O Cheiro da Noite", de Andrea Camilleri
Não há nada mais óbvio do que escrever bons romances policiais no país da mafia e que mais simboliza a gestão implacável de tudo o que é razão de Estado na segunda metade do século XX. O "giallo" , nome que se popularizou na linguagem literária italiana com a famosa série de romances policiais de capa amarela da Mondadori, tem conhecido nos últimos anos uma fase de verdadeira explosão de livros e autores, de que Andrea Camilleri é o verdadeiro chefe de fila. (TEXTO)


   

O Inverno do comissário Montalbano
Neste “O Cheiro da Noite”, aparece um Salvo Montalbano atípico. O Inverno antecipado perturba a placidez siciliana do comissário vivida numa casa virada para a praia e para o mar. A idade vai dando cabo de uma proverbial boa disposição e agravando as incertezas de um amor demasiado vivido à distância com a sua Lívia, apesar de tudo, omnipresente. Desta vez, uma desafortunada camisola de malha, oferecida com toda ternura que uma mulher pode depositar num objecto trabalhado ou escolhido como se fosse a coisa mais importante do mundo, condensa o simbolismo de um amor vulnerabilizado pelos pequenos sinais que uma vida solitária vai dando. (TEXTO)


      “Comecei a escrever muito cedo: aos vinte anos ‘publicaram-me’ numa antologia de poetas escolhidos pelo Ungaretti. Escrevia também pequenos contos, em italiano. Mas no momento em que tentei escrever coisas mais complexas não consegui: a partir da sexta página aquilo deixava de soar bem, as coisas perdiam o nexo, não era a minha voz.”

    
   

 
Andrea Camilleri
 
  Andrea Camilleri nasceu em Porto Empedocle, na Sicília, Itália, em 1925. “O Cheiro da Noite” foi publicado em 2001.
   
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