Se isto é um homem
Primo Levi



 

Tiragem de 100 mil exemplares
"Se Isto É Um Homem", de Primo Levi
Por Teresa de Sousa

Uma lancinante interrogação sobre a natureza humana e um testemunho inesquecível sobre o mal absoluto, escrita por um dos raros sobreviventes de Auschwitz.

"A nossa sabedoria era não procurar entender, não pré-figurar o futuro, não nos atormentarmos acerca de como e de quando tudo acabaria: não fazer perguntas aos outros nem a nós próprios." Nesta altura, já Primo Levi, judeu italiano, químico de profissão, era um veterano do campo de Auschwitz, onde chegou no início de 1944. Sobreviveu para regressar a Turim, a sua cidade-natal, e escrever um dos mais extraordinários e comoventes testemunhos dos campos de extermínio nazis e dedicar o resto da sua vida à procura incessante da resposta à pergunta essencial de Auschwitz: "O que é um homem?"

Não pense, pois, o leitor que o livro que estará nas bancas amanhã, o número 15 da Colecção Mil Folhas, é apenas mais um livro sobre o Holocausto. É mais um livro sobre o Holocausto mas é sobretudo uma reflexão serena e comovente sobre a condição humana. O que resta de um homem quando todas as condições da existência humana lhe são subtraídas?

Primo Levi permaneceu 11 meses em Auschwitz e sobreviveu ao campo de extermínio do qual não estava previsto ninguém sobreviver. Graças à sorte, aos seus conhecimentos de química e à generosidade de um trabalhador italiano que não era judeu e que lhe conseguiu fazer chegar, durante algum tempo, um suplemento de sopa.

Primo Levi, cujo nome figura ao lado de Cesare Pavese e Italo Calvino entre a geração imortal de escritores italianos do pós-guerra, nasceu em Turim, em 1919, no seio de uma família da classe média. Formou-se em Química pela Universidade de Turim, um ano depois da Itália ter entrado na guerra ao lado de Hitler.

Em 1943, quando as tropas nazis invadiram o Norte de Itália depois do colapso do regime de Mussolini, alistou-se num grupo de "partigiani". Foi preso a 13 de Dezembro de 1943 e entregue aos alemães dois meses depois. Enfiaram-no numa carruagem de um comboio de gado para a viagem de cinco dias que o levaria até um sítio de que nunca antes ouvira falar: Auschwitz. Com ele partiram 650 judeus italianos, dos quais sobreviveram 24.

"Este livro nada acrescenta, no que diz respeito ao pormenores atrozes, a quanto já é do conhecimento dos leitores sobre o tema inquietante dos campos de extermínio. Ele não foi escrito com o objectivo de formular novas acusações; servirá, talvez, mais para fornecer documentos para um estudo sereno de alguns aspectos da alma humana", escreve o autor no prefácio da obra escrita apenas um ano antes de ter sido libertado pelo exército vermelho.