional com uma
reflexão sobre "o admirável mundo novo" dos filmes sonoros e o
lado sufocante da fama. Quando os argumentistas Betty Comden e
Adolph Green começaram a delinear a história, tinham como ponto
de partida algumas canções de musicais antigos do estúdio Metro-Goldwyn-Mayer
(MGM) e uma paixão comum pelo cinema clássico e por alguns espectáculos
da Broadway. A solução foi criar um filme que falasse de outros
filmes e um musical que falasse de música. Mais do que obra pedagógica,
"Serenata à Chuva" é uma diversão irrepreensível que condensa,
em pouco mais de hora e meia, tudo o que de melhor as primeiras
décadas do cinema conseguiram oferecer.
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"Serenata
à Chuva"de Stanley Donen e Gene Kelly, 1952
No final da década de
40, com a invenção e a consequente popularidade da
televisão, a sétima arte procurou novas fórmulas
para evitar o declínio do número de espectadores.
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"O Mundo a Seus Pés"
DE ORSON WELLES
"Um clássico que revolucionou a indústria artística, nos seus reflexos de testemunho e de onirismo. A partir dele, nada se adiantou - sobre os desígnios do poder, a influencia dos meios de comunicaçao, a vagabundagem visionária, os mistérios e os fantasmas da infância..." |
"As Duas Feras"
DE HOWARD HAWKS
"O exemplo perfeito das 'screwball comedies', num requinte de ambiguidades morais e sexuais. Um prodígio quanto a narrativa e ao diálogo, ao tempo de acçao, aos efeitos de surpresa, ao absurdo dos artifícios, ao carisma extravagante dos intérpretes." |
"Os Dominadores"
DE JOHN FORD
"Uma vibrante celebraçao da saga 'western', tendo John Wayne num dos seus mais formidáveis desempenhos, com a fenomenal reavaliaçao de Ford, em que ao envolvimento de massas se recorta, afinal, o vulto solitário dos protagonistas." |
"King Kong"
DE MERIAN C. COOPER E
ERNEST B. SCHOEDSACK
"Épico do terror-fantástico, e um dos clássicos primordiais de culto, mantém um sortilégio essencial: em magia, exotismo, aventura, 'suspense', pulsao erótica em que se transcende o mito entre a bela e o monstro. Eis o espectáculo virtual por excelencia."
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