“O Amante de Lady Chatterley”
Violentamente criticado na época em que surgiu, é o último e o mais célebre romance do autor britânico.

O quotidiano de Constance Chatterley, Lady pelo casamento com Sir Clifford, não era particularmente excitante — isolada na enorme propriedade de Wraby e com um marido paraplégico, Constance, outrora uma rapariga enérgica de faces coradas, sentia crescer nela uma insatisfação fatigada, tornando-a indiferente ao pequeno mundo que a rodeava, perante a sonolenta lentidão com que se arrastavam os dias e as horas.

Até que, num habitual passeio pelo bosque, conhece Olivier Mellors, ex-tenente do exército britânico da Índia e caseiro da propriedade de Clifford. É este homem rebelde, insolente, que frequentemente fala em dialecto para marcar a distância em relação à classe senhorial, que desperta Constance para a plenitude dos seus desejos e sensações. Os seus sucessivos encontros sexuais — que Lawrence descreve de forma explícita mas simultaneamente terna — fazem nascer uma paixão incontrolável, feroz, ardente, que se transforma num grande amor.

O livro poderia viver apenas desta sensualidade da relação entre Constance e Mellors, mas as suas páginas abrem-se a uma infinidade de leituras.

“O Amante de Lady Chatterley” é também um olhar sobre a Inglaterra do tempo de D.H. Lawrence, país industrializado, poderoso e cinzento, no qual as barreiras entre a aristocracia e as camadas trabalhadoras dificilmente são transpostas.

O romance, o último e o mais célebre do autor, não escapou às acusações de obscenidade e pornografia, na altura em que foi publicado. Talvez em resposta às críticas que lhe foram feitas, Lawrence escreve no prefácio: “Apesar de tudo o que se poderá dizer, declaro que este romance é um livro honesto, são e necessário aos homens de hoje (...). Que as pessoas sem espírito continuem a escandalizar-se: elas não contam. As pessoas de espírito apercebem-se que não estão escandalizadas, que, no fundo, nunca o estiveram. E experimentam uma sensação de alívio."