"Sinais
de Fogo", na Série Y
Por Carlos Câmara Leme
Um romance de poesia em bruto
Publicado postumamente, longo, inacabado, "Sinais
de Fogo" é um dos mais portentosos romances portugueses
da segunda metade do século XX. Não há que
ter medo das palavras: estamos perante uma absoluta obra-prima.
A intriga do livro conta-se em poucas palavras. Um jovem estudante
nascido no seio da média burguesia lisboeta dos anos 30,
Jorge (quem ler "Sinais de Fogo" autobiograficamente passará
ao lado da essência do romance), depois das traquinices próprias
da adolescência com os seus colegas de estudos, vai, como
era habitual, passar as suas férias de Verão à
Figueira da Foz. A Figueira - com "diversas Figueiras pequeninas",
"umas latentes no fundo do ser, outras evidentes" e em
que "em cada uma delas é possível amar-se uma
pessoa, por razões próprias deste mundo" - é
o espaço geográfico central do livro, que regressará,
mais tarde, à capital.
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